Os Pets e a Saúde Pública

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Mais uma vez, o dr, Marcos Abel Domingues nos brinda com essa muito bem elaborada matéria sobre a relação atual entre homens e animais.

“Tem se tornado cada vez mais frequente, atualmente, um aumento do inter-relacionamento de animais e dos seres humanos. Viu-se um crescimento vertiginoso da indústria pet e dos comércios a eles relacionados. A mulher nestes novos tempos vem ocupando ainda mais o mercado de trabalho concomitante à de mãe, esposa e responsável pelo sustento familiar. Neste contexto vemos uma tendência de queda de redução de filhos componentes do núcleo familiar. Por outro lado, as famílias tendem a buscar nos pets uma oportunidade de companhia ou até de alternativa de segurança domiciliar.
Porque as pessoas se apegam cada vez mais aos pets nestes novos tempos?
Atualmente verificou-se uma corrida das pessoas aos consultórios de psicologia, entre outros, na busca de resolução de conflitos ocasionados pelo desenvolvimento globalizado sempre exigente e conectado por respostas rápidas às demandas socioeconômicas e culturais. Ao mesmo tempo verificou-se uma presença cada vez mais constante dos pets nas residências. Será que os pets podem estar preenchendo um espaço da dificuldade do relacionamento entre os homens? O fato é que cães e gatos se constituem naqueles pets domiciliados predominantes, porém nesse segmento vemos despontar outras espécies alternativas como hamsters, coelhos, calopsitas, entre muitos outros. Não raro vemos também algumas pessoas também constituir em seus lares um número elevado de animais!

A presença dos pets dentro das residências pode ser considerada fonte de enfermidades ou de agravos à saúde pública?
Não raro, observamos depoimentos de pessoas que disseram ter doado ou até abandonaram seus animais por aconselhamento médico face aos possíveis agravos relacionados à saúde pública por seus pêlos, dejetos e proximidade acarretando zoonoses ou até mesmo doenças alérgicas.
O que podemos afirmar na verdade é que os animais, no contexto da saúde familiar, são verdadeiros membros e assim deve ser proporcionado a eles o sentido mais amplo da saúde. As fêmeas quando prenhes devem ter pré-natal, as crias devem receber o colostro integral e as vacinas; devem ser realizadas as consultas regulares ao médico veterinário e que com este sejam feitas as vacinas e controle de parasitas recomendadas a cada espécie.
Proporcioná-los Bem-Estar é também um compromisso de adaptação ao espaço, aquecimento, atenção física e emocional, tudo isto inerentes à(s) espécie(s) envolvida(s).
Não menos importante está a higiene individual dos animais e do ambiente que ocupam. Esta necessidade de higienização aumenta significativamente na proporção direta à quantidade de animais residentes e às características individuais dos animais; Animais de pêlo longo têm necessidade de banho e tosa frequente; Aqueles de porte grande eliminam mais excretas (fezes e urina); Machos não castrados tendem a demarcar território com suas fezes e urina. Poeiras, dejetos e pelos de animais, quando isentos de limpeza, são apenas elementos consequentes ao manejo inadequado, posse e guarda irresponsável de animais. Assim quanto maior a sujeira e a exposição maiores os problemas à saúde animal e à saúde pública. Quanto às pessoas alérgicas é preciso que sejam avaliadas por médicos especialistas que identifiquem a verdadeira causa e se possível o estabelecimento de medidas profiláticas e terapêuticas que, sustentadas no exercício da saúde, bem-estar, posse e guarda responsável animal possibilitem uma interação saudável homem-animal.
Por outro lado, nos centros urbanos é preciso viver em comunidade, ter-se direitos e deveres de cidadania de tal forma que as pessoas possam conviver em harmonia social e que os animais não se tornem verdadeiras vítimas de conflitos acusados por poluição sonora ou ambiental.
O ser humano convive na sua rotina com os mais diversos desafios ambientais, político-religiosos, enfermidades, conexões globalizadas, estresses e imunidade. Não se pode isolá-lo em laboratório e o tornar distante e protegido.
Entendemos, portanto, que se torna imprescindível o maior e melhor cuidado aos animais quando mais próxima ou íntima a relação homem-animal. Quando bem cuidados quanto ao atendimento médico veterinário a eles proporcionado dificilmente os animais vão se tornar alvo responsáveis por agravos à saúde pública. Aliás, muito ao contrário, porque o atendimento à saúde animal pode contribuir para uma saúde coletiva familiar e os animais podem reduzir os conflitos emocionais deste estressante mundo globalizado.
Entretanto, o atendimento médico e ou médico veterinário em saúde por si ou isolados não são suficientes e precisam ser compartilhados. Deve-se, no entanto, a saúde, ser entendida em um contexto holístico e único de saúde sustentado no caráter de multidisciplinaridade agregando avaliações de Psicologia, Serviço Social, Educadores, entre Outros, capazes de transpassar os limites dos paradigmas já estabelecidos e assim realizarem as mudanças de desenvolvimento das relações humanas,socioambientais e culturais.”
Marcos Abel Domingues
Médico Veterinário
CRMV-MG 3993

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