Roger Dias Ribeiro Kellin Brasil de Paula Ribeiro

 

As 4 meninas douradas!

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Roger e Kellin formam um casal super bacana. Naturais de Poços de Caldas, vieram pra Uberaba há 20 anos em função de trabalho. Gostaram tanto que já se sentem uberabenses. Trabalham com projetos industriais com especialização em Estruturas Metálicas e também são terapeutas iridólogos. O casal poderia escrever um livro com muitos capítulos porque as histórias com as 4 cadelas são intermináveis e emocionantes. Elas são lindas e muito bem cuidadas. Escovam os dentes todos os dias, só para se ter uma ideia… Fazer isto com um cachorro já é um pouco trabalhoso, imagine com 4? Dá gosto ver as 4 juntas, comportadas mas cada uma ao seu estilo, mantendo suas individualidades. Aqui está uma família feliz, formada por Roger, Kellin,  Meg, Mel, Mia e Mei.

Marcos Moreno– Quando vi as fotos das suas 4 cadelas, todas lindas, fiquei curioso para conhecer os tutores tão zelosos. Dai fiquei sabendo que a Kellin não queria ter cachorro. Para quem não queria a diferença em ter 4 é bem grande. Como começou essa história?

 Kellin– Então… O Roger sempre teve cachorro e vivia falando vamos ter um totó, e eu não nem pensar, a gente viaja muito, não tenho essa afinidade com cachorro…dá muito trabalho, pelos, sujeira…. Até que fomos com toda a família para Campos do Jordão em maio de 2009, ficamos hospedados em uma pousada bem aconchegante, e lá encontramos uma labradora dourada linda chamada MEG que era da dona da pousada. Ela encantou a todos, fazia festa, virava barriguinha, e no dia de irmos embora ficamos todos tristes de deixar a Meg, um sentimento estranho pra mim… Chegando em Uberaba, o Roger aproveitou a “deixa”, e começou “vamos comprar uma labradora..” E como moramos em um condomínio familiar, precisávamos da aprovação de todos, que foi unânime…menos eu…Depois de muita insistência acabei cedendo. Procuramos em vários pet shops, até que tinha uma labradora em um pet de Uberlândia. Chegando lá estava em uma vitrine a cachorrinha mais linda e emburrada que já tinha visto. Peguei aquela fofurinha no colo e foi amor à primeira vista. Falei: vamos pra casa MEG! Na primeira noite não sabíamos lidar bem com a situação, e colocamos na nossa área de serviço. Lá pelas 03:00hs da manhã ela deu o primeiro chorinho, tinha feito cocô e xixi e estava pedindo pra limpar (o Roger que foi limpar…). No outro dia coloquei um lençol rosa bem macio em cima de um tapete na porta do nosso quarto pra ela deitar, e ela foi…No outro dia ela pegou o lençol e esticou em cima do tapete e assim foi me encantando cada dia mais, porém ainda assim não gostava de muito contato. Contratamos um adestrador que nos foi muito bem recomendado. A primeira coisa que falei pra ele foi que não queria que a Meg pulasse em mim, e não queria beijo…ele sorriu e disse pode deixar… Ela ficava fora de casa em um canil improvisado, pois estávamos em construção ampliando nossa casa. Em uma noite chuvosa, o Roger pegou a caminha dela e colocou na porta de casa, e ela fazia aquela carinha que só quem tem cachorro entende…E adivinha, colocou a mocinha pra dentro… Aí tivemos o problema do xixi, e do cocô. Tentamos várias coisas e com muito amor e paciência consegui ensinar minha “nené” fazer tudo no lugar certinho. Pra quem não queria….em pouco tempo a Meguinha já estava dormindo na cama, beijando, pulando em cima de mim, e de todos….Meu Pai nunca teve afinidade com cachorro e também se rendeu aos encantos da MEG, hoje é o vovô e a netinha…é um amor só….

Marcos– Qual foi a sequência de chegada das 4?
Roger– Como a Kellin já descreveu, quem começou nossa vida de cachorreiros foi a Meguinha em 2009. Tudo corria tranquilo e em março de 2012 fizemos uma viagem com toda a família para a praia (Riviera de São Lourenço). Em um dos dias fomos fazer compras e no estacionamento do supermercado tinha um carro parado com a janela aberta que tinha dentro… uma labradora mais velhinha com uma carinha doce chamada Mel. O nome ficou gravado… Certo dia em compras no Walmart aqui em Uberaba, passando em frente a um Pet shop que havia na entrada, vimos na vitrine uma gaiola com filhotes de Golden, uma com dois e outra com um. Fomos dar uma olhada “sem compromisso”… Todos eram irmãos, dois machos e a fêmea separada, pedimos pra atendente deixar darmos uma olhada na fêmea , quando a peguei no colo, aquele bichinho que mais parecia um ursinho de pelúcia, encostei ela em meu peito e ela olhou bem dentro de meus olhos e lambeu minha barba… depois na sequência lambeu a ponta do nariz da Kellin, pronto, nos encantamos na hora… e como era doce… só podia se chamar Mel! Assim chegou nossa 2ª garota. Ficamos felizes com as duas e planejávamos manter matrizes fêmeas das duas, não para comércio, mas para não perder a origem de tão belas cachorras. Então decidimos cruzar a Meg que era a mais velha (na época com sete anos). Não foi uma experiência feliz. Como ficamos muito chateados por não ter dado certo, principalmente a Kellin que tinha uma grande expectativa da chegada da filhinha da Meg que se chamaria Mia, decidi procurar uma filhotinha de labradora para tentar preencher o vazio que havia ficado. Foi num domingo à noite, logo após o triste desfecho da gravidez da Meg, a Kellin localizou um pessoal que estava com uma ninhada de labrador com mais ou menos 35 dias, perguntou se podíamos ir ver aquela hora, concordaram e não pensamos duas vezes… num instante estávamos na casa deles cercados de labradorzinhos lindos e fortes, uma ninhada de 9, dois já tinham ido embora, queríamos uma fêmea amarela como a Meg e eles disseram que ainda tinha uma assim , porém cadê? Aquele monte de cachorro e onde estava a amarelinha? Lá no fundo do quintal, atrás de uns móveis, com a cara escondida e a bundinha de fora… Trouxeram a bichinha, coisinha linda, toda sujinha de fazer bagunça, faminta como uma leoa, deu uma última mamadinha em sua mamãezinha de sangue e seguiu conosco pro seu novo lar, veio completa, com todos os acessórios, dois carrapatinhos e uma pulguinha de estimação… Quando apresentamos a Meg que estava com o peito cheio de leite, foi uma festa, ela acolheu sua filhinha adotiva como se tivesse nascido dela… E a doidinha novata se esbaldou. Assim chegou nossa 3ª garota, Mia. Daí chegou o tempo de cruzar nossa Melzinha e novamente o desfecho não foi bom. Desta vez não foi tão dramático quanto com a Meguinha pois não chegou a “prenhar”, mas também ficou o vazio, a tristeza, a frustração… Num sábado chuvoso, fomos chamados pra ver uma ninhada de Golden com 29 dias. Fomos sem pensar duas vezes… Chegando lá, uma ninhada também de nove filhotes, todos grandes e uma pequenininha. Pronto, já estava escolhida, agora batizada de Mei! Meu Deus!!!! Que bichinho difícil de vingar… não comia, não mamava, foi muito difícil, mas a sorte que ela teve foi que a mamãe humana dela é fantástica e dedicada demais… Deste jeito chegou nossa 4ª garota….

 

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Marcos– Por que essa raça específica? Nunca pensaram em outra?                                                                                                                                                            Kellin– Nos encantamos com a raça Labrador e Golden. São dóceis, inteligentes, carinhosos, amorosos, tudo de bom… Depois de conhecer essas raças não tivemos olhos para outras raças, tamanha paixão! São companheiras, ficam o tempo todo com a gente, temos home office, e um dos motivos é poder ficar com elas…nossas meninas lindas.

Marcos– Nunca pensaram em ter um macho da raça?

Roger- Não, como não somos criadores para procriação e sim por curtir demais a vida com essa galerinha peluda, achamos melhor manter somente fêmeas, principalmente pelo fato de viverem em completa paz e dentro de casa muito próximas a nós. O fato de colocar um macho junto geraria problemas tipo demarcação de território, sem contar quando uma delas entrasse no cio, seria uma loucura pra controlar a farra.

Marcos– Viveram a experiência de uma delas ficar prenhe?

Kellin-  Me emociono muito, sobre esse assunto. Aliás, nos emocionamos…com tanto amor queríamos tirar uma cria da Meguinha, para sempre ter uma parte dela com a gente…parecia tudo perfeito, escolhemos o cachorro ideal Thor muito parecido com ela, lindo, dócil, um encanto de cachorro, veio ficar na nossa casa…infelizmente não engravidou. Então levamos ela para a casa dele. Também não deu certo. Tentamos com mais alguns cachorros em outros cios, não deu. Tentamos até inseminação artificial. Falamos com a Jussara mamãe do Thor e ela gentilmente trouxe o garotão para nossa casa. Eis que o sonho parecia se realizar. Levamos ao veterinário que nos acompanhou em todos os momentos desse processo e veio a confirmação: nossa Meguinha estava prenha de dois filhotes. Cercamos nossa gravidinha de mais cuidados ainda. Tudo pronto esperando a natureza agir…Infelizmente, não deu. Os filhotes morreram…Era uma fêmea (Mia) e um macho (Fred). A família toda parou…meus pais, meu querido irmão William e querida cunhada Darlene que moram no condomínio com a gente e a Melzinha que nos seguraram nessa hora, e nossa vozinha de 96 anos que amava a Meg de paixão. Passado tudo isto, no final de 2017, pensamos em tentar com a Mel com 6 anos, nossa linda Golden doce como o nome…consegui um cachorro de cobertura com pedigree de um canil de Uberlândia. Max ficou na nossa casa com ela e tudo parecia fluir bem, quando no segundo dia que estavam juntos, percebi uma secreção esverdeada na Mel, tirei uma foto e já enviei ao veterinário. Diagnóstico de Piometra. Tivemos que castrar a nossa princesa Melzinha. Desistimos dessa experiência de engravidar nossas meninas…não nascemos para ser avós… Depois de tanto sofrimento não queremos passar por tanta tristeza de novo…

Marcos- Vocês têm muita história para contar. É verdade que você conseguiu “curar” uma delas de coprofagia? Como foi?
Kellin- Contrariando a tudo e a todos, consegui curar a Melzinha de coprofagia… Quando ela chegou não foi muito bem aceita pela Meguinha, por conta de ciúmes, a Meg me rejeitava no início…então a Mel ficava no canil fora de casa, e no primeiro dia já percebi algo estranho. Além do bafinho vi ela comendo as próprias fezes…que horror! O Roger ficou muito bravo não aceitava aquilo, achava muito nojento e de fato era…lá vou eu com todo o meu amor e paciência de novo…Dei remédio para amargar as fezes, fiz tudo que todo mundo falava, veterinários, curiosos, palpiteiros e nada resolvia…enfim, fiz do meu jeito! Ficava vigiando quando ela ia fazer cocô, e retirava antes que ela pudesse abocanhar…pior que tinha que vigiar o cocô da Meg também. Quando ela comia, eu ficava muito brava, pegava um lenço umedecido para limpar aquela nojeira…, isso para tirar o grosso pois era uma boa quantidade de fezes, e depois escovava muito os dentes e a boca da MEL. A MEG sempre foi muito limpinha e higiênica e tinha nojo da Mel. Eu tinha que trocar a água delas o tempo todo… Até que um dia ela fez o processo de novo e eu desesperada fui as lágrimas, não fiquei brava, mas limpei ela chorando muito, e ela percebeu o quanto aquilo me entristecia. Vi que começou a funcionar, toda vez eu chorava, ela com toda sua inteligência viu que eu ficava triste. Foi indo e graças a Deus acabou o problema definitivamente…. No começo quando ela ia cheirar algum cocô eu temia uma recaída, mas não teve.

