Marcela Pena Gama

 

Talento e Sensibilidade

 

Shakira

Marcela Pena Gama é publicitária, casada com Alberto Henrique Sousa, que já foi nosso entrevistado e é o criador do site DezOuMais. O nome do site é pelo fato do casal ter quase dez pets em casa, podendo, claro pelo que dão a entender, ainda oferecer espaço para uns dois. Além dos “meninos” da casa, Marcela também cuida de animais de rua e criou um trabalho fantástico para ajudar ONGs a encaminhar os bichinhos para adoção: ela fotografa animais emprestando um charme especial ao trabalho para eles ficarem mais atraentes e com isto sensibilizarem possíveis adotantes. Seus pets são: os cachorrinhos Kitty, a cadelinha mais velha, Bob, Mandy, Shakira, Chico Bento e Luke e os gatinhos Tom e Javinha.
Seu lema é valorizar a importância da adoção responsável de forma a promovê-la com ética, criatividade, entusiasmo e dedicação. E ela faz isto com tanto talento e carinho que o resultado é irresistível.

 

“…é muito benéfico para a criança crescer junto com um animalzinho, pois ela aprende a amar e respeitar os animais…” 

 

Marcos Moreno– Marcela, na sua casa você tem vários animais, cães e gatos. Você e seu marido sempre gostaram ou um incentivou o outro?
Marcela Pena Gama– Sim, temos 6 cães e 2 gatos, sempre gostamos e nossa relação com eles flui naturalmente. No início, tínhamos apenas cães, aí quando resolvemos adotar um gatinho fomos aprendendo as diferenças entre cães e gatos e nos apaixonamos pelos felinos também, tudo isso juntos.

Marcos– Com tantos cães e gatos, a pergunta que é inevitável: você tem preferência por algum?
Marcela– Eu amo todos igualmente. Claro que, em algumas situações, um ou outro acaba sendo mais mimado como, por exemplo, o Luke, o último cãozinho que adotamos. Ele foi resgatado em condições muito difíceis, quase morrendo. Depois de um tempo descobrimos que ele é epilético, o que exige mais cuidados médicos constantes.

 

Javinha e Tom

Marcos– Você fotografa animais para facilitar a adoção. Isso dá um certo glamour. Funciona mesmo no interesse pela adoção?
Marcela– Sim, normalmente as fotos ajudam na divulgação das adoções, pois mostram mais detalhes das características do pet, seu lado mais fofinho e acabam chamando a atenção.

Marcos– Acha que o amor dos animais e pelos animais impede de ter filhos? Você pretende ter?
Marcela– Não pretendo ter filhos, mas a decisão não tem relação com os pets, muito pelo contrário, o amor pelos animais desperta esse lado maternal, de cuidados, carinho.

Mandy Kitty e Bob

Marcos– Muitos casais tentam se desfazer de seus pets com a chegada de filhos. O que você acha disto?

Marcela– Saber que alguém faz isso me entristece muito, pois para mim os pets são da família também. Além disso, é muito benéfico para a criança crescer junto com um animalzinho, pois ela aprende a amar e respeitar os animais e, com isso, tem uma infância muito mais feliz.

Marcos– Você gostaria de trabalhar com fotografia de animais selvagens?
Marcela– Sim, claro. Mas gostaria de fotografá-los em seu habitat natural.

Marcos– Já tentou se inscrever em campanhas assim?
Marcela– Ainda não tive oportunidade.

Marcos– Existem raças de cães mais comportados na hora de fotografar?
Marcela– O comportamento dos que já fotografei até hoje não teve muita relação com a raça, vai muito do temperamento deles, do treinamento que receberam.

Marcos– Já aconteceu algum incidente com você e um animal na hora de fotografar?
Marcela– Não, sempre foi muito tranquilo.

Marcos– Além dos animais, o que você curte mais fotografar?
Marcela– Gosto de fotografar crianças, idosos, paisagens naturais e urbanas.

Marcos– Pode deixar uma mensagem para os humanos em relação aos animais?
Marcela– Que as pessoas não ignorem o sofrimento deles e tenham mais empatia, pois os animais sentem tudo o que sentimos. Se as pessoas tivessem essa consciência, não haveria abandono e maus-tratos.

Rodolfo Nogueira

Meu pequeno grande pet

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A cidade de Uberaba, que abriga um grande centro de paleontologia, já é notícia por esse motivo em grande parte do mundo. Recentemente ganhou destaque na mídia internacional pelo trabalho de Rodolfo Nogueira em paleoarte, uma modalidade da ilustração científica voltada para a representação de animais extintos. “Brilhante” é um substantivo comum para qualificar seu trabalho, seu talento, sua postura. Genial? Sim, acho que genial, brilhante, fabuloso. Muitos adjetivos juntos talvez pudessem dar uma noção melhor do trabalho de Rodolfo. Apresentá-lo aos que acompanham o blog fica difícil para mim, porque corro o risco de ficar muito faltoso a esse grande talento. Melhor deixar que o leitor confira a genialidade desse rapaz que vive em Uberaba, tem reconhecimento internacional e se orgulha de viver aqui.

