Luiza Helena Barnabé de Oliveira

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Formada pela Universidade Federal de Uberlândia, a Médica Veterinária Luiza Helena Barnabé de Oliveira é especializada em equinos. Sua afinidade com animais é desde sempre. Não apenas cavalos, mas toda e qualquer espécie. Em suas respostas ao Moreno Pet Blog, fica claro que ela se comunica desde muito pequena com os animais. E sabemos que é preciso, antes de tudo, entender a linguagem deles para poder tratá-los e conviver com eles. Luiza é muito jovem e, com certeza tem um futuro brilhante. Sorte do animal que estiver em seu caminho. Sorte de todos os animais pela contribuição científica que ela já está dando a eles e a lição de respeito que está deixando aos humanos.

 

“Você se surpreenderia com a capacidade de aprendizagem de um cavalo, ou mesmo com sua memória, é inacreditável”

 

Marcos Moreno– Você é muito jovem,sempre gostou de animais ou algum fato te despertou para isto?
Luiza Helena Barnabé de Oliveira– Sempre fui apaixonada por animais, quaisquer que fossem as espécies ou tamanhos. Bastava latir, mugir, relinchar ou piar, que eu já estava tentando imitar buscando uma comunicação. É assim até hoje. Sou muito conectada a eles desde que me entendo por gente. Já me encontraram dentro do canil de um rotweiller escovando os dentes dele quando eu tinha poucos aninhos de vida. Talvez esse fato tenha despertado nos meus pais a certeza de que minha vida não faria muito sentido sem os animais perto de mim.

Marcos– Todos da família curtem? Já tiveram algum super especial, ou todos são?
Luiza– Todos na família curtem, mas sempre fui a responsável por pedir, querer ou desejar que algum viesse a fazer parte do nosso meio. Já tivemos um boxer, um sem raça definida, um poodle, um cocker e a atual blue heeler. Todos foram muito especiais, mas também o primeiro que acompanhamos até o fim da sua vida foi o cocker, fato que o tornou mais especial de alguma forma. Os outros sumiram de casa de uma maneira que nunca compreendemos absolutamente, pois fugiram pouco antes de sermos transferidos para outra cidade ou estado.

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Marcos– O que você tem agora é de uma raça que a gente não conhecia até há pouco tempo. O que te chamou atenção para escolher essa raça?
Luiza– Versatilidade, vigor e muita energia, fidelidade, companheirismo. É uma raça como nunca vi igual. Precisa de espaço e de atividade física e mental. Posso dizer que a raça me escolheu, pois ela não deveria ficar comigo. Estava prometida a um primo, mas o inevitável aconteceu quando completaram os dois primeiros minutos dela comigo: nos apaixonamos e já não sabíamos viver uma sem a outra. As atividades que ela necessita, são as que eu também necessito. Não demorei a enxergar isso. Nós nos ajudamos mutuamente, sem sombra de dúvidas. É um relacionamento recíproco.

Marcos– Já existem muitos da raça na nossa região?
Luiza– Sim, por ser uma raça que é útil em propriedades rurais, pois realiza o pastoreio de bovinos e até ovinos. Para nossa região é uma raça de cachorro e um companheiro de trabalho.

Marcos– Qual o limite que não deve ser ultrapassado? (para que não haja confusão entre bichos e gente?)
Luiza– Compreender que eles precisam ser tratados como animais, já que organicamente o são. Assim como nós! isto é, não deve haver relação de subordinação, já que nessa relação ambos saem ganhando e aprendendo. Ambos crescem e evoluem sempre. O meio em que vivem será levado em conta no seu amadurecimento, se for tratado como um príncipe, crescerá querendo mandar em tudo e todos. Se for tratado como um igual, crescerá sendo igual, respeitando todos a sua volta. É bem simples a receita. Tudo em exagero faz mal. Não tem esse ditado? O que difere o medicamento do veneno é a dose, então nada como tratar seu bichinho com o respeito que ele merece, e como merece! Eles nos tratam tão bem. Só devemos retribuir esse amor.