a523ac45-831b-45e8-b499-e3c1384d83dcMarcos- Cada uma tem características bem diferentes da outra?                                                                                                           Roger- Sim, cada uma tem seu jeito e bem distinto. A Meg é a matriarca da galera, desde de pequena tem a personalidade forte, brincalhona, amorosa e carinhosa, porém tudo na hora que ela quer… Sempre disposta a uma boa caminhada. É nosso ombro amigo sempre, quando a barra pesa ela está sempre pronta pra um abraço e boas lambidas… A Mel é muito doce como o próprio nome diz, tem um problema com seu tamanho, pois é a maior delas mas acha que é um Pinscher… também gosta de caminhadas mas prefere ficar no seus cantinhos preferidos e perto de nós. A Mia é a doidona do pedaço, hiperativa, um pouco insegura o que gera muitos latidos às vezes, mas com um coração enorme, qualquer reação diferente das companheiras ou nossa ela vem correndo, cheira tudo e verifica se está tudo bem, é nossa socorrista e segurança, muito atenta a tudo aciona o alarme quando preciso… A Mei é o nosso bibelô de cristal, toda cheia de manias e frescurinhas… Mamãe tem que dar comidinha na boca com musiquinha, para o banho o papai tem que pegar no colo e levar até o chuveiro e vai por aí a fora… Uma coisa que é comum a todas é a alegria, carinho e a maneira de festejar a cada encontro, como se fizessem anos que não nos víamos. Outro detalhe é que todas são Fashion, minha sogra é muito elegante conhecida por elas como “Aninha” e repassa as roupas dela para as meninas…andam na moda as danadinhas….kkkkk

Marcos– São educadas pra comer e fazer necessidades?
Roger- Sim, começou com a Meg a quem a Kellin se dedicou muito e ensinou o lugar para fazer as necessidades e as horas de comer, depois na sequência as outras acabam seguindo o básico que já vem da líder da matilha, mas ainda assim a mamãe deu a lapidada final em todas para ficarem dentro da educação desejada.

Marcos– Existe alguma que exige mais atenção que a outra?                                                                                                                                                                          Kellin- Sim sempre…cada uma tem suas peculiaridades, gostos e manias, mas a rerê (MEI) essa veio de encomenda. Desde o primeiro dia dela em casa já percebemos que teríamos que ter uma dedicação especial e diferenciada com ela… Ela não pegava a ração sozinha, tinha que dar na boca, etc. Eu corria atrás dela na casa inteira para tentar fazê-la comer, seguimos todas as orientações, e era muito estressante, mesmo assim fui incansável…tinha momentos que eu ficava desesperada, ela chegou a ficar 2 dias sem comer nada. No final, com muito carinho, paciência e dedicação hoje ela está uma cachorra linda, forte e saudável.

Marcos- É verdade que vocês escovam os dentes de todas elas todos os dias?                                                                                                                                            Roger– Quase todos os dias, porém se dependesse delas escovariam após todas as refeições pois elas adoram. É uma boa pratica, pois até a Meg que já tem 11 anos tem a dentição perfeita.

Marcos- A presença do adestrador é fundamental?                                                                                                                                                                                        Roger- Sem dúvidas, principalmente quando se é cachorreiro novato é fundamental. Os ensinamentos para sociabilizar o cão, regras básicas de como agir em situações diversas tanto em um passeio como no comportamento dentro de casa no dia a dia, tudo isso é importantíssimo para se ter uma convivência prazerosa e saudável para os dois lados. Demos muita sorte em encontrar o adestrador certo para nossas garotas, afinal não podemos entregar entes tão preciosos pra nós nas mãos de qualquer curioso. Uma característica que achamos fundamental neste profissional é o amor pelo que faz e pelos seus “alunos”, isso é fácil de verificar, basta observar a cachorrada, como se comportam com o adestrador. As nossas alucinam quando ele vem, é só alegria… O Adriano da Educacão está conosco desde o começo quando chegou a Meg e seguiu com o resto da galerinha. Trabalho de confiança e eficiência. Super indicamos, ele e sua esposa Patrícia, pela dedicação e responsabilidade com nossas garotas.

Marcos-Tem um episódio envolvendo a avó de um de vocês…conte essa história.                                                                                                                                  Kellin– A minha avó paterna Celeste morava com a gente, em uma casa no pavimento inferior…No começo ela não gostou muito da idéia de termos cachorro….só uma questão de tempo… Durante o dia a Meg entrava na casa da vó e ia se aproximando devagar, um dia roubou um pão com ovo da mão dela…a vó caiu na risada. E ela sempre gostou de comer biscoito de polvilho no café da manhã e à tarde, e ficou com dó da carinha pidona da Meguinha e passou a dar biscoitos pra ela. Todos os dias nós e meu pai íamos rezar com a vó, e a Meguinha ia junto, já sabia até a hora… A gente falava vamos rezar com a vó ela pulava serelepe e festeira e ia correndo, no final da reza ganhava um biscoitinho, e o finalzinho do potinho de danette branco da vó para lamber…e assim foi chegando mais gente…Melzinha e Mimi….todas esperando o final da reza…Infelizmente no auge dos seus abençoados e felizes 98 anos a vó faleceu. Os dias ficaram difíceis, e elas ficavam tristes e inquietas na hora de irmos rezar. Elas nos ajudaram muito a superar tudo isso, e ao meu Pai também!
Marcos-Quem manda na casa?                                                                                                                                                                                                                              Roger– Antes de mais ninguém “Deus”!! Em segundo o amor, a paz e a harmonia. Depois na sequência vem as meninas que dominam o pedaço, seguidas da mamãe que bota ordem em tudo e no fim da fila, mero atendente dessa galera maravilhosa… eu (risos).

Marcos- Gostaria que vocês deixassem uma mensagem para os seguidores do blog sobre convivência entre humanos e cães.                                                      Roger- Sempre tive uma vida completa e feliz ao lado de minha amada esposa Kellin. Quando criança e na adolescência tive cachorros e sempre gostei muito destas figurinhas… Estava aí o cenário perfeito, um casamento feliz e uma vida inteira para desfrutar de tudo o que Deus nos deu… pra virar comercial de margarina (somente figurado pois saudável é manteiga) só faltava o cachorro… Daí entraram estas bênçãos em nossas vidas. Eles conseguem nos trazer de volta a percepção que uma criança tem da vida, onde a correria contra o tempo não existe e o que importa é viver a vida como uma festa sem fim. Estes anjos nos ajudam a ver a vida desta maneira… Agradeço a minha querida esposa por se doar e cuidar tão bem de mim e de nossas meninas!

Kellin- Eu gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer ao amor da minha vida Roger, que cuida de todas nós com todo amor, carinho e dedicação do mundo, por ter mudado a minha e a nossa vida totalmente para muito melhor, nos presenteando com esses pacotinhos de alegria… Não imaginamos nossa vida sem elas. São só amor, fidelidade e companheirismo…não tem tristeza que resista aos encantos desses “serzinhos” de luz, anjos do caminho em formato de cachorras! “Amor Incondicional”, nossas filhinhas de pelos! Ps: Gostaria de fazer uma observação, meus irmãos nunca tinham tido cachorro, e depois da Meg na nossa vida, virou uma cachorrada só, todos eles têm uma matilha

Janaína Coutinho

Missão Possível!

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Janaína Coutinho tem duas graduações, sendo que uma delas é em Direito, profissão que exerce e tem pós-graduação nas áreas Civil e Trabalhista. Atualmente ela está terminando outra pós-graduação em Gestão Ambiental. Por formação acadêmica ela é plenamente qualificada para exercer o cargo de Superintendente de Saúde Animal de Uberaba e o faz muito bem. Mas vai muito além das qualificações técnicas. Janaína é uma pessoa serena, tem uma postura firme de quem sabe muito bem o que está fazendo e, acima de tudo, ama animais. Com muito bom senso- que é uma exigência preliminar para quem vai lidar com situações embaraçosas e complicadas como as pertinentes a esse trabalho- ela vai cumprindo esta verdadeira missão. Uma missão que implica conviver com a vulnerabilidade de um animal e a consciência humana. Missão difícil, mas possível, desde que haja vontade e amor pela causa. Basta conversar com ela um pouquinho que a gente percebe que esse equilíbrio lhe é muito natural. É casada com Alessandro Soares, e viajar é uma das coisas que o casal adora, além de curtir muito as duas cachorrinhas Leffe e Belinha.

 
“Sempre gostei muito de animais, mas, tinha muito medo, a ponto de não conseguir chegar perto”

 
Marcos Moreno– Desde quando existe a Superintendência de Bem Estar Animal?
Janaína Coutinho – A Superintendência foi criada em 2015 (Lei Municipal 12.206/2015) por iniciativa da Vereadora Denise Max e sancionada pelo Prefeito Paulo Piau.
Criada na Secretaria de Governo, em janeiro de 2019, através da Lei n. 12.996/2019 foi transferida para a Secretaria de Meio Ambiente, gerida pelo Secretário Marlos Salomão.

 
Marcos– Você sempre ocupou o cargo de superintendente?
Janaína – Não, passei a ocupá-lo em novembro de 2015 (Decreto 5019/2015)

 
Marcos – Acredito que para ocupar esse cargo seja inevitável o fato de gostar muito de animais. Você sempre gostou?
Janaína – Atuo na causa desde 2005. Com certeza além de muito amor pelos animais, para atuar nessa causa temos que ter a convicção de que os direitos dos animais devem ser respeitados.
Não é um trabalho fácil, pois, a maior missão é fazer com que outras pessoas entendam que os animais possuem sentimentos, sofrem dor, medo, sentem fome, frio, e que dependem de nós humanos.
Sempre gostei muito de animais, mas, tinha muito medo, a ponto de não conseguir chegar perto.
No entanto, quando via algum animal atropelado, machucado ou sofrendo na rua ligava para meu primo, que é veterinário, para socorrê-lo, pois, apesar não conseguir me aproximar sempre tive muito dó e compaixão pelos animais.
Até que, no ano de 2000, juntamente com minha irmã, fiz meu primeiro resgate, um pitbull com cerca de 45 dias que havia sido abandonado pelo tutor sem água e sem comida.
Após o resgate o levamos para uma clínica veterinária que ficava próxima à praça Carlos Gosmes, onde ele ficou por vários dias.
Na época eu e minha irmã, éramos universitárias e não tínhamos dinheiro, vendemos uma jaqueta para pagar o tratamento, rsrs.
Após receber alta o Pitbul, a quem primeiro demos o nome de Branquinho e depois de Max, foi pra minha casa e tive que superar meu medo para continuar lhe dando os remédios necessários.
Max, meu primeiro filho, viveu comigo por quase 18 anos, depois dele vieram a Yanka, o Mussum, a Laila, a Leffe e a Belinha.

