Henrique Botelho

Henrique Botelho (2)

Cantor e tecladista, Henrique Botelho é natural de Ipatinga, e lembra que desde criança, na pequena cidade, gostava de animais e tinha muitos, que eram criados soltos pelo grande quintal da casa. Hoje em Uberaba, com a agenda cheia de compromissos, Henrique, que também é professor de inglês, encontra sempre tempo para um carinho em Janete, a cadelinha srd que é a mascote da casa.

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“Vejo os animais como irmãos co-habitantes do mesmo planeta”

 

Marcos Moreno– Você sempre gostou de animais ou algum fato te despertou para isto?

Henrique Botelho– Desde pequeno, ainda na cidade natal de Ipatinga, MG, sempre tivemos gatos em casa. E no plural mesmo. Quando nasciam, raramente doávamos para os amigos. A casa era modesta, mas o quintal era bem grande. E além das plantas e de uma linda goiabeira no quintal, minha mãe sempre fazia questão de ter gatos em casa.  Crescemos acostumados com essas criaturinhas ao nosso redor, participando de praticamente todos os nossos momentos. Impossível ignorar a alegria que nos trazem.

 

Marcos- Já teve algum especial ou todos são?

Henrique– A vida curta dos bichos de fato é um pesar. Cada um teve sua história conosco, e cada um teve sua importância. Até mudarmos para Uberaba só tínhamos tido gatos, até que meu pai optou por buscar uma filhote de Husky Siberiano em Belo Horizonte.  A forma com que os cães se relacionam com os donos é muito diferente dos gatos.  Desde então, só tivemos cães.  Todos são especiais em seu tempo conosco.  E deixam saudades quando partem.

Henrique Botelho

Marcos- A escolha dos nomes sempre passa pela criatividade. Como foi no seu caso?

Henrique– Normalmente a escolha dos nomes é feita pela minha mãe.  Ao menos era assim com os gatos. E ela sempre dava nomes de pessoas para os felinos: Giselda, Isolda, Evaristo, Pierre…. eram nomes que eram a cara deles. Já com os cães, a Husky já tinha nome registrado e tudo mais, mas não fugia à regra dos nomes de pessoas: Aline. Era linda! Cinza e branco com olhos azuis. A referência da nossa casa era ela. Quando tínhamos que dizer onde morávamos, muitas vezes as pessoas perguntavam: “A casa daquela cachorra de olhos azuis?” Isto porque a casa tinha grades na frente, e ela ficava sempre no jardim, olhando a rua, brincando com os alunos de uma escola próxima que passavam sempre em nossa porta.  Hoje temos a Janete, uma cadelinha vira lata “pura” que já tinha sido assim batizada na Zoonoses, de onde a adotamos há mais de dez anos.  Mas o sobrenome de todos? Botelho.

 

Marcos– Qual o limite que não deve ser ultrapassado? (para que não haja confusão entre bichos e gente?)

Henrique– Em nossa casa os animais sempre foram tratados como membros da família. Todos entravam em casa, subiam nas camas… Além dos motivos óbvios (suas “necessidades”), não vemos porque separá-los de nossa convivência. Na verdade eles dão um outro sentido em nossa vida. São companheiros incondicionais.  Claro que certas normas são estabelecidas desde cedo, mas eles se acostumam, e nós também.

 

Marcos– Você acha que os pets entendem o que falamos ou só entendem comandos?

Henrique– Me pergunto até onde eles nos entendem. Existem palavras que ao serem mencionadas, as reações são imediatas. Não seria isso uma compreensão da palavra em si?  Por outro lado, ao “conversarmos” com eles percebemos um olhar de admiração, de atenção por parte deles.  Mas a dúvida da compreensão vai permanecer.  Não creio que são desprovidos de alguma compreensão. Não mesmo.

 

Marcos– No universo de animais selvagens, qual o que mais te atrai?

Henrique– Felinos! Todos os que se assemelham aos gatos, como os tigres, leões.  Por enormes que sejam, sempre trazem a sensação de que se comportariam como tais.  Mas sabemos que não é bem assim.  Quem não se encanta com um filhote desses brincando, como os bichanos em casa?  Quem , que goste de animais , não teria vontade de pegar um filhote daqueles no colo ?

 

Marcos– Que espécie de animais você jamais teria como pet e por quê?

Henrique– Répteis (cobras, iguanas, etc.), pois fogem muito das características de um animal carinhoso. Respeito quem deles goste, mas o quesito “fofura” não se aplica muito aos mesmos. Não para mim.  Acredito que o lugar deles é em seu habitat natural, não no sofá da minha casa.

 

Marcos– Você é contra certas culturas como touradas da Espanha ou as vaquejadas praticadas no nordeste brasileiro?

Henrique– Totalmente contra. Aliás deveria ser considerado crime contra os animais. Esportes ou eventos culturais que os usem como “isca” são na verdade um ato de covardia àqueles que se pudessem escolher, não estariam ali e não participariam daquilo.  São provocados, colocados à estados de estresse tão grande que, se acabarem ferindo alguém, ainda correm o risco de serem sacrificados.  Existem tantas outras formas de se divertir.  Vejo os animais como irmãos co-habitantes do mesmo planeta. Em muitos, mas muitos casos, são superiores aos seres humanos. Eu jamais colocaria um membro de minha família sob tal situação.  Perseguir, puxá-los pelo rabo, não vejo como prática desportiva que não os maltrate.   É subjugá-los. Colocá-los em situação humilhante, inferior, como objetos de diversão, o que nada difere das práticas em que seres humanos eram colocados em arenas para serem caçados por animais.   Onde está escrito que o homem é o dono do planeta ?   Aliás, somos minoria aqui.

Henrique Botelho 2Marcos– Um filme com animal.

Henrique– “Marley e Eu!” Para mim impossível não me ver naquela história.  A frase final do filme sempre me emociona, e dá uma lição em muitos de nós: “Para um cão, você não precisa de carrões, de grandes casas ou roupas de marca. Símbolos de status não significavam nada para ele. Um pedaço de madeira já está ótimo. Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou idiota, esperto ou burro. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Dê seu coração a ele, e ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não. De quantas pessoas você pode falar isso? Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário?”

 

Marcos- Uma mensagem aos humanos em relação aos animais.

Henrique- Ter um animal em casa é mais que ter apenas um “bicho”. É ter responsabilidade por um ser vivo que também é dotado de sentimento.  Se você trabalha o dia todo fora, e simplesmente “quer” ter um animal, pense que o mesmo ficará o dia todo sozinho em casa, sentindo sua falta.  Não sejamos puramente egoístas em ter um animal apenas para o nosso próprio prazer.  Isto é um ato de covardia com um outro ser vivo. Os animais têm a vida bem mais curta que a nossa, infelizmente. Mas o tempo que eles vivem conosco é “quase suficiente” para deixar tanto amor em nossas vidas.  Nós mesmos temos começo, meio e fim.  E essas criaturinhas deixam suas marcas em nosso coração.  Sejamos mais compreensivos e pacientes com eles.  Precisam de nós.  E nós deles.

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