Marcos– Você acha que existem raças mais inteligentes que outras ou acha que a inteligência deles é absolutamente individual, não dependendo da raça?
Luiza– Acho que todos os animais são inteligentes. Você se surpreenderia com a capacidade de aprendizagem de um cavalo, ou mesmo com sua memória, é inacreditável. Entre os cães temos a famigerada lista dos dez cachorros mais inteligentes do mundo. Porém, é uma lista feita por nós, humanos, baseada em conceitos humanos do que é necessário cumprir, por padrões, para ser considerado inteligente. Sabemos, entretanto, que temos muitas pessoas inteligentes que não são motivadas a fazerem o que seu máximo pode alcançar, por serem desviadas para o caminho “padrão” (e sim, isso é uma crítica! Risos). Da mesma forma os cães, nós exploramos neles a capacidade de se lembrarem do que é repetido, ou seja, eles aprendem por repetição. E nesse quesito, há sim raças que são mais rápidas e que associam fatos com mais facilidade (sentou, ganha petisco). No entanto, acredito que todos possuem sua inteligência individual, e quem deve buscar isso somos nós, seus melhores amigos, aprendendo um pouco mais com cada detalhe que seu parceiro demonstra e que tantas vezes deixamos passar sem serem percebidos. Comunicação é o grande problema da humanidade. Devíamos aprender mais com quem não fala a nossa língua e mesmo assim pode demonstrar uma infinidade de sentimentos e percepções.

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Marcos– No universo de animais selvagens, qual o que mais te atrai?
Luiza– Os aquáticos. Tenho uma queda por orcas, as baleias assassinas, desde que lançaram Free Willy. Não significa que adoro aquários, porém!

Marcos– Que espécie de animais você jamais teria como pet e por quê?
Luiza– Eu não teria uma espécie que não fosse domesticada. Penso que nem sempre a domesticação é o melhor para um animal. Uma das liberdades que devem ser respeitadas é a deles poderem expressar seu comportamento individual, e algumas vezes acabamos interferindo nisso. Nossas necessidades podem não coincidir com as deles, eu não ultrapassaria esse limite.

Marcos– Você faz parte de alguma associação ou movimento (hoje existem muitos virtuais) contra certas culturas como touradas, vaquejadas, circos, zoológicos, etc?
Luiza– Não faço parte de associações, porém dentro de mim há grandes ressalvas com espetáculos que envolvam animais. Penso que ninguém gosta de se sentir usado, imagine se, DE FATO, fôssemos usados e muitas vezes de maneira contrária ao nosso desejo para que terceiros se beneficiassem com isso? Temos nossa liberdade de ir e vir, devíamos ser a voz desses animais que se pudesse falar nos pediriam um mínimo de respeito.

Marcos– O que seria uma participação efetiva a favor dos animais?
Luiza– Falar por eles. De qualquer maneira, por qualquer meio. Seja ajudando um animal sofrendo na rua, seja denunciando maus tratos ou mesmo por meio de ONGs. Cada um devia se sentir responsável por todos os animais, devia nos sobrar empatia suficiente para que, diante de uma situação, fôssemos benevolentes nas nossas ações. Parar de pensar em si próprio rotineiramente seria um bom primeiro passo.

Marcos– Como sempre, termino pedindo a você uma mensagem aos humanos em relação aos animais.
Luiza– Todo ser vivente precisa e deve ser respeitado. Eles não possuem uma constituição na qual se basear e muitas vezes são tratados com desprezo, como lixo, algo para nos desfazermos. Porém eles não só fazem parte do equilíbrio do nosso planeta, mas também são grandes responsáveis pelo nosso bem-estar. Nada mais justo que retribuir bem-estar a eles também. Não só ao seu, mas acolher todos os que cruzem pelo seu caminho de alguma forma. Nada mais seria do que amar o nosso próximo, falar por quem não tem voz, mas tem o essencial para passar por toda a vida abanando o rabinho: amor incondicional.

2d e respostas

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