 
Marcos– Atualmente você tem cães? Sua família também curte animais?
Janaína– Atualmente tenho a Leffe e a Belinha, mas, fui mãe do Max, da Yanka e do Mussum que infelizmente já partiram.
Na minha família todos amam animais, até meus dois sobrinhos, de 8 e 2 anos são apaixonados por animais, brinco que são pequenos protetores.
Minha irmã tem o Napoleão e o Boris.

 
Marcos– É um trabalho que exige dedicação em tempo integral?
Janaína – Sim, é um trabalho contínuo, recebo ligações e mensagens com pedidos de ajuda o tempo todo, as vezes até de madrugada. Infelizmente nem sempre é possível ajudar a todos ou chegar a tempo.

 
Marcos– Desde quando existe lei de proteção animal?
Janaína – O primeiro Decreto Federal que estabeleceu medidas de proteção aos animais é de 1934 – Decreto lei N° 24.645, de julho de 1934, que delimitou em seu Art. 3° o que são considerados maus tratos, no entanto, entendo que, as leis de proteção e defesa animal, até alguns anos atrás não tinham efetividade.
Gradativamente observo que o direito dos animais vem ganhando força e respaldo nos últimos anos, pois, através do trabalho, incansável, dos protetores/ defensores da causa animal, órgãos públicos e ONGs, as pessoas, de um modo geral, estão tendo conhecimento e entendendo que os animais são protegidos e amparados por lei e que seus direitos devem ser respeitados.
                                                                                                                                                                                                                                                                           

                                                                                                                                   Marcos– Qual a maior demanda das pessoas para a Superintendência?janaina vereadora Denise Promotores Carlos Valera e Monique Mosca reunião causa animal (002)     Janaína – A maior demanda, sem dúvida, são as denúncias de maus tratos, dos mais variados tipos (mutilações, animais acorrentados sem água e sem comida, abandono, estupro, espancamento, entre outros).
No ano de 2019 foram realizadas 557 (quinhentas e cinquenta e sete) notificações extrajudiciais, com o objetivo de apurar denúncias de maus tratos. Além disso, realizamos inúmeras Diligências “in locu”, encaminhamos ofícios ao Ministério Público, contendo representações de casos de maus tratos para medidas judiciais cabíveis e Informativos, com orientações quanto a existência das LEIS MUNICIPAIS, ESTADUAIS E FEDERAIS DE PROTEÇÃO E DEFESA CONTRA MAUS TRATOS AOS ANIMAIS:
– DECRETO FEDERAL/ 1934;
– LEI FEDERAL 9605/1998;
– LEI ESTADUAL MG 22.231/ 2016;
– LEI MUNICIPAL COMPLEMENTAR N.º 380 – Código de Posturas do Município de Uberaba;
– LEI MUNICIPAL CÃO E GATO COMUNITÁRIO LEI Nº 12.522/ 2016;
– DECRETO MUNICIPAL Nº 1674, DE 08 DE JANEIRO DE 2014;
– COMPLEMENTAR N.º 389, etc.
Simultaneamente participamos de feiras de Adoção de cães e gatos, realizamos Campanhas, palestras em escolas, administramos a pag. da Superintendência no facebook – www.facebook.com › pages › Superintendência-de-Bem-Estar-Animal / Superintendência de Bem Estar Animal – Uberaba … – Facebook, bem como participamos de diversas reuniões e eventos diretamente relacionados com a causa animal, entre eles reuniões no Ministério Público, Polícia Militar do Meio Ambiente, etc.

 
Marcos- Como é o procedimento para atender uma denúncia e de que maneira a Superintendência atende?
Janaína – o procedimento varia de acordo com cada situação, em algumas demandas orientamos o denunciado quanto à posse responsável e a prática de maus tratos.
Em outras, é necessário a intervenção da polícia e do Ministério Público – 1ª Promotoria De Justiça Do Meio Ambiente, ressalvando aqui o valoroso trabalho do Dr. Carlos Valera e da Dra. Monique Mosca.
Algumas situações requerem a elaboração de projetos de leis, campanhas educativas, campanhas de adoção, entre outras.
A exemplo temos a campanha do agasalho animal cuja primeira edição, lançada em 2018 arrecadou mais de mil peças, e em 2019 esse número mais que dobrou, valendo ressaltar que, somos uma das poucas cidades em Minas Gerais a realizar esse trabalho.

 
Marcos– Existe uma estrutura física, como carro especial, pessoal treinado e um lugar específico e preparado para alojar os animais que são resgatados?
Janaína – A Superintendência, desde janeiro 2019, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, está sendo reestruturada, hoje contamos com 03 (três) servidores, carro disponibilizado pela prefeitura, cadastro informal de pessoas dispostas a dar Lar Temporário ou adoção. E muitas novidades estruturais estão por vir nesse ano de 2020.

 
Marcos– Existe algum projeto nesse sentido?
Janaína– Sim, existem alguns projetos que serão implantados no decorrer desse ano de 2020.

 
Marcos– Não há uma superlotação nas ONGS conhecidas?
Janaína – Sim, hoje temos, devidamente, registradas em nossos cadastros duas ONGs, sendo elas, Abrigo dos Anjos e SUPRA, contendo cerca de 600 e 900 animais respectivamente cada uma.
Existem no município inúmeras protetoras independentes, que, embora, não estejam registradas, atuam de forma intensa e significativa para o bem estar dos animais, sendo que, a maioria também está superlotada.

 
Marcos- Os protetores independentes em Uberaba têm leis ou normas a serem respeitadas, como por exemplo local, higiene, etc, em função de barulho, odor e outras coisas que as pessoas possam reclamar?
Janaína– Como mencionei no item anterior existem no município inúmeros protetores independentes que fazem um trabalho lindo e muito dinâmico.
As leis de posturas devem ser respeitadas por todos os munícipes independentemente de serem ou não protetores, mas, temos poucas demandas quanto a questão de local, higiene, odor e barulho, vez que, a maioria dos protetores agem de forma consciente e responsável e estão sempre focados no bem-estar dos animais.
Lembrando que, criar, manter ou expor animal em recinto desprovido de segurança, limpeza e desinfecção, de acordo com a legislação vigente é considerado maus tratos.

 
Marcos- Questiona-se muito o cumprimento das leis em relação à aplicação de penalidades por maus-tratos e abandono. A seu ver, isto tem evoluído?
Janaína– Sim, a evolução é bem visível, há até bem pouco tempo era comum e de certa forma natural as pessoas maltratarem os animais sem que nada fosse feito.
Hoje não, graças a Deus, as pessoas se incomodam com os maus tratos, e não toleram mais ver um animal em sofrimento, denunciam e pedem justiça.
Assim, as leis já existentes que antes tinham pouca efetividade, hoje estão sendo cumpridas, além disso novas e mais eficazes leis foram criadas, e a busca pelo aprimoramento das medidas de proteção e defesa animal é constante nos órgãos competentes.

 
Marcos– O repasse de verba para uma ONG é municipal? As verbas conseguidas na esfera política vão diretamente para ONGs ou passam pelo órgão público municipal?
Janaína– Em Uberaba o Prefeito Paulo Piau tem contribuído mensalmente com as entidades regularizadas no município. Além disso o Prefeito tem liberado emendas dos Vereadores destinadas a essas entidades.
O Ministério Público tem auxiliado com a destinação de TACs.

 
Marcos- Você acha o povo de Uberaba generoso de um modo geral em relação à causa animal?
Janaína– Sim, os uberabenses têm se mostrado cada vez mais intolerantes com situações de maus tratos e solícitos com a causa, por exemplo, quando divulgamos pedidos de doação de medicamentos, ração, etc, muitos se manifestam e se empenham em ajudar ou quando divulgamos pedidos de adoção ou lar temporário as pessoas compartilham os pedidos com objetivos de socorrer os animais.

 
Marcos– Assunto não nos falta, mas preciso preservar seu tempo. Então gostaria que você deixasse uma mensagem.
Janaína -Quem pensou um dia que um defensor chegaria tão longe? Trilhamos um longo caminho, lutamos grandes batalhas cujo único objetivo sempre foi MELHORAR A VIDA DOS ANIMAIS e ao final estamos, pouco a pouco, colhendo a recompensa, pois, a “voz” dos animais está se fazendo ouvir.
Os animais que no passado eram objeto, agora são tratados com respeito e dignidade. Hoje têm direitos.
No futuro sonhamos com dias melhores, quando nossos animais serão tratados como amigos, companheiros, como eles, de fato, o são. As pessoas estão se conscientizando, os voluntários/protetores independentes aumentando, a sociedade denunciando, doando tempo e recursos para a causa. Por fim, quero repassar uma mensagem que li há alguns dias e achei linda, pois, resume um pouco do amor que sinto, ou melhor sentimos pelos animais:

“De vez em quando as pessoas me dizem “relaxe, é apenas um cachorro” ou “é muito dinheiro apenas para um cachorro”. Eles não entendem a distância percorrida, o tempo investido ou os custos incorridos por “apenas um cachorro”. Alguns dos meus momentos mais orgulhosos aconteceram com “apenas um cachorro”.

Muitas horas passaram sendo minha única empresa “apenas um cachorro”, mas nem por um único momento eu me senti desprezado. Alguns dos meus momentos mais tristes foram para “apenas um cachorro”, e naqueles dias cinzentos, o toque suave de “apenas um cachorro” me deu o conforto e a razão para passar o dia.

Se você também pensa “é apenas um cachorro”, então você provavelmente entenderá frases como “apenas um amigo”, “apenas um nascer do sol” ou “apenas uma promessa”. “Somente um cão” traz à minha vida a própria essência da amizade, da confiança e da alegria pura e desenfreada. “Somente um cão” traz a compaixão e paciência que me tornam uma pessoa melhor.

Por “apenas um cão”, vou me levantar cedo, vou fazer longas caminhadas ansioso para o futuro. Então, para mim, e para pessoas como eu, não é “apenas um cão”, mas uma encarnação de todas as esperanças e sonhos do futuro, as lembranças do passado e a alegria absoluta do momento. “Somente um cão” traz o bem em mim e desvia meus pensamentos para longe de mim e das preocupações diárias.

