Número de animais atropelados e resgatados pela Mata Ciliar dobrou no fim do ano


De acordo com dados divulgados pela própria associação, o número de atendimentos aumentou 82% em apenas um mês. Em novembro, as equipes atenderam 23 animais. Já em dezembro, este número subiu para 42.
O número de animais atropelados e que passam por atendimento na ONG Mata Ciliar, de Jundiaí (SP), quase dobrou no fim de 2023.
Nos primeiros 15 dias de 2024, 12 animais atropelados chegaram à ONG.
Segundo apurado pela TV Tem, o aumento dos casos tem relação com a Serra do Japi, que passa às margens de muitas rodovias na região de Jundiaí.
À TV Tem, a coordenadora da Mata Ciliar, Cristina Harumi, explicou que o aumento de atropelamentos é causado por uma soma de fatores, como a concentração maior de veículos em dias determinados e a época de reprodução, quando pais e filhotes precisam migrar de local.
“São vários os fatores que infelizmente fazem com que esse aumento […] A modificação do ambiente deles faz com que eles saiam de lá e nessa saída são atropelados”, explica.
Ainda conforme Cristina, a maior parte dos acidentes é registrada durante a noite, pois os animais, inclusive os que possuíam hábitos diurnos, aprenderam que a migração é mais fácil neste período.
“A gente tem que ter o cuidado redobrado. Além disso, é claro que correr muito também prejudica, porque você não tem o tempo de desviar desse animais e, com isso, também a preocupação de parar imediatamente, porque não pode, e causar outros acidentes com outros carros. Tem uma série de cuidados que a gente pode verificar, inclusive a atualização do carro, para que esses acidentes possam ser evitados.”
De acordo com Harumi, os atropelamentos causam um impacto na fauna e não se concentram apenas na região de Jundiaí, mas, sim, em todo o território nacional.
“O impacto é a perda de biodiversidade, e isso significa também a perda de qualidade de vida, porque menos florestas, menos água […] A fauna silvestre é uma das responsáveis pela manutenção dos nossos recursos com a água. As pessoas precisam entender isso”, pontua.
A profissional também ressaltou que o atendimento aos animais silvestres exige um cuidado maior pois, ao contrário de animais domésticos, eles não estão acostumados com a presença humana, o que torna o quadro ainda mais delicado.
“O animal silvestre muitas vezes vem com problema e eles têm um estresse muito grande. Muitas vezes a gente tem que anestesiar na hora do manejo porque senão eles sofrem pelo estresse, mas a gente não pode fazer isso sempre, porque é intoxicação, [gera] outros problemas, o estresse que pode levar até à morte. Então, o sofrimento por trás do atropelamento e outras consequências é muito grande”, explica.
“É importante as pessoas se conscientizarem de que esses animais precisam de corredores para que eles possam ultrapassar uma área de outra, um rio para outro, possam ultrapassar, inclusive, as malhas viárias que cada vez são em maior número. A gente não pode esquecer os animais, porque só assim eles vão poder se salvar e também a tender a necessidade de migrar para outros locais”, completa.

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