Jovens veterinárias desafiam dogmas no Afeganistão

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No caso em questão, trata-se de três jovens veterinárias que estão desafiando paradigmas sociais e religiosos no país. As três meninas trabalham em uma ONG de resgate em Cabul, capital do país. Muitas situações que vivemos, como o direito ao voto da mulher, não são naturais desde sempre. Algumas foram pioneiras na luta por esses direitos. Assim como estas meninas estão começando a construir uma história que esperamos caminhar para um comportamento natural. Mas a missão delas vai além. Elas precisam convencer outras meninas a acreditar que elas podem ter educação superiro e trabalho.
Na sociedade patriarcal afegã, as mulheres em geral se casam ao passar da idade escolar e permanecem donas de casa para o resto da vida. Elas podem ser presas se fizerem qualquer outra coisa além disto.
Malala Haikal e Tahera Rezaei há quase 4 anos fazem parte da equipe na Nowzad, ONG que mantém uma clínica e um abrigo em Cabul. Naturalmente, o caminho delas até a independência foi cheio de obstáculos.
Sob o Taleban, mulheres não tinham permissão para trabalhar, não podiam receber educação após os oito anos e até aí tinham que estudar só o Corão, livro sagrado do Islã.
“Minha mãe foi para a faculdade de veterinária, mas não conseguiu por causa da guerra com a União Soviética. Quando viu que eu gostava de animais, ela me incentivou” conta Haikal, que se formou pela Universidade de Cabul em 2016.
Filha de afegão, Rezai nasceu e foi criada no Irã. “Quando cheguei vi animais em condições muito ruins. As pessoas têm um péssimo comportamento com eles. Como não havia outras pessoas para ajudá-los, decidi me tornar veterinária.
A Organização para a qual trabalham hoje, a Nowzad, é a única do tipo no país e tem uma política de “empoderamento” feminino. “Eles querem ver as mulheres tendo sucesso por seu esforço. “A Nowzad apoia mulheres, trabalhem aqui ou não”, diz Rezaei.
A história da Nowsad começou em 2007, quando o fuzileiro naval britânico Pena Farthing resgatou uma cachorra na cidade afegã de Now Zad, na província de Helmand.
Desde então, mais de 850- gatos e cachorros resgatados por militares em todo o Afeganistão foram cuidados e preparados pela ONG para serem enviados para o país de origem dos tutores, principalmente EUA e Reino Unido.
No ano passado, pela primeira vez, a Nowzad mandou uma cachorra resgatada na região de Bamiyan para um civil no Brasil.
Além dos tabus de gênero, a ONG ajuda a combater outro: para mulçumanos, cães são animais sujos e não devem conviver com humanos.
“Nosso objetivo é encontrar uma casa para todos os animais do nosso abrigo; primeiro em lares no Afeganistão, onde começamos a ter grande sucesso, ou, no caso daqueles que foram resgatados ou cuidados por estrangeiros, queremos repatriá-los no Ocidente” explica Najwa Naderi- também uma mulher e gerente do escritório de Cabul da Nowzad.
A clínica é totalmente financiada por doações e, além dos veterinários profissionais, mantém um programa de estágio em parceria com instituições como a Universidade de Cabul.
A ONG tmbém realiza operações de CED (captura-esterilização-devolução), com o objetivo de reduzir a população de animais de rua, e vacina contra a raiva todos os animais atendidos.
“Cada cão ou gato que esterilizamos significa menos animais vagando pelas ruas de Cabul para sofrer uma curta vida de fome, crueldade e doença”, explica Naderi.
Atualmente estão no abrigo em Cabul mais de 130 cachorros, 40 gatos e 6 burros. O transporte de um cachorro para os EUA custa até US$ 5.000,00 (cerca de R$ 16.000,00); de um gato, até US$ 3.000,00 (cerca de R$ 9.700,00).

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