Espero que um dia você possa entender que não é “apenas um cachorro”, mas o que me dá a humanidade e me impede de ser “apenas um humano”. Então, na próxima vez que você ouvir a frase “apenas um cachorro”, apenas sorria porque “simplesmente não entende”.”
Richard A. Biby

Phriscilla Pires

Resgates trágicos

Um dos acontecimentos mais impactantes do Brasil nos últimos dias foi a tragédia provocada pelas fortes chuvas em Minas Gerais, fato que já é histórico e confirma a tendências das grandes catástrofes previstas em função do aquecimento global. A todo instante estamos assistindo cenas de depoimento de pessoas que perderam tudo nas enxurradas e transbordamento de rios, cenas de enterros de vítimas dessa grande tragédia. Por ser a razão da existência do blog, fomos procurar informações sobre a situação dos animais que também estiveram ou estão no cenário de destruição causado pelas tempestades. Falamos com Phriscylla Pires, coordenadora do curso de Medicina Veterinária do UniBH

 

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Marcos Moreno- Naturalmente as famílias atingidas pelas fortes chuvas tinham animais de estimação. Há relatos de perda desses animais?
Phriscylla Pires– Muitas famílias foram atingidas pelas fortes chuvas na região metropolitana e isso é muito triste. Percebemos que o poder público tem maior preparo para lidar com situações como essas, avisando e prevenindo maiores tragédias. Vimos a sociedade se mobilizar e se preparar para o volume de água previsto pela defesa civil. Apesar de termos aprendido lidar melhor com a vida humana, nessas situações, ainda carecemos de procedimentos que garantam também a vida dos animais domésticos. A maior parte da população desabrigada foi destinada para lugares que não recebiam ou não estavam preparadas para receber animais. Assim, muitas dessas pessoas foram obrigadas a deixá-los. Por isso, tivemos muitos óbitos, embora não haja uma precisão estatística sobre o número.
Marcos- Foi registrado algum resgate dramático de animal?
Prhiscylla– Temos vários resgates dramáticos, cadelas e gatas com seus filhotes, resgate de peixes, calopsitas, abandonados em meio à enchente… No final todos os resgates são dramáticos e cheios de significados.
Marcos- Há risco de disseminação de zoonoses?
Prhiscylla-As chuvas possibilitam o risco de transmissão, principalmente de leptospirose, uma doença que acomete a maioria dos animais domésticos, mas tem como hospedeiro preferencial os roedores. Com as enchentes, essa bactéria, eliminada na urina dos ratos, pode ser veiculada através da água. Existem outras zoonoses que podem incorrer do abrigo irregular de animais como sarnas e infestações parasitárias (pulgas, carrapatos e até mesmo verminose).
Marcos- Existe algum abrigo improvisado para acolher esses animais?
Prhiclylla- No UniBH trabalhamos acolhendo animais recolhidos pelo Grupo de Resgate de Animais de Desastres (GRAD). Nossas instalações são destinadas para animais que necessitam de cuidados médicos. No entanto, diante da emergência, alteramos o funcionamento para abrigar esses animais. Cabe ressaltar que a estruturação de abrigos temporários deve ser pensada de maneira a garantir o bem-estar animal. Por isso, sugere-se que as pessoas não tomem essa providencia sem intervenção de um veterinário.

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Marcos- Se identificados, esses animais serão encaminhados para seus tutores?
Prhyscilla– A maioria dos animais recebidos pelo hospital veterinário foram identificados com esse propósito. Cerca de sete deles já reencontraram seus donos. Na impossibilidade de os tutores receberem esses animais, estamos encaminhando para lares temporários até que possam recolhê-los. Animais abandonados serão destinados para adoção.
Marcos- Há alguma estratégia de ação previamente estabelecida em relação aos animais quando acontece esse tipo de coisa?
Prhyscilla-O ideal seria destiná-los para um abrigo, mediante risco ambiental. Basicamente deveríamos estruturar estratégias similares aquelas que empregamos para seres humanos.
Marcos- Há ajuda financeira por parte de órgão públicos?
Prhiscylla– Nenhuma. Graças a Deus podemos contar com uma ampla rede de apoio de pessoas sensíveis e caridosas que contribuíram com doações de diversas naturezas.
Marcos- Que informações além destas devem ser passadas para a mídia?
Prhiscylla– O hospital veterinário do UniBH tem grande orgulho do trabalho social que tem entregue para a sociedade desde a sua inauguração. Temos trabalhado com muito empenho e amor para que toda forma de vida seja respeitada. Como uma entidade privada, sem auxílio de verbas públicas, temos limitações em atender todas as demandas da população carente. Por isso, estruturamos a maior parte de nossos programas através de projetos de extensão e com ONGs parceiras. Isso é importante para o bem-estar e cuidado com os animais.

 

Vitória Ratto

De volta ao começo…só que não!

Pois é!, até há pouco tempo nossos animais domésticos, mais precisamente nossos cães e gatos, eram alimentados com sobras do que a gente comia. No máximo um “anguzinho” com pedaços de carne. Viviam, mas a gente já esqueceu de que morriam, que doenças tinham e como passaram a viver  a partir das rações. O certo é que tudo mudou muito em todos os aspectos da vida, tanto humana quanto dos animais “irracionais”- que de irracionais nada têm- e a gente já sabe. Tudo isto para apresentar nossa entrevistada, a jovem advogada Vitória Ratto. Ela é muito jovem, cresceu na fazenda da família e sempre esteve rodeada de animais. Por ser jovem, já viu seus cães sempre alimentados com ração, mas soube por seus antepassados que já tinha sido diferente. Hoje, graças às mudanças a que nos referimos, alimenta sua cachorrinha com ração. ALIMENTAVA! Por um problema de saúde acabou descobrindo que precisava alimentar sua cachorrinha com comida natural. De volta às sobras de comida? Não, agora não é bem assim. Mas foi assim que começou toda a história que vocês vão ver.

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“De cães a cavalos, tive uma vida sempre rodeada por animais”

 

Marcos Moreno– Naturalmente, a primeira pergunta é a clássica. Você está desenvolvendo um tipo de alimentação natural para cães. Como surgiu o interesse?
Vitória Ratto– Isso. Tenho uma empresa que se chama Bonnan especializada em alimentação natural para cães. Nós fabricamos uma alimentação totalmente natural, livre de conservantes, corantes, palatabilizantes, enfim, livre de qualquer industrializado nocivo à saúde dos cães. Essa alimentação trás um aumento na qualidade de vida dos animais, proporcionando mais vitalidade, pelagem brilhante, maior resistência a doenças, além de reduzir o volume e odor das fezes. As receitas são balanceadas por um nutricionista animal e substituem 100% a ração convencional. Essa comida é preparada com toda a responsabilidade que o assunto merece, tendo em vista que os animais possuem demandas e proibições específicas. E tudo isso de forma prática, nós entregamos em casa, já dividido em porções diárias, congelado e embalado à vácuo.
Eu tenho um sócio nesse projeto comigo, que é meu namorado. Eu ganhei dele há 6 anos, uma cachorrinha Poodle, a Teca. E desde sempre ela tem problemas muito sérios na pele. A pele dela sempre descamou, formava feridas, o pelo caia nos locais das feridas. Ficávamos desesperados, já tínhamos tentado praticamente de tudo. Foi ai que em uma conversa no trabalho, um colega do meu sócio que é veterinário comentou com ele se ele já conhecia e se já tinha testado dar alimentação natural. E ele comentou comigo. No início achei estranho, como não era do ramo, não achava que comida fazia bem. Mas inicialmente pesquisei na internet e comecei a entrar nesse mundo fantástico, vi vários depoimentos de profissionais e vi que poderia ser uma solução pra nossa Teca. Na época não achamos nenhuma empresa desse ramo em Uberaba, e fomos procurar fora de Uberaba. Assim iniciamos a dar a alimentação natural e em poucos meses, percebemos uma melhora total na pele da Teca. Foi ai que meu sócio e namorado que sempre teve a vontade de ter um negócio próprio, manifestou a vontade de abrimos uma empresa de alimentação natural para cães. Como foi uma coisa que deu muito certo pra nós, e acreditávamos na eficácia do produto que iríamos fornecer, a abertura da empresa se tornou uma coisa natural, fomos dando para os outros cachorros que temos, fomos percebendo uma melhora em pelagem, enfim, foi incrível ver a mudança dos 4 cachorros, então ficamos muito animados, e querendo ajudar outros tutores a levar uma vida melhor para seus melhores amigos. Com isso procuramos por orientação profissional da área de nutrição animal, e também de setores como marketing, finanças. Foi um longo processo, mas agora temos aí a nossa empresa, prontos para transformar a vida dos cães da região.

Marcos– Você tem uma tradição de família ruralista. Seus antepassados alimentavam cães com sobras de comida ou algum alimento que não fosse ração. Por que surgiu a ração para animais domésticos?
Vitória: Sim, venho de uma família de fazendeiros. Cresci na fazenda, junto com todos os tipos de animais. De cães a cavalos, tive uma vida sempre rodeada por animais. Me lembro da infância na fazenda que os cães eram alimentados com a ração, porém sempre que sobrava algo, ia direto pra tigela deles. Apesar de animais que vivem mais soltos na natureza, no ambiente rural serem mais resistentes, algumas vezes isso gerava alguns casos de diarreia e vômitos. Acredito que isso era em decorrência das sobras serem totalmente desbalanceadas e conterem ingredientes nocivas à saúde dos cães como por exemplo temperos como cebola.
A história da ração é longa, mas resumindo, ela surgiu para facilitar a vida dos tutores. No Brasil foi por volta de 1970 que se deu início a produção de alimentos destinados especialmente a cães e gatos. Mas antes disso a dieta era natural, não tão balanceada, o que muitas vezes atrapalhava a longevidade e qualidade de vida desses animais. Atualmente o movimento está voltando às origens do natural, porém com o auxílio de profissionais que se baseiam em estudos para dar a melhor qualidade de vida para os animais.

Marcos– A visão humana em relação aos animais, de um modo geral, também mudou muito. O que você considera exagero nos dias de hoje?
Vitória: Já faz um certo tempo que cães não estão mais nos quintais das casas. Atualmente eles foram elevados a outro nível, são presenças bem vindas no interior das casas, e são tratados com todo o amor e respeito que merecem. Acho que isso foi muito positivo, os cães se tornaram grandes amigos, verdadeiros companheiros dos humanos.
Marcos– Esse novo mercado de alimentação mais natural para pets ainda é bem caro. Há uma tendência de ficar mais acessível?
Vitória– Temos rações de todos os preços sendo comercializadas. Mas se formos analisar basicamente o preço da comida, veremos uma leve diferença entre uma ração super premium que está no mercado. Porém o que o tutor tem que levar em consideração é que ele terá além dos benefícios como melhora na pelagem, redução no volume das fezes, ele estará trazendo mais saúde para a vida do animal. Os inúmeros componentes industrializados das rações podem ser os causadores de várias alterações metabólicas e doenças como colesterol, diabetes, pressão alta, problemas renais e câncer. O que além de gerar uma difícil luta contra essas doenças provenientes desses componentes, acarreta também altos custos com medicamentos para tentar sanar essas doenças, que por várias vezes não são mais curáveis depois de adquiridas. Temos diversos casos de clientes que nos relataram que após um curto período fornecendo alimentação natural, deixaram de usar medicamentos para dermatites, otites de repetição. Temos casos de cães com um emagrecimento saudável e gradual, deixando pra trás a tão perigosa obesidade… São diversos relatos de tutores satisfeitos com os efeitos da alimentação natural na vida dos seus amigos de quatro patas. Enfim, os tutores têm que ter em mente que a alimentação natural além de atualmente já ter um preço acessível, ele estará fornecendo muito mais que uma comida, costumo dizer que é o pacotinho da saúde e felicidade diária.

Marcos- Já ouvi e vi casos de cães viverem até mais de 20 anos. Qual foi a média de idade dos pets que você acompanhou?
Vitória-  Sempre gostei e tive cachorros, meu primeiro na infância ainda, foi o Toddy, um Fox Paulistinha. Na fazenda tínhamos o Leão e o Bob, ambos da raça Pastor Alemão. Tínhamos também o Pingo e a Pipoca, dois Fox Paulistinha. Esses foram os meus companheiros de 4 patas na minha infância. Tive já na adolescência a Mel, uma Poodle que minha tia Ângela me deu. Que infelizmente faleceu nova, com 5 anos em decorrência de um câncer. Atualmente penso que se já existisse na nossa vida a alimentação natural para os cães, essa doença poderia provavelmente ser evitada, e a Mel poderia ter vivido muitos anos com a gente. E atualmente tenho a Teca, outra Poodle, e mais 3 que chamo de agregados, são do meu namorado, mas eu atualmente os considero meus também. É uma Vira Lata, um Border Collie, e outra Poodle. Enfim, minha vida sempre teve a presença de cães. Alguns viveram até a velhice, porém alguns infelizmente se foram mais cedo.

