Jurandir Ferreira

IMG-20190205-WA0029Casado com Beatriz, pai de três filhos e avô de três netos, Jurandir Ferreira é eletricitário aposentado da CEMIG há 20 anos. Como ativista do Controle Social em Defesa do SUS (desde 2003) acabou participando do Conselho Municipal de Saúde em Uberaba (2004-2012) e do Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais (02/2012-02/2018). Atualmente é Coordenador da Pastoral da Saúde no Regional Leste 2 da CNBB – Minas e Espírito Santo desde 2012. As protetoras e protetores independentes de animais de Uberaba o reconhecem como uma pessoa fundamental na defesa dos direitos dos animais, que claro, é uma questão de saúde pública. O blog deixa claro que o espaço é democrático, podendo ser usado adequada e oportunamente com matérias (entrevistas) que sejam esclarecedoras e com o foco no respeito à vida animal.

 

“Eu gostaria de pedir aos Gestores Municipais que se interessem mais pela causa animal, pois eles são tão importantes quanto os humanos…” 

 

Marcos Moreno– Tenho informação que sua ajuda foi fundamental para reivindicações da reforma do Centro Controle de Zoonoses (CCZ) de Uberaba. Qual o seu interesse?
Jurandir Ferreira– Como membro do Conselho Municipal de Saúde, fizemos uma proposta que fora aceita pela Gestão à época(2011) para a melhoria da assistência dada pelo CCZ e que culminou num projeto de reformas e ampliação, inclusive com admissão de profissionais veterinários para que pudéssemos realizar castração de Cães e Gatos errantes e domiciliados visando a redução populacional, mas com o descaso da Gestão, o projeto “foi engavetado.” O meu interesse neste momento é dar apoio às cuidadoras/cuidadores independentes, que me procuraram e demonstraram preocupação com a quantidade de animais errantes na cidade com riscos de uma epidemia de zoonoses. Fui procurado por Claricinda e Cecília devido à quantidade de animais errantes abandonados por seus “donos” na cidade inteira sem que o Poder Constituído tome qualquer providência. Fizemos algumas reuniões com presença de várias Cuidadoras Independentes e iniciamos estudos para ver qual seria a melhor estratégia para que tivéssemos êxito nas nossas pretensões. A principio tivemos que estudar a legislação em vigor para depois iniciarmos as ações efetivas junto aos responsáveis e Ministério Público.
Marcos– O conhecimento dessas necessidades e dos fatos envolvendo o CCZ e os meandros de tudo isto tem origem onde?
Jurandir– Eu trabalhei na CEMIG por 25 anos e em toda minha trajetória laborativa eu estive à frente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes-CIPA – representando os Trabalhadores e Trabalhadoras para que fossem eliminados os Riscos de Acidentes no Trabalho; quando me aposentei em 1998, voltei minhas energias para os trabalhos na Igreja Católica e ao Controle Social do Sistema Único de Saúde- SUS, trabalhos estes voluntários e de grande valia para mim e nossa Comunidade.

Marcos– Quando foi aprovada a reestruturação do CCZ e o que foi efetivamente feito?
Jurandir: Em 2011 – Mas não foi avante – Os Gestores sempre encontram justificativas de falta de verba para a sua efetivação.

 

“… uma cadela gera em 6 anos com seus próprios descendentes 67.000 crias e uma gata 240.000, e é esta a nossa realidade de hoje”

 

Marcos– O que um CCZ de uma cidade do porte de Uberaba deveria ter em pleno funcionamento?
Jurandir: Os trabalhos do Centro de Controle de Zoonoses- CCZ tem várias atividades importantes para a Comunidade no Controle de Zoonoses, como: Raiva, Leishmaniose, Leptospirose, Toxoplasmose – mas o que também está nos causando enormes prejuízos em todos os sentidos, é a ausência de condições para realização das castrações permanentes que tem objetivo de esterilizar, principalmente as fêmeas, para que seja efetivamente feito “Controle Populacional.” Como exemplo, uma cadela gera em 6 anos com seus próprios descendentes 67.000 crias e uma gata 240.000, e é esta a nossa realidade de hoje.

Marcos– O não funcionamento normal e aceitável de CCZ de Uberaba é em função de falta de verba?
Jurandir– Eles dizem que sim, mas eu sempre digo que é falta de planejamento, pois se planejar, com o pouco recurso que temos, dá para se fazer muito mais, pois todos os anos temos oportunidade de indicar onde vamos gastar os Recursos Próprios – Verba vinda da arrecadação Municipal.

