Ana Elizabeth Custódio

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Mestre e Doutora em Zoologia, Ana é ecóloga por formação. Atualmente é docente e pesquisadora do Instituto de Biologia na Universidade Federal de Uberlândia, onde dá aula de “Bem Estar Animal”, entre outras disciplinas. “Enriquecimento Ambiental para Animais de Zoológicos”, “Papel dos Mamíferos na Recuperação de Áreas Degradadas”, “Micos Urbanos”, são alguns dos projetos que desenvolve com seus alunos. Outro projeto conhecidíssimo no qual está envolvida é “Ecologia de Estradas”, que aborda a questão do atropelamento de animais silvestres em rodovias. É uma lutadora da causa animal e participa de grupos que buscam a proteção de animais de rua. Trabalha em Uberlândia, mas reside em Uberaba, onde tem seus seis cães: Spencer, Delilah, Bob Pingo, Pistola, Lula e BR.

 

 

Marcos Moreno -No seu currículo, várias Universidades. De alguma forma esse trabalho influencia sua proximidade com animais?
Ana Elizabeth Custódio– Sem dúvida. Minha relação com os animais sempre foi intensa e, quanto mais busco saber sobre eles e aprender com eles, mais aumenta minha admiração e respeito pelos animais.
Marcos– Você é uma colecionadora de histórias de pets. Em que ocasião chegou a ter mais animais em casa?
Ana Elizabeth- Quando pude começar a tomar minhas próprias decisões, tendo minha própria casa e ganhando meu salário. Dessa forma, tive possibilidade de mantê-los e auxiliar outros que não pude acolher.
Marcos– Já teve algum especial ou todos são?
Ana Elizabeth – Para mim, cada um é um único, não há nenhum igual ao outro. Meu amor é o mesmo para todos. No entanto, houve alguns especiais. Acredito que é assim também nas diferentes formas de relacionamento entre humanos, podendo haver uma maior ou menor afinidade ou conexão com um ou com outro.

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Marcos– A escolha dos nomes passa pela intuição ou pelas situações?
Ana Elizabeth– As vezes por um, as vezes por outro. Por exemplo, tenho o BR, que foi encontrado atropelado na BR-050 e imediatamente, coloquei esse nome no momento de ser atendido na clínica e precisava ter um nome. Outro exemplo, foi o Bull, que adquiriu esse nome de forma intuitiva, nada tendo a ver com as circunstâncias.

 

Marcos– Você encontra apoio total em casa em relação aos bichos?
Ana Elizabeth– Bem, essa é uma questão delicada. Tenho apoio integral para cuidar daqueles que temos. As vezes, tenho concordância para socorrer algum que necessita de cuidados veterinários e após sua recuperação, doamos. Mas, estou terminantemente proibida de acolher mais animais em casa!!! (rsrsrs)
Marcos– Qual o limite que não deve ser ultrapassado? (para que não haja confusão entre bichos e gente?)
Ana Elizabeth– Não sei se entendi bem a pergunta, mas creio que esse limite é muito tênue, devendo ser observado com cuidado. No entanto, a amplitude daquilo que é permitido ou do que não é, varia muito dentre as diferentes famílias, em função do grau de tolerância das pessoas envolvidas.
Marcos– Você acha que os pets entendem o que falamos ou só entendem comandos?
Ana Elizabeth– Não tenho dúvida que entendem o que falamos, quando aquilo que falamos vai carregado com sentimentos e/ou se falamos com nossas atenções voltadas a ele. Por exemplo: meu cão não vai entender se eu chegasse em casa, ir andando e dizendo em voz alta: “olha, hoje meu dia foi pesado, então por favor, não bagunce a casa…”. Diferente se eu o pegasse no colo ou o acariciasse, dizendo a mesma coisa só que de maneira diferente e, de preferência olhando para ele.
Marcos– No universo de animais selvagens, qual o que mais te atrai?
Ana Elizabeth– Ah, não saberia escolher. Cada espécie tem suas particularidades, sua beleza, sua ecologia. Cada uma delas representa um elo, desempenha um papel na grande teia da vida.
Marcos- Que espécie de animais você jamais teria como pet e por quê?
Ana Elizabeth– Evito qualquer espécie de animal silvestre. Digo evito porque já aconteceu de alguns espécimes terem chegado a mim como presentes de alunos (presente de grego, né? Rsrsrsrs…). Por exemplo: serpentes, aranhas, escorpiões, lagartos….. Alguns, devolvi à natureza, outros, já não foi possível. Assim, não teria quaisquer espécies de animais silvestres e desencorajo outras pessoas a adquirí-los, porque estaria os retirando de seu ambiente natural e muitas vezes estimulando o tráfico de animais.
Marcos– Você acha que houve mudança significativa na relação homem/animal?
Ana Elizabeth– Sim, houve mudanças significativas, mas ainda está longe de ser uma relação desejável. Mas, ainda assim, creio que as pessoas estão se tornando mais intolerantes no que se refere à crueldade e desrespeito para com os animais e tem se habituado a denunciar maus tratos. Quero destacar aqui a importância das redes sociais para esse assunto.
Marcos- Uma mensagem aos humanos em relação aos animais.
Ana Elizabeth– Gosto demais das colocações de Arthur Schopenhauer, como precursor da ética animal. Uma de suas frases que considero de fundamental significado: “ A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter e pode ser seguramente afirmado que aquele que é cruel para com os animais não pode ser um bom homem”.

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