Marcos- Naturalmente você pretende aumentar o seu trabalho. O que manteria esse viés natural e não deixaria ser uma opção totalmente industrial?
Vitória- Nós temos esse propósito de sempre trazer as dietas dos animais o mais natural possível. Temos a intenção de expandir para outras cidades, mas sem deixar de ser uma empresa que não utiliza ingredientes industrializados nocivos à saúde.

Marcos– Diferentes raças necessitam de diferentes tipos de alimentação?
Vitória– Sim. Cada cão tem sua individualidade. Por isso nossas dietas são indicadas levando em consideração a raça, a idade, o peso, e se o animal é portador de alguma necessidade, ou se possui alguma alergia. Isso tudo é passado para a profissional especializada em nutrição animal que trabalha conosco. Com esses dados em mãos, ela faz todo o cálculo da necessidade diária de alimentação. Após essa análise, passamos a dieta que se encaixa na realidade de cada animal. É fundamental que os animais estejam com a consulta de rotina no veterinário em dia. Só assim o tutor poderá ter uma ideia real da situação do seu animal.

Marcos– Você pretende criar uma linha de alimentação natural para outros bichos, como gatos, por exemplo?
Vitória– Sim, temos a intenção de em 2021 lançarmos as dietas para gatos também.

Marcos– Você entende/acredita que há fatores psicológicos em animais que possam influenciar na maneira de se alimentarem?
Vitória– Não existe ainda um estudo concreto nessa área para que possamos afirmar com exatidão sobre fatores psicológicos na alimentação. Mas sem dúvida que os cães são muito espertos. Tem gostos estabelecidos, e muito rápido são capazes de aprender coisas, por exemplo no sentido de que se o tutor oferece muito petisco, ele sabe que não precisa comer, e vai sempre recusar a comida, pois sabe que irá receber petiscos. Isso é um fato que tem que ser percebido e exige cuidado e cautela do tutor. Como o animal sabe que irá ganhar o petisco acaba deixando de lado a refeição completa. O que acontece com a alimentação natural é que causa uma grande euforia. É gratificante ver a alegria na hora da comida, o que muitas vezes não acontece com a ração. A ração é uma coisa monótona, já com a dieta natural, eles guardam em mente que a hora da comida será prazerosa, e sempre esperam ansiosos e felizes.

Marcos- Sempre peço para meus convidados deixarem uma mensagem para os seguidores do blog. Pode deixar uma?
Vitória- Quero primeiro agradecer a oportunidade de conhecer o Marcos, e parabenizá-lo pelo conteúdo incrível do blog. Canais como esse são de extrema importância para os amantes dos animais.
E aos seguidores do blog e tutores, fica o convite para aqueles que ainda não conhecem a alimentação natural que busque pelo tema na internet, e consulte seus veterinários a respeito, e descubram a infinidade de benefícios que a alimentação natural pode trazer para a vida dos animais. E claro, que contem com a Bonnan para ajudá-los nessa tarefa.

Adriano dos Santos

Respeito e Sensatez!

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Foto de Ramon Magela

Há 13 anos conheci o Adriano por indicação de uma amiga que me via passear todos os dias com o meu cachorro. Ela me passou o contato dele, dizendo que era um ótimo adestrador. Então o procurei para contratá-lo. Dedicado, estudioso, participativo, dinâmico e principalmente objetivo, Adriano é realmente um profissional de altíssima qualidade. A personalidade firme é um dos itens que acredito ser absolutamente necessária nesse trabalho. Aquele equilíbrio entre o respeito ao cão e a  firmeza de comando. Adriano vai além, conhece as características de cada cão. Mais que de cada raça, porque cada cão é diferente. Ele foi o meu primeiro entrevistado quando comecei a me dedicar à mídia direcionada aos animais, especialmente pets. Já o entrevistei em jornal, aqui no blog e onde tenho oportunidade quero que as pessoas o ouçam e pensem no que ele diz baseado em conhecimentos adquiridos com muitos estudos, em congressos e escolas especializadas e, principalmente pelo amor verdadeiro que tem pelos animais. Essa entrevista foi mais focada no que está rolando hoje sobre “humanização” dos cães, “protestos contra criadores”, etc. Uma abordagem em torno dessa  era atual quando a tecnologia  vem transformando tudo e todos e a gente tem que estar muito mais atento do que imaginamos.

“Lembre-se de que o cão dependerá de você por 14 anos ou mais. E uma vida não é para ficar em 2º plano”

 

Marcos Moreno -O cão é um animal tão doméstico que a descendência do lobo está ficando cada vez mais distante. Algo está passando dos limites?
Adriano dos Santos– Bom…isto é a nova ciência quem está dizendo. Deixarei para a nova geração tirar suas próprias conclusões.

Marcos- Há um modismo de militância em todas as áreas. Sabemos que há pessoas que participam de manifestações de tudo, mas sem analisar racionalmente o que está fazendo e, pior, sem colocar a “mão na massa”. O que você pensa de manifestações contra criadores de cães?
Adriano- O que precisa ser feito é uma divulgação cultural e não sensacionalismo. Separar os criadores profissionais dos de “fundo de quintal” (esses estão preocupados apenas em lucrar. Criadores sérios se preocupam com a qualidade do seu plantel (cães selecionados para a criação, respeitando as exigências dos padrões de raças conforme os Kennel Clubes nacional (CBKC- Confederação Brasileira Kennel Cinofilia) e internacional (FCI-Federação Cinologica Internacional)

Marcos– Humanizados ou robotizados? Existem coleiras eletrônicas que fazem cães obedecer a comandos. Algumas pessoas humanizam demais outras estão robotizando. Que bagunça é essa?
Adriano-Os cães se tornaram membros da família, isso é inegável. Porém as pessoas se esquecem ou, simplesmente ignoram, que eles são animais com diferentes necessidades das nossas. Isso deve ser respeitado e estimulado para o bem estar físico e mental do cão.
As coleiras eletrônicas não passam de ferramenta de trabalho para profissionais da área (não para leigos aventureiros). Cabe aqui uma observação: deveria ser vendida para alguém comprovadamente capacitada, pois leigos colocam em cheque, tanto o adestrador, quanto a ferramenta.
A coleira eletrônica poderia ser comparada ao controle remoto da sua televisão. À distância você aciona os comandos, etc.
Quanto a “robotizar”, para mim é você tirar o direito de “errar” do cão. Em um trabalho de adestramento moderno, isso é permitido e saudável.

Marcos– A internet disseminou imagens de pessoas fazendo “milagres” com cães. Dá pras pessoas desconfiarem de alguma coisa fake?
Adriano– Sim. Um trabalho com cães é complexo, depende dos fatores ambientais, temperamento dos indivíduos envolvidos (família e cão) e etc. A internet faz parecer que é só estalar os dedos e tudo se harmoniza. Porque o sensacionalismo traz audiência. O conforto trás preguiça. A preguiça trás o desleixo. O desleixo trás a eutanásia/abandono.

Marcos- É comum transferirmos para nossos cães nossas frustrações e desequilíbrios emocionais?
Adriano– Sim. Os cães passaram a preencher de alguma forma o vazio, seja em nossa casa, seja em nossas vidas. Nossas inseguranças, a síndrome do ninho vazio e até mesmo nossos valores (aquilo em que nós acreditamos)

Marcos– Fazendo um paralelo tosco, tentando dar um toque de “engraçadão”, pergunto: com a vida, quem tem mais facilidade de aprender, o homem ou o cão? Rsrsrs
Adriano– Ambos aprendem, cada qual com sua capacidade e necessidades. No adestramento a dificuldade está no tutor, em mudar seus hábitos em relação ao cão. Os animais simplificam. Os humanos dificultam.

 

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Marcos– O que mais tira você do sério na relação entre homem e cão?
Adriano– Como eu disse, é a falta de respeito para com o cão, não os respeitando com sua condição natural, de que são animais. As pessoas tendem a forçar coisas ou situações que são normais para eles. Eles não conseguem codificar (assimilar) coisas complexas. Eles entendem o tutor e não as necessidades humanas. Hoje eles estão humanizados na cabeça dos humanos que querem que eles tenham um raciocínio lógico, a ponto de chamá-los de burros (um “elogio” humano para quem é desprovido de inteligência) em algumas situações. Exemplo: o carro está vindo e o cão atravessa a rua. Não respeitam as raças de cães. Ora! Para que existem os padrões de raças, suas classificações e divisões em grupos, etc?
“Querem transformar o rottweiler em goldem”.
Antes de adquirir um cão, procure se informar para qual propósito esse cão foi criado. E se VOCÊ está dentro do perfil dele.
Marcos- Sempre me pergunto onde estão com a cabeça as pessoas que criam cães de grande porte em apartamento. O que você tem a dizer sobre isto?
Adriano- Sem problemas. Os cães são animais de toca e quanto menor o espaço, mais seguros eles se sentem. Eles não podem é ficar sedentários. Os tutores precisam fazer os exercícios diários, passeios, brincadeiras para eles desenvolverem a parte cognitiva e não ficarem entediados. Os pisos não podem ser escorregadios, principalmente na fase de desenvolvimento do filhote. O cão terá sempre um lugar perfeito para passar o tempo e não ficar andando ou correndo sem motivo. Ele poderá viver em um espaço de 100 m², se não tiver estímulo, será igual ou pior que viver em um cubículo.

Marcos-Você se tornou um empresário no segmento de hotel para cães. Para isto é necessário muito espaço? O que é fundamental em um hotel?
Adriano– Em um hotel para cães você precisará de espaço suficiente para o cão se movimentar e fazer suas necessidades do lado oposto à cama dele. O fundamental em um hotel para cães é o manejo e a dedicação (muitas vezes se abdicar de algumas coisas). Acho que não preciso dizer que tem que gostar de cães, né?
Marcos- Quer deixar alguma mensagem para nossos leitores?
Adriano- O cão é para ser prazeroso e não um problema. Portanto, seja sensato antes de adquiri-lo. Certifique-se de que terá tempo, dinheiro, espaço (na sua vida) e dedicação. Não aceite um cão só porque foi um “presente”. Lembre-se de que o cão dependerá de você por 14 anos ou mais. E uma vida não é para ficar em 2º plano.

Cláudia Toledo

Atitude!

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Formada em Pedagogia, mas profissional do segmento comercial, Cláudia Toledo faz parte de um grupo de protetores independente de animais, mais precisamente cães e gatos, naturalmente por serem essas espécies as que se socializaram com o ser humano, se tornaram “pets” e hoje sofrem com o abandono. Desse grupo fazem parte pessoas com o mesmo instinto, o instinto de proteção a esses bichos abandonados ou vítimas de crueldade. Exatamente por ser instinto, não pretendem nada em troca. Um grupo de pessoas que simplesmente, com suas atitudes, lutam por respeito e generosidade para com os animais. Cláudia tem sido testemunha de coisas inimagináveis nessa questão, mas também tem colecionado vitórias quando consegue  amenizar o sofrimento dos que cruzam o seu caminho.

 

“Sempre tenho alguma dívida em clínicas, pet shops e hotelzinho”

 

Marcos Moreno– Você é uma das mais conhecidas protetora independentes de cães. A pergunta óbvia: o que a motivou para isto?
Cláudia Toledo– O que me motivou foi o abandono,descaso e a crueldade com os animais. A minha primeira manifestação foi aos 9 anos contra meu vizinho que jogou uma gata parida e seus filhotes em um córrego. Eu juntei amigos e primos, fizemos cartazes e fomos “manifestar” de frente a casa dele.