Marcos– Dentro da abrangência da saúde pública em Uberaba existe algum órgão especialmente criado para proteção animal?
Jurandir: Sim. Há uma Superintendência; apesar de ser ocupada somente pela Superintendente sem nenhum trabalhador ou trabalhadora vinculada à ela.É uma situação estranha porque quando se cria uma Superintendência, supõe que há necessidade de criar vários cargos no seu organograma para a realização das atividades necessárias, mas não é isso que vemos na Gestão Municipal – Uma Superintendência que não agrega nenhum trabalhador ou trabalhadora além de sua superintendente. Há também um Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais – COMUPDA, mas ainda não conseguimos receber a documentação sobre seus componentes e de suas atuações, pois fizemos um requerimento à Presidente, Sra. Janaína dos Reis Coutinho Alves – que é também a Superintendente e Presidente do Fundo Municipal de Proteção e Bem Estar Animal, mas não obtivemos respostas. O Ministério Público do Meio Ambiente já foi acionado e em breve teremos estas informações para dar continuidade aos estudos e cobrar do Poder Constituído as responsabilidades com as atividades do CCZ.

Marcos– Em que pé que está a questão da reforma do CCZ de Uberaba? O que falta para começar essa “recuperação”?
Jurandir– Bom, fizemos uma manifestação na Câmara Municipal no momento de elaboração da Lei Orçamentária Anual – LOA/2019, e conseguimos aprovar verba o suficiente para que em 2019 sejam realizadas as reformas necessárias para desinterditar o CCZ que por denúncia ao Ministério Público, a Vigilância Sanitária Estadual interditou impedindo que se realizem as castrações para controle populacional no CCZ. Estamos aguardando a publicação da LOA/2019 e a entrada dos recursos nos cofres públicos para iniciarmos a campanha da liberação da verba necessária; o Ministério Público também se comprometeu a liberar verbas para a execução das reformas e ampliações do CCZ.
Marcos– Há uma polêmica em torno da castração química de animais de rua em Uberaba. Você tem alguma coisa a dizer sobre isto?
Jurandir– Sim.Há uma grande controvérsia no que tange à castração química, pois os Defensores dos Animais se posicionam contra por não ter a garantia de que esse procedimento não cause sofrimento aos animais e o posicionamento do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais – CRMVMG- que autorizou a execução da Castração Química em Uberaba para que se utilize um lote de 600 doses adquiridas pela municipalidade, mesmo havendo a contestação dos defensores/as dos Animais. Mas já há um procedimento assinado junto ao Ministério Público que o Município de Uberaba não vai mais adquirir o medicamento “Infertile” para a continuidade da castração química, e que a FAZU fará uso deste lote a título de pesquisa com apoio do Ministério Público e acompanhamento de um Veterinário indicado pelos Defensores dos Animais – Cuidadoras e Cuidadores Independentes; Mesmo assim as Cuidadoras e Cuidadores Independentes permanecem contra esta atividade.
O Conselho Federal de Medicina Veterinária – CFMV assim respondeu ao nosso questionamento sobre o uso do Infertile(castração química): “ Em atenção à solicitação apresentada por V. Sa., informamos que o assunto ainda está em análise interna e, tão logo tenhamos um posicionamento, informaremos.” Aumentando ainda mais a dúvida da eficácia e de não causar sofrimento aos animais defendido pelas Cuidadoras Independentes.

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“…aquele velho ditado: “é melhor prevenir do que remediar”

 

Marcos: Você tem pets?
Jurandir
– Hoje não; perdi os três que tínhamos; os últimos em junho de 2018– um casal de poodle; estamos ainda em fase de aceitação da ausência deles.

Marcos– O blog sempre pede à pessoa entrevista para deixar uma mensagem. O que você gostaria de dizer?
Jurandir– Eu gostaria de pedir aos Gestores Municipais que se interessem mais pela causa animal, pois eles são tão importantes quanto os humanos, e que se não forem bem cuidados, podem trazer várias doenças que afetarão os humanos e aí vale aquele velho ditado: “é melhor prevenir do que remediar.”
Parabenizo as Cuidadoras Independentes, que nestes poucos meses que estamos juntos, pude perceber o tamanho de seus corações e do amor dedicado aos animais ao ponto de contrair dívidas altíssimas para resgatar e dar assistência aos animais que sofrem por abandono ou maus tratos.

5d e respostas

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