Sobre onças e plantas raras!

De onças a plantas raras, reserva no Norte Goiano já registrou mais de 1.600 espécies da fauna e flora do Cerrado
Na Reserva também foi descoberta uma nova espécie de planta que tem propriedades que podem ser usadas em medicamentos para tratamento de câncer e AIDS


No Dia Internacional da Biodiversidade, a savana mais biodiversa do planeta, o Cerrado, se destaca. Em alusão à data e para reforçar a importância da conservação do bioma, o Legado Verdes do Cerrado – Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável de propriedade da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), divulga um balanço dos registros de espécies da fauna e flora que já foram catalogadas no Reserva, fruto do investimento em pesquisas científicas e resultado do modelo de negócios que alia o múltiplo uso do solo à conservação aplicado no território. Ao todo, até hoje, já foram registradas 1.670 espécies, sendo 1.500 espécies da flora, 90 de animais e 80 de microalgas.

Dentre os destaques do balanço está a quantidade de registros de espécies de plantas, as 1.500 espécies catalogadas na Reserva representam 12% da flora do bioma. Ainda na flora, um resultado expressivo é a descoberta da Erythroxylum niquelandense, que tem propriedades que podem ser utilizadas em medicamentos para o tratamento de doenças como o câncer e Aids.

A espécie integrou a lista de novas descobertas mundiais divulgadas em janeiro de 2021, quando foi publicado um artigo na revista científica Phytotaxa Magnolia Press, da Nova Zelândia, assinado por Marcos José da Silva, professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) e coordenador do projeto “Biodiversidade, endemismo e conservação no Legado Verdes do Cerrado”, e pela pesquisadora Maria Iracema Bezerra Loiola, da Universidade Federal do Ceará.

Somente pelo projeto “Biodiversidade, endemismo e conservação no Legado Verdes do Cerrado” foram catalogadas 851 espécies vegetais. As iniciativas internas de pesquisa com flora complementam os demais registros da lista, totalizando as 1.500 espécies. Todo o trabalho de pesquisas internas e com parceiros com a flora é aplicado no Centro de Biodiversidade do Legado, que produz espécies nativas para reflorestamento e paisagismo, uma iniciativa inédita no país.

“Os avanços que tivemos nos últimos seis anos com esse modelo de gestão estão gerando impactos positivos para o bioma e ao país. A conservação do Cerrado não tem uma única solução, mas a combinação de alternativas tem se mostrado um caminho possível para vencer os desafios, principalmente a perda de áreas naturais para o desmatamento. O bioma já perdeu mais 50% do seu território original, e trabalhar com essas alternativas tem provado dois principais pontos: 1) é possível usar de forma múltipla o território; 2) esse modelo além de conservar, gera avanços para a ciência e mostra o potencial da biodiversidade do Cerrado. Esses resultados são a comprovação de que estamos no caminho certo, inclusive, transformando a pesquisa em negócios rentáveis”, diz David Canassa, diretor da Reservas Votorantim.

Na flora aquática, 80 espécies de algas também foram identificadas por meio da parceria com Universidade Federal de Goiás (UFG) para o biomonitoramento do rio Traíras, que tem a sua nascente e 92km da sua extensão abrigadas pelo território do Legado Verdes do Cerrado.

Fauna
Atualmente, a Reserva já tem catalogadas mais de 80 espécies, entre pequenos e grandes mamíferos, anuros (sapos, rãs e pererecas) e peixes, fruto de diferentes métodos de registro, como avistamento direto com fotos e vídeos por celulares ou câmeras fotográficas, por pesquisas científicas e câmeras de monitoramento de fauna, também chamadas de câmeras trap ou armadilhas fotográficas.

Dentre os destaques de registros, estão o da onça-pintada e os da onça-parda. A abundância de registros nas câmeras é da onça-parda, que de 2019 a 2022 foram 15, em diferentes pontos da Reserva, podendo ser a mesma onça ou outras. A quantidade de registros de onça-parda já possibilitou observar diferentes atividades da espécie, como caminhadas e paradas para beber água, o que seria muito difícil de ver a olho nu na natureza, já que se trata de um animal arisco.

A onça-pintada foi flagrada pela primeira vez em 2019 e 2022 em três diferentes pontos da Reserva. Além das onças, a jaguatirica, que está na família dos pequenos felinos, também foi registrada no Legado Verdes do Cerrado.

A anta foi outra espécie com abundância de registros pelas câmeras e por outros métodos, como a observação direta, que é quando a pessoa vê o animal livre na natureza. Os vídeos mostram diferentes comportamentos da anta, como tomando banho, com filhote e “forrageando”, que é quando ela usa o focinho para revirar o solo em busca de alimentos.

O avistamento direto, inclusive por parte dos colaboradores da Reserva, já resultou no registro de animais como cachorro-do-mato, cachorro vinagre, veado-campeiro, tamanduá-bandeira, caititu, gato-do-mato, gato-maracajá, raposa-do-cerrado, quati e diversas espécies de aves. O logo-guará, um dos animais símbolo do Cerrado, também foi registrado na Reserva.

As pesquisas científicas em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) resultaram no registro de 25 espécies de anuros (sapos, rãs e pererecas), sendo que dessas, sete só são encontradas no Cerrado, além 40 espécies de peixes, sendo duas registradas pela primeira vez em Goiás, o pacu (Serrasalmus rhombeus) e piranha-preta (Serrasalmus rhombeus).

Para ampliar o conhecimento, catalogação e descoberta de novas espécies, a Reserva, recentemente, instalou 20 armadilhas fotográficas em diferentes pontos do seu território.

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