Marcos– Você já participou de resgates de outros animais que não cães?
Cláudia– Sim. Gatos, cágados, coelho e galinhas.

Marcos– Qual é a maior dificuldade nessa atividade de protetora independente?
Cláudia- Parte financeira. Sempre tenho alguma dívida em clínicas, pet shops e hotelzinho. Procuro parceiros que possam dar LT (lar temporário) para os resgatados. É um pedido de ajuda sem fim.

Marcos– Em comum, todas as pessoas que fazem esse trabalho de resgate e proteção têm depressão (por algum tempo ou por muito tempo). Você pode falar sobre isto?
Cláudia- Eu mesma não tenho. Minha maior frustração é não poder ajudar a todos que eu gostaria. Mas isso me motiva correr atrás muito mais. Porém conheço várias protetoras que tem graves casos de depressão.

Marcos – Vou repetir a pergunta que já fiz para vários protetores: existem lugares (municípios) com uma situação melhor para os animais abandonados?
Cláudia– Sim.

Marcos– O que você me diz sobre o caso do cão queimado em Uberaba?
Cláudia– Uma covardia sem tamanho. Discórdia entre traficantes e quem perdeu a vida foi o animal inocente e indefeso.

Marcos– Você é favor dos “cruzamentos ” com objetivo de “criar” uma outra raça?
Cláudia– Sou totalmente contra.

Marcos– Você acha que existem poucas leis de proteção ou que apenas não são respeitadas. Se for esse o caso, que medida acharia importante para que existisse mais respeito pelos animais?
Claudia– Acho que as leis são precárias e ineficientes, nada em prol do animal. Tive experiência à 4 anos atrás um caso de abandono de um cachorro acorrentado, impossibilitado de se alimentar, descobrimos o paradeiro do dono e foi assim que fomos parar na justiça. O resultado !? Ele apenas pagou uma cesta básica e saiu rindo da minha cara. Essa é a “punição severa” de um abandono cruel.

Marcos– Você ainda acredita no ser humano?
Claudia– Acredito em termos. Tenho excelentes pessoas ao meu lado que me auxiliam, tudo em prol dos animais. Nessas pessoas eu confio 100%.

Marcos- Seria possível pra você, se afastar desse trabalho de proteção e se voltar mais para um cuidado pessoal? Você gostaria disso?
Claudia– Às vezes tenho vontade de ter tempo para mim. Mas meu amor pelos animais “grita” mais alto.

Marcos- Você pode deixar uma mensagem para os seguidores do blog?
Claudia- Eu gostaria que cada um fizesse um pouquinho a sua parte. Como, uma vasilha de água, pote de ração na porta da casa, ajudar em bingos e rifas. Isso é de grande valor para nós protetoras.

Glenda Garbe Macedo Assunção

Questão de sensibilidade!

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Muitos se lembram dela como um dos primeiros rostos da TV em Uberaba, então apresentadora de telejornal. Muitas pessoas a viram nas passarelas, elegante e bela. Outros tantos foram seus alunos, tanto na Universidade quanto em salas onde ela orientava para a arte. A arte que sempre norteou sua vida e expressa a sua sensibilidade está em cada detalhe de onde vive: nas telas, nas paredes, nos objetos.  Ela parece ter o mesmo dom do rei Midas: tudo que toca vira arte. No caso de Glenda Garbe, não se trata de maldição, ao contrário, de bênção, que ela agradece a todo instante e em cada gesto, especialmente nos gestos de amor pelas filhas e pelo mascote Thor, o cãozinho lindo, um pouco temperamental, que faz parte da energia vital desse ambiente. Ama os animais e com eles sempre, desde criança, teve ótima convivência. Espiritualista, Glenda sabe que tudo está integrado e em constante evolução.

 

“É muita gentileza do Criador em nos proporcionar o convívio com esses “bichinhos”…”

 

Marcos Moreno– Desde criança você convive com animais, especialmente por pertencer à família ruralista. Você acha que o relacionamento com animais mudou muito nas duas últimas décadas?
Glenda Garbe– – Sim. Com certeza. A Internet tem contribuído muito para que nossa ótica acerca do reino animal seja mais positiva . Há postagens intermináveis sobre animais, seja no aspecto da preservação da espécie quanto no aspecto afetivo . Quanto mais assistimos aos vídeos e reportagens sobre animais , tanto mais nos tornamos sensíveis e responsáveis por eles.Os animais , especialmente os cães , ensinam-nos a desenvolver a paciência , tolerância e sobretudo renúncia a situações que , anteriormente eram imprescindíveis para nós . Eles são grandes colaboradores de nossa Evolução Espiritual .

Marcos- Em conversa, você sempre fala da raça de cães Pastor Alemão. O que para você há de especial nesta raça?
Glenda– Há alguns anos tive dois cães da raça Pastor Alemão e, pude constatar que são extremamente carinhosos, inteligentes e muito protetores. Interessante que quando amamos nossos cães, transferimos esse sentimento para todos os animais , independente da espécie . E a extensão do AMOR, o olhar de um é o mesmo do outro. Não há diferença nem tampouco separação. Todos se tornam UM !

Marcos– Apresentadora de telejornal, modelo, professora, artista plástica com grande reconhecimento. Em todos os momentos da sua vida sempre houve a companhia de um animal de estimação (hoje pet)?
Glenda- Desde criança tive a bênção de conviver com cães. Isso foi uma dádiva ! Os psicólogos afirmam que, quando a criança se relaciona com animais , desenvolve a auto estima, segurança e sensibilidade. Realmente são crianças mais felizes! Não se deve privar as crianças desse convívio salutar ! Mencionando ainda que os animais , especialmente os cães, suprem o sentimento de solidão que, porventura uma criança possa ter. Além de serem divertidos , são companheiros maravilhosos !

Marcos Moreno– Você acha que eles realmente influenciam o equilíbrio emocional?
Glenda– Sim, com certeza. Especialmente os cães têm a capacidade de captar nossas emoções . Quando estamos tristes ou chorosos , eles “não desgrudam” e se mantêm presentes durante todo o tempo. São verdadeiros amigos e terapeutas . Soube de uma jovem de 26 anos de idade que contraiu câncer . Segundo o diagnóstico médico , ela teria vida por apenas 6 meses.Ela adquiriu um cãozinho para lhe servir de companhia. O amor dela pelo bichinho foi tão grande que ela se curou ! O amor realmente cura, seja por pessoas ou animais . É um sentimento que restaura nossa saúde e dá um sentido especial à vida !

Marcos– Suas filhas sempre tiveram boa convivência com animais? Tem alguma que não curte?
Glenda– – Sim. Minhas filhas sempre conviveram com cães. Aqui em casa consideramos nossos cães como “membros da família”. A alegria que esses animaizinhos nos proporcionam é contagiante ! Eles são na verdade, os “donos” da casa que, aliás nunca fica impecável. Há sinais de “suas patinhas” em todos os ambientes. Minha filha disse-me que são “sujeirinhas de amor, mamãe !”

Marcos– Como você relaciona seus animais com a espiritualidade?
Glenda– Eu sou muito espiritualista . Estudiosa do assunto e pratico os Ensinamentos. SOMOS TODOS UM. Não há separação entre EU e VOCÊ. Os animais também são seres em evolução .Tudo o que possui vida está em constante crescimento interior . Quanto mais evoluímos , mais respeitamos a vida em qualquer nível . O cientista Isaac Newton tinha um cachorrinho cujo nome era Brilhante. Ele o amava intensamente!! Brilhante estava sempre perto do cientista enquanto se dedicava aos estudos científicos. Certo dia, Newton afastou-se por alguns minutos de sua mesa onde estavam seus estudos, análises e projetos científicos. Quando retornou ao trabalho , verificou que Brilhante subiu na mesa e literalmente “comeu os papéis” que continha o estudo de uma fórmula a que se dedicava …

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Com as filhas, amiga e, claro, o Thor!

Marcos– Já usou animais como inspiração para seus trabalhos maravilhosos de artes plásticas?
Glenda– Não. Eventualmente pinto cavalos . Gosto muito de pintar aves, pássaros. No quotidiano, meu cachorrinho Thor, inspira-nos a manter a alegria por 24 horas, aliás menos um pouco porque ele também dorme (risos). É muita gentileza do Criador em nos proporcionar o convívio com esses “bichinhos” (aqui em casa dizemos “menino”) que gera tanta alegria e bom humor em todos !

Marcos– O que você pensa a respeito das culturas religiosas que sacrificam animais em seus rituais?
Glenda– Eu sempre me assusto quando sou participada de que ainda existe esse tipo de ritual! Tudo é uma questão de evolução . Tudo muda. Nada fica parado. As coisas estão sempre mudando . O Universo é dinâmico. A única Lei no Universo que não muda é a Lei da Mudança . Tudo é efêmero, rápido, fugaz, passageiro! Os conceitos também mudam. Assim também são os seres humanos . Evoluem. Mudam. Crescem. Até mesmo os Dogmas religiosos mudam. Os rituais certamente também mudarão .

Marcos– Na natureza selvagem, que animal mais te fascina?
Glenda– Todos os animais são maravilhosos . São criaturas divinas .

Marcos– Quero que você deixe uma mensagem para os seguidores do blog.
Glenda- Deixo aqui uma das poesias de que mais gosto (um poema tibetano), porque me faz refletir e aprender sempre !

“Emalanching”
Um Deus Átomo dorme em cada pedra ,
Desperta em cada planta,
Move-se em cada animal,
Pensa em cada homem,
E ama em cada Anjo

Por isso, devemos tratar
Cada pedra como um vegetal
Cada vegetal como um animal querido,
É cada animal como um Ser Humano,
Pois nele habita a Centelha Divina “EU SOU “.

Entrevista Eclair Gonçalves Gomes

Sentimentalismo e consciência

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Advogada Consumerista, Doutoranda em Direito, Funcionária Pública, Eclair foi Secretária de administração e como tal teve a oportunidade de realizar um dos maiores concursos públicos já ocorridos em Uberaba.
Coordenou o PROCON de Uberaba por quase 20 anos, onde conseguiu aprovar a Fundação Procon de Uberaba e idealizar o PROCON REGIONAL, hoje modelo para o País.
Seu currículo ainda passa por presidências de associações. conselhos e etc. Aqui vamos focar no seu lado sentimental em relação aos bichos. Sua família sempre esteve envolvida com bichos, especialmente pela origem ruralista, assim sempre estiveram muito próximos da natureza e dos animais. Hoje Eclair mantém em sua residência dois gatinhos pelos quais tem o maior afeto.

 

“É um desacerto absurdo a Legislação Brasileira conceituar o animal como “coisa”…”

 
Marcos Moreno- Você ocupou cargos importantes ligados sempre à administração pública e também já se candidatou a cargos políticos. Todos nós somos políticos por natureza, mas podemos dizer que você tem olhar e atitude mais específicas em relação a isto?                                                                                                                                                                                                                                    Eclair Gonçalves Gomes– Creio que sim, desde muito cedo me vi um ser político, pois sempre me interessava pelos rumos sociais da humanidade. Sabia que precisávamos conquistar muitos direitos, combater injustiças, validar esperanças de uma nação, a qual deve ser comprometida com a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
No atual momento da minha vida, observo como imprescindível a luta pelos direitos dos animais, que, aliás, nos últimos anos, vem crescendo substancialmente.

