Incansável e perfeccionista, a estilista Lilly Sarti, que comanda a marca que leva seu nome ao lado da irmã, Renata Sarti, está madura e tranquila com as transformações que propôs para ela mesma (encarar tudo de maneira mais leve, por exemplo) e para a grife, que não usa mais matérias-primas de origem animal (leia-se couro e pele, em suas peças).
Parece pouco? Definitivamente não é. Queridinha de musas tipo Thaila Ayala, Isis Valverde, Camila Coutinho e Cleo, a Lilly Sarti ficou conhecida exatamente pelas calças e jaquetas de couro, com detalhes em pele. “Ainda bem que nossas mulheres são fiéis e abraçam tudo o que a gente propõe”, conta Lilly, garantindo que o posicionamento cruelty-free não afetou o negócio. A ideia surgiu no ano passado, quando a estilista esteve em um retiro espiritual e repensou várias de suas escolhas. “Você pode entender a coisa de duas formas: por dentro e por fora. Para mim foi um processo verdadeiro. Se for para deixar de usar o material por modinha, não adianta”, explica. Assim que terminou a vivência, Lilly ligou para a irmã e sugeriu que a partir daquele dia elas não usassem mais couro. Renata concordou e, confiantes, passaram a usar tecidos sintéticos. “Fiquei surpresa com a qualidade”, afirma. “E nossas clientes também.”
O misticismo sempre esteve presente no trabalho das irmãs Sarti – a grife coloca o tema na passarela há anos, muito antes de virar tendência abraçada por Dior e companhia. Lilly curteastrologia, feng shui, radiestesia [técnica de harmonização energética] e deeksha [espécie de benção indiana usada para despertar e desenvolver a consciência] e meditação. “Gosto de coisas que me preenchem. No final, tudo faz sentido, tudo se encaixa”, afirma. “Mudei muito de uns tempos para cá. A meditação me deu uma percepção diferente de tudo.”
O casamento também mudou suas perpectivas. “O Marcelo é amoroso e me faz ver as coisas de um jeito diferente, mais leve”, conta. Eles se casaram em Florença, na Itália, em maio passado, numa festa que durou 12 horas. Os 180 convidados da dupla se reuniram na Villa di Maiano, uma construção renascentista de 1400. E absolutamente tudo foi organizado pela própria estilista com o mesmo perfeccionismo que lhe é de praxe. Acredite, até o vestido, desenhado por Lilly, precisou ser refeito um dia antes da viagem. Segundo ela, o caimento da manga deixou a desejar e o modelo acabou sendo repensado assim, na véspera. As flores do cabelo? Lilly levou “apenas” doze versões na mala porque ainda estava na dúvida de quais comporiam melhor o conjunto. “Valeu a pena. Era o meu casamento, né? Saiu tudo como eu e o Marcelo queríamos. Todo mundo se divertiu e vivemos momentos únicos.”
Agora, com uma rotina menos atribulada – ela prefere falar que não vive na correria, porque “quanto mais você fala que está na loucura, mais na loucura fica” – Lilly está numa relax, numa tranquila, numa boa. “Tenho vivido mais. Apreciando até os problemas que aparecem no dia a dia, para que as coisas não se tornem um fardo.” Sim, Lilly, tudo se encaixa. Ainda bem!
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