Marcos- Me surpreendeu saber que você, com tanto envolvimento com as questões públicas, tem gatos e adora animais. Sempre dedicou tempo aos animais?
Eclair– Na verdade só dedico tempo aos meus felinos, mas não consigo ser indiferente ao sofrimento de qualquer animal abandonado, percebo uma tristeza profunda no olhar deles e isso me incomoda bastante. Sou tutora de duas gatinhas, as amparo, alimento e protejo, mas confesso que tenho uma capacidade de comunicação extraordinária com qualquer animal, sobretudo os cães.

Marcos- Inevitável perguntar: a questão dos milhares de animais abandonados e vagando nas ruas da cidade é um problema de saúde pública?
Eclair- Sim, é. Percebo que o assunto é um problema de todos nós, tornando-se, por conseguinte, uma questão de saúde pública. As diversas políticas envolvendo o cuidado com os animais tais como: posse responsável, castração, microchip e etc., se efetivadas e regulares, fariam com que tantos animais não estivessem abandonados. Acredito que o setor público deverá evoluir e se aperceber cada vez mais como um norteador de políticas públicas e programas de proteção animal em todos os níveis de governança.

Marcos– Sabemos que ainda falta muita conscientização das pessoas em relação ao abandono. Da parte das administrações públicas municipais, o que existe para amenizar e organizar essa situação?
Eclair– Hoje existe em Uberaba uma Superintendência de Proteção Animal que atrai para si campanhas de vacinação municipal e até recentemente a inédita “Campanha de agasalho para os animais de rua” que já é um ato admirável de compaixão e contemporaneidade do município com relação aos bichinhos abandonados. Acredito que há muitas outras ações em curso.

Marcos– Temos políticos de todas as esferas tentando fazer alguma coisa pela causa animal. Você já pensou nisto?
Eclair- Sim, muito! Vejo na causa um desafio muito motivador.
Confio que o primeiro grande passo é atrair, envolver e conscientizar a sociedade sobre a questão do “Ser animal”, ou seja, inteirar as pessoas de que os animais têm sensações e, sobretudo, emoções. Quando se atinge o estágio de se perceber as emoções (dor/amor) nos animais, o compromisso de zelar por eles vem junto. Assim, eu só creio em concepções com modificação de consciência, esta transformação sim é definitiva.

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Marcos– Você acredita que os animais, como tem confirmado a ciência, são seres sencientes?
Eclair– Atribuir status de “Coisa” a um animal vivo é a maior insanidade que o homem já pôde cometer. Como já especifiquei, é evidente que eles têm sensações! E mais que isso: eles têm emoções!
É um desacerto absurdo a Legislação Brasileira conceituar o animal como “coisa”, ou seja, desprovido de qualquer sentimento, tal opinião manifesta, inequivocamente, o desconhecimento do texto legal diante do que a ciência já evidenciou em relação aos animais e sua capacidade de estima especial, contudo, na atualidade, há mudanças significativas vindo por aí em relação ao interesse político pois, existe um número expressivo de pessoas se conscientizando da causa animal e isto, com certeza, despertará o empenho dos Legisladores em aprovar a alteração proposta no Projeto de Lei do Senado Federal de nº 351/2015, onde os animais não serão considerados coisas.

Marcos– Você é favor da vaquejada?
Eclair- Em que pese a questão cultural, todo tipo de violência e sacrifício de seres vivos devem ser extirpados das práticas humanas/culturais. Sou totalmente contra quaisquer formas de malfazejos a seres vivos, devemos evoluir sempre.

Marcos– E do sacrifício de animais em cultos religiosos?                                                                                                                                Eclair– Não posso respeitar um Deus que cultua sacrifícios.

Marcos– Começamos a entrevista falando de seus bichanos. Que outro animal você teria como pet?
Eclair- Eu vejo nos animais uma riqueza de emoções infinita. Deus, ao criar o mundo, deve ter sopesado todas as possibilidades de afeto e o animal compõe esse todo, cabe a nós deixarmos eles ocuparem os seus lugares. Adoro todos os animais, porém, os caninos e os felinos foram domesticados e estão mais próximos de nós, eu os desejo sempre por perto, pois eles nos envolvem, nos alegram e nos amam. Incondicionalmente.
Marcos- Você poderia deixar uma mensagem para os seguidores do blog?
Eclair– “Se quiser a aprender a amar, comece com os animais… eles são mais sensíveis”

Gabriela Galvão

Empreendedorismo!

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Jovem empreendedora. Essa é a expressão que melhor define Gabriela Galvão. Com apenas 22 anos, e ainda cursando faculdade de Direito, decidiu que se dedicaria a um trabalho que a realizasse de verdade e colocou toda sua energia e talento na criação de uma cozinha de alimentação natural pet. Naturalmente, porque como todas as pessoas que de alguma forma trabalham com esses bichos, tem paixão por eles. Ela sonha com uma sociedade mais consciente a respeito da responsabilidade, do compromisso e da dedicação aos animais, que merecem usufruir da melhor qualidade de vida possível.

 

“Hoje, um cão que tenha uma família que zele por ele tem oportunidade de viver melhor e por mais tempo…”

 

Marcos Moreno- Você é muito jovem e já é uma empreendedora. A pergunta mais óbvia: como decidiu fazer esse trabalho?
Gabriela Galvão– Já havia dois anos em que eu estava insatisfeita com a minha rotina e procurava algo inovador para a cidade de Uberaba, mas que também me satisfizesse emocionalmente, sendo um negócio que não seria apenas um trabalho, mas também um hobby. Um dia, em um churrasco da família do meu namorado, uma tia dele comentou que cozinha comida para os cachorros dela, fiquei muito curiosa porque não conhecia essa prática. Ela me falou sobre o assunto, e a partir disso, minha sogra brincou que essa era a minha oportunidade de abrir um negócio, e eu levei a ideia adiante a sério.
Esse acontecimento foi em um sábado, na segunda-feira eu já tinha lido tudo a respeito de alimentação natural, me apaixonei e já fiquei decidida que esse seria o meu tão sonhado negócio. No mesmo dia, fui atrás de veterinárias na área de nutrição para trabalhar comigo. A Dra. Ana Helena Diniz foi a mais indicada, de cara gostamos muito uma da outra, nos identificamos nas mesmas ideias e tudo foi fluindo maravilhosamente bem até que dois meses depois a empresa já estava funcionando.

Marcos- O que compõe uma ração de boa qualidade e outra de qualidade inferior?
Gabriela– No meu conceito de boa qualidade eu acho que seja bem difícil existir uma ração que realmente seja 100% benéfica, porque um produto que dura anos dificilmente vai ser livre de conservantes, e sendo assim, não tem como ser totalmente saudável, mesmo que contenha muitos nutrientes, bons ingredientes, etc.
Mas considerando que a pessoa opte por dar ração a minha dica é: leia os rótulos. Ao ler os ingredientes no rótulo de sua ração, é importante perceber que eles estão listados na ordem de maior e menor utilização na fórmula. Isso significa que os ingredientes no topo da lista compõem uma porcentagem maior do peso da comida de cachorro do que os ingredientes na parte inferior. Então, se na ração listar “frango” como o 12º ingrediente no rótulo, isso significa que a comida não contém muito frango e assim por diante.
É importante salientar que numa ração de qualidade superior a proteína animal deve ser sempre o ingrediente número 1 em qualquer alimento para cães. Ela pode ser de carne, frango, peixe, entre outros. E não podemos esquecer da grande variedade de vitaminas e minerais que devem existir na composição para manter a saúde ideal do seu pet. Minerais como Ferro, Zinco, Cobre, Manganês, Selenito De Sódio (Selênio) e Cálcio são indicados. Também é importante conter gorduras saudáveis, como linhaça e óleo de peixes. Assim como são importantes os legumes e grãos integrais na composição da ração, como o arroz.
Se tratando de rações de qualidade inferior, as que começam suas composições com milho, farelo de trigo ou outros carboidratos, ou seja, que não são carne (proteína) são as de pior qualidade. Também quando está escrito na embalagem: “proteína animal” ou “subprodutos da carne” não é saudável, muitos fabricantes as utilizam somente porque são produtos baratos. Quando estiver escrito: milho, trigo e soja fique mais atento ainda, essas são composições alimentares baratas e nada saudáveis que não são facilmente digeridas pelos cães. E pior ainda quando a ração conter corantes artificiais, sabores ou conservantes que são produtos industrializados que os pets jamais consumiriam na natureza. Já existem estudos que comprovam que o consumo massivo desses produtos pode gerar câncer, e sendo que a ração é consumida diariamente, fica aí o meu alerta.
Marcos– É preciso estudar muito para entender os benefícios de cada coisa para os cães?
Gabriela- A meu ver não, basta se interessar pelo assunto, acompanhar páginas na internet informativas que em pouco tempo vai entender os benefícios, ainda mais se tiver a oportunidade de ver na prática. São nítidas as diferenças positivas que ocorrem quando se muda da ração para a alimentação natural. O estudo fica por conta do(a) veterinário(a) nutrólogo(a) responsável, haha. O tutor tendo essa responsabilidade de fazer acompanhamento com um(a) especialista ele vai estar sendo orientado adequadamente do que se pode e o que não pode, assim, tudo se encaminha perfeitamente bem e os benefícios são vistos cada vez mais ao longo do tempo.

Marcos– Existem dietas especiais para gatos?
Gabriela– Sim, da mesma forma que existe para os cães existe para os gatos. Sendo que a para gatos é bem mais rica em proteína e pobre em carboidratos. A alimentação natural também é uma grande aliada para os gatos por eles sofrem muito de problemas renais (assim como os cães) que ocorrem devido à deficiência de hidratação no organismo. Isso acontece pois a ração é seca, contem somente entre 7% e 10% de água, enquanto que a alimentação natural é rica em água e hidrata o organismo e os rins na medida certa.

Marcos– Antigamente os animais domésticos comiam sobras de comida. Não me lembro se vivam mais e melhor ou menos e pior. Depois surgiu a ração e agora há uma tendência a voltar para comida natural. Fale sobre isto.
Gabriela– A ração passou a existir conforme a industrialização foi ocorrendo, surgiu para facilitar a vida do homem. Hoje, após tantas evoluções tecnológicas e científicas as concepções e práticas estão mudando novamente. Assim como após anos de consumo massivo de produtos industrializados de consumo humano foram desenvolvidos estudos que comprovaram que estes produtos são prejudiciais a nossa saúde, o mesmo está sendo comprovado para os animais.
Da mesma forma que hoje é sabido que fast food, comida enlatada e/ou processada, alimentos possuidores de conservantes e corantes, são prejudiciais à saúde humana, nós também estamos observando o mesmo para a saúde animal. Sem um check-up anual, um acompanhamento alimentar com nutrólogo e/ou nutricionista, uma dieta saudável e balanceada são grandes aliados para a nossa saúde e longevidade, o mesmo se aplica aos nossos amados pets.

Marcos– Quando um animal passa a fazer um dieta natural prescrita por um veterinário, os resultados são rapidamente percebidos?
Gabriela- Sim! Existe uma transição da ração para a alimentação natural para não gerar nenhum distúrbio intestinal ou estomacal, visto que, o animal estará ingerindo novos alimentos, ao contrário da ração que é um alimento seco e processado e consumido por uma vida inteira. A transição leva em média nove dias, a partir do décimo dia se inicia a alimentação 100% natural.
Desde o primeiro dia a mudança no comportamento na hora de comer é nítida, ficam muito eufóricos, felizes e não deixam sobrar nadinha na tigela. Dentro de uma semana outras mudanças já são percebidas, como: diminuição do volume e do odor das fezes, as mesmas mais sequinhas e diminuição de gases também. Com três semanas já vemos diferença na pelagem, a mesma mais brilhante, sedosa e com menos queda. E para mim, a mudança principal: muito mais vitalidade e energia, o pet passa a ter muito mais ânimo e alegria nas atividades do seu dia-a-dia.

Marcos- Não é possível fazer a mesma dieta para vários cães de uma mesma raça, por exemplo? Tipo: Sptiz podo comer isto…o Golden pode comer aquilo…
Gabriela-
Não, pois mesmo sendo de mesma raça ainda possuem muitas características individuais, como: peso, nível de atividade, idade, intolerâncias ou alergias a certos tipos de alimento, necessidades fisiológicas e nutricionais específicas de cada animal, etc.

Marcos– E o vira lata, ou srd como são classificados hoje. É verdade que são mais fortes?
Gabriela- Acredito que possam ser sim, por serem misturas de várias raças acabam não tendo os problemas de saúde padrões de determinada raça. Sendo assim, acabam sendo mais fortes por essa baixa tendência à certos tipos de problema de saúde.

Marcos– Uma dieta especial pode ser considerado um comportamento de luxo. Há uma procura grande?
Gabriela- Há uma procura grande sim, eu brinco que quanto menos a população quer ter filho mais querem ter bicho de estimação e o fazem como filho. Por isso, acabam criando o desejo de se dedicar mais ao seu filho de quatro patas, investindo em saúde, conforto, produtos de luxo e de melhor qualidade. A maior procura decorre desse tipo de público, de quem ama o animal como filho. E essa tendência de humanizar o cuidado com eles, aumenta a cada dia mais o interesse pela alimentação natural, por saberem que com esse estilo de vida saudável o pet terá a chance de viver por muitos mais.

Marcos– O que é definitivamente proibido para a saúde do cão?                                                                                                         Gabriela- Existem muitos alimentos que parecem inofensivos, porém, são tóxicos e/ou perigosos ou até mesmo uvas e passas, abacate, carambola, macadâmia, frutas cítricas e as com caroços, sementes de frutas, cebola, alho, pimenta, álcool, café, leite e derivados, doces, chocolate, ossos, entre outros.
Também é definitivamente proibido dar restos de comida, pois não estará sendo uma alimentação balanceada com as quantidades ideias de proteínas, carboidratos, fibras e gorduras. Assim como também não é indicado dar ração misturado com comida, essa prática leva ao excesso de algum componente, exemplo: se administrar ração com frango desfiado ou carne moída como a maioria dos tutores fazem, pode sobrecarregar a quantidade de proteína ideal para o animal e assim sobrecarregar os rins e fígado, o que pode gerar um problema de saúde sério ou até mesmo irreversível.

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Marcos– A longevidade dos cães aumentou mesmo?
Gabriela- Aumentou se considerarmos os cães que são domésticos e que são bem cuidados, por estarem vacinados e imunes a doenças (o que antigamente não se tinha esse cuidado e conhecimento), e também pelo avanço da medicina veterinária com novos tipos de tratamentos. Hoje, um cão que tenha uma família que zele por ele tem oportunidade de viver melhor e por mais tempo do que comparado a anos atrás quando não se tinha tantas tecnologias e conhecimentos na área da saúde. E a tendência é a longevidade aumentar ainda mais conforme a alimentação natural for substituindo a cultura da ração.

Marcos– Gostaria que você deixasse uma mensagem no blog.
Gabriela- Quero agradecer a oportunidade ao jornalista Marcos Moreno. Fiquei imensamente feliz com o convite e com a oportunidade de mostrar meu trabalho. Obrigada também todos os leitores pelo interesse na nossa entrevista e pela a alimentação natural. Em relação ao meu trabalho, gostaria de dizer que tudo foi pensado e planejado com muito amor e dedicação para atender nossos clientes da melhor maneira possível. Somos uma empresa que se importa com a saúde dos animais e consequentemente com a felicidade de seus tutores. Não fornecemos somente produtos naturais de excelente qualidade, também lhe proporcionamos a oportunidade de poder viver mais anos de vida ao lado do seu filho de quatro patas que tanto ama. Sim, é isso mesmo: comida de verdade é sinônimo de longevidade e bem-estar.

Marcelo de Paula

A Vida é “Bella”

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Jornalista com trabalhos realizados para vários veículos de comunicação de Uberaba, Marcelo de Paula atua hoje como analista de comunicação na Universidade de Uberaba. Entre seus trabalhos estão cobertura de Feiras, reportagens para TV e edição de matérias para jornal impresso. Competente, focado, sensato, reúne os mais importantes requisitos necessários a um bom profissional da comunicação. Desde criança é apaixonado por animais e há dois anos adotou Bella, quando ela tinha apenas dois meses. Como quase todas as pessoas que tomam essa atitude, sabe que a relação humano/animal é muito importante para o equilíbrio emocional de quem verdadeiramente ama os animais. E conhece muito bem as responsabilidades que o gesto representa. Um exemplo de jovem profissional que entende a importância dessa troca de energia para o sucesso de sua vida. 

 

“Nunca desista do seu animal de estimação, porque ele, certamente, não desistiria de você, em nenhuma hipótese”

 

Marcos Moreno – Você é muito jovem, sendo assim não deve ter vivido na época em que cachorro era “bicho lá de fora”. É isto mesmo?
Marcelo de Paula – Até hoje ouço (risos). Sempre tive animais de estimação, desde criança, especialmente cães. Antigamente, era assim que funcionava: cachorro só no quintal de casa. A minha mãe sempre foi muito exigente com isso, não gostava e ainda não gosta. Mas hoje, vencemos pela insistência. É cachorro no sofá, na cama (quando minha mãe não está vendo, é claro). Mas ela gosta de animais, inclusive foi quem me incentivou a adotar a Bella.
Na realidade, tudo mudou quando minha família e eu mudamos para um apartamento, em 2010. A Bolinha, minha cachorra na época, passou a ficar só dentro de casa. Não tínhamos outra opção. Como ela era de porte pequeno e muito comportada, não foi difícil a adaptação. Só na primeira semana que ela latia cada vez que ouvia alguém subir as escadas (risos). Depois, deu tudo certo.

Marcos – Como jornalista, um profissional atento às mudanças comportamentais, a que você atribui essa diferença na consideração aos animais?
Marcelo – Apesar de clichê, o ditado “o cão é o melhor amigo do homem” explica bem essa situação. E de uns tempos para cá, felizmente, as pessoas notaram o quão verdadeira é essa frase. É difícil atribuir um motivo especifico, porque cada um tem a sua particularidade. Mas acredito que as pessoas, e também a ciência, perceberam que animais de estimação só fazem bem à saúde. Com exceção, é claro, de quem tem alergia.
Hoje, é comum profissionais de saúde sugerirem aos pacientes terem um cão até como meio de terapia. Além disso, apesar da tecnologia dos smartphones, dos computadores e tablets, das redes sociais, na qual temos centenas de amigos virtuais e quase ninguém presencialmente, muita gente passou a sentir solitária. E os animais de estimação são uma ótima companhia.

Marcos – O que você achou da constitucionalidade do sacrifício de animais na realização de cultos de religiões de matrizes africanas.
Marcelo – É uma questão complexa e polêmica. Por mais que saibamos que o ritual religioso não está associado a maus-tratos e crueldade animal, é difícil aceitar tal prática. Mas respeito todas as religiões. Por isso, interpreto a decisão do Supremo como sensata, de acordo com a situação.

Marcos – Você é daquelas pessoas que em uma tourada torce pelo touro?
Marcelo – Seguramente, torço para que este tipo de “espetáculo”, degradante e cruel, acabe. É triste e revoltante pensar que, ainda hoje, existem touradas em alguns países.

Marcos – Na natureza selvagem, qual animal mais te inspira e porque?
Marcelo – Alguns, difícil citar apenas um. Não sei se pela inspiração, mas coruja e elefante chamam minha atenção.

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Marcos – Você acredita que o planeta tem boas perspectivas?

Marcelo – Na minha opinião, cada novo dia que nasce é uma prova que sim. Mas é preciso que todos nós façamos valer essas oportunidades diárias que nos são dadas. Como? Com boas atitudes, decisões e bons pensamentos. E amor acima de tudo!

 

Marcos – Alguma história pessoal com algum pet seu foi mais marcante?
Marcelo – Ainda dentro da história que contei na primeira pergunta feita, sobre o episódio de ter me mudado para um apartamento, na época, o condomínio tinha pendurada nas paredes as cláusulas do local. Uma delas dizia que era proibida a presença de animais de estimação. Vi isso logo depois de já ter assinado o contrato de locação do imóvel. Não dava muito para voltar atrás. Então, comecei a pensar em soluções em relação a Bolinha. Certo dia alguém comentou comigo que algumas decisões judiciais já consideravam ilegal tal proibição, sendo favoráveis aos donos de pets. Pesquisei a fundo o assunto, conversei com um professor do Ensino Médio, que também era advogado, e me explicou que, de fato, se eu recorresse a Justiça teria alguma chance. O problema é que eu ainda era menor de idade e os meus pais, certamente, não tentariam uma liminar por serem muito humildes.
Na primeira semana da mudança, a minha cachorra ficou no apartamento escondida. Criei coragem e fui falar com a síndica sobre essas cláusulas, que não era legal proibir a presença de animais no condomínio, que eu estava bem assessorado por um advogado, que se fosse necessário eu recorreria a Justiça. Ela ficou assustada e sem argumento. Tentou justificar dizendo apenas que não era culpa dela, mas dos condôminos. Eu respondi que se esse era o problema, eu falaria com todos. Foi o que fiz (risos).
Então, redigi uma carta de duas laudas expondo toda a situação, citando as decisões judiciais favoráveis e estudos científicos que diziam que animal faz bem à saúde. Deixei claro que a partir da semana seguinte eu manteria a minha cachorra, que tinha há anos, comigo no apartamento. Coloquei a carta em baixo da porta de cada morador e sai correndo. E o medo de alguém vir brigar comigo? (risos). Mas assim como a síndica, todos ficaram sem argumentos e não se opuseram. Resultado: a Bolinha morou com a gente até o último dia de vida dela.

Marcos – Você curte filme sobre animais ou com eles como protagonista? Qual seria o seu preferido?
Marcelo – Como sou apaixonado por animais, para mim, eles podem estar presentes de qualquer maneira, não necessariamente como protagonistas. Desde que não seja em situações absurdas, de maus-tratos ou algo do tipo. Mas nenhum filme me emocionou tanto como o clássico “Sempre ao Seu Lado”.sempre-ao-seu-lado-696x435

Marcos – Sempre peço para o meu entrevistado deixar uma mensagem para quem ler, naturalmente sobre a relação homem/animal. Pode deixar a sua?                                                                                                                                                                                                   Marcelo – Nunca desista do seu animal de estimação, porque ele, certamente, não desistiria de você, em nenhuma hipótese. Independentemente se você tiver uma boa cama para oferecer a ele e um saco de ração nutritiva ou o contrário: um pedaço de papelão para dividir de baixo de uma marquise ao relento e algumas migalhas de pão ou resto de marmita para dar a ele o que comer, esse animalzinho não o abandonaria.