 

“Acredito que a natureza ou Deus, essa energia criadora tem uma linguagem natural para indicar quando estamos em harmonia com todas as coisas…”

 
Marcos Moreno– Você tem sido destaque na mídia internacional em função do seu trabalho fantástico em “paleoarte”. Para quem não está acostumado com o termo, o que é “paleoarte”?
Rodolfo Nogueira – Paleoarte é uma modalidade da ilustração científica voltada para a representação de animais extintos. É a tradutora dos dados da paleontologia em imagens mais fáceis de serem entendidas pelo público. Sendo assim é a única forma de se visualizar o passado extinto da Terra.

Marcos– De onde vem o interesse por dinossauros?
Rodolfo– Quando eu tinha 6 anos fui levado a um lugar especialmente mágico. Nesse lugar havia cachoeiras cristalinas, ruínas antigas e dragões gigantes com ossos de cristal! Havia também caçadores de dragões. Eles se intitulavam paleontólogos e chamavam os dragões de dinossauros, o lugar mágico era Peirópolis (um bairro da cidade de Uberaba-MG). Eu fiquei maravilhado e comecei a estudar aqueles tais dragões chamados dinossauros. Fui uma criança que vivia desenhando pelos cantos até com a marca que a luz deixa no fundo dos olhos, eu tinha muitas dores de cabeça e traços de autismo. Mais tarde, minha mãe, preocupada com minhas dores e ansiedade me matriculou em um curso de desenho. Foi quando descobri que desenhar não era dom e que eu poderia tirar qualquer coisa da minha cabeça e colocar na realidade. Na mesma época, por volta dos 11 anos assisti o filme Dinossauro da Disney e foi como um chamado para desenhar dinossauros.

Marcos– Em algum momento da sua vida você foi considerado uma criança diferente, talvez difícil, em função do seu interesse por animais extintos?
Rodolfo– Fui uma criança um pouco peculiar, muito ansiosa, tinha traços de autismo e de hiperatividade, enxaqueca, tomava remédios controlados e vivia pelos cantos desenhando. Os colegas da escola rapidamente me associavam a dinossauros, mas todos acabavam respeitando o gosto obsessivo.

Marcos– Efetivamente, como começou seu trabalho?
Rodolfo– Quando entrei na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” em Bauru, resolvi usar o tema que eu mais gostava para me motivar a aprender o que precisava. Fiz então um projeto de pesquisa em parceria com a Biologia. Ao fim da pesquisa havia desenvolvido uma metodologia para recriar um animal extinto de forma mais acurada cientificamente. Ela foi batizada de Paleodesign. Antes mesmo de concluir a pesquisa e graduação, fui convidado pelo Prof. Dr. Luiz Carlos Borges Ribeiro para reconstruir um esqueleto de um grande dinossauro, na época recém descoberto na região de Uberaba. Mais tarde batizaram este dinossauro pescoçudo de Uberabatitan ribeiroi e se revelou o maior dinossauro já registrado no Brasil com 25m de comprimento. Gradualmente mais trabalhos foram aparecendo e rapidamente estava trabalhando exclusivamente com Paleoarte.

Marcos– No seu currículo acumulam-se vários prêmios. Para exemplificar, como foi saber que recebeu o prêmio da Society of Vertebrate Paleontology?
Rodolfo -Felizmente tive oportunidades de reconhecimentos surreais que hoje já reúnem 9 prêmios internacionais incluindo dois Lanzendorf – National Geographic PaleoArt Award promovido pela SVP – Society of Vertebrate Paleontology. Um em 2015 de Ilustração Científica e agora em outubro de 2018, de animação. Para mim é um dos maiores reconhecimentos que eu poderia ter já que a SVP é maior sociedade de paleontologia do mundo e, portanto reúne grandes nomes da paleontologia. É muito lisonjeiro e ao mesmo tempo nem parece real.

Marcos– Você pode falar um pouco sobre o projeto Megafauna idealizado pelo documentarista Tulio Schargel?
Rodolfo- Ah este projeto é magnifico! Túlio Schargel é um grande realizador e tenho a honra de dizer amigo e mentor. Em 2005, ele descobriu um esqueleto completo de uma preguiça gigante dentro de uma caverna na chapada diamantina e fez um premiado documentário da sua expedição que resgatou mais de 4 mil fosseis e que depois foi exibido em mais de 60 países. Ele criou então o Megafauna que é um projeto feito pelo programa Proac e que já levou o documentário e uma palestra repleta de réplicas e ilustrações em 5 edições à mais de 30 mil pessoas de 18 cidades do interior do estado de São Paulo. Ele me convidou então para acompanhá-lo e ensinar as pessoas a reconstruírem os animais extintos da megafauna através de ilustrações e esculturas.

Marcos– Você percebe se hoje existem mais crianças interessadas em desenvolver atividades relacionadas à paleontologia em suas várias frentes de pesquisas e trabalhos?
Rodolfo– Certamente! Nunca houve tanto movimento e divulgação sobre paleontologia. A mídia percebeu que esses dragões misteriosos chamam muito atenção e ajudam inclusive a ensinar conceitos evolutivos e biológicos às pessoas. Por ter muita divulgação, mais crianças agora têm acesso e são tocadas pela força, dimensões e mistérios da pré-história.

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Marcos– Você está produzindo um grande livro, cujo trabalho foi adiado para que você pudesse empreender outro para a Alemanha, se não me engano. Há previsão de término do livro e de seu lançamento?
Rodolfo– O Livro “O Brasil dos Dinossauros” foi lançado em dezembro de 2017 pela Editora Marte e é um dos finalistas do maior prêmio de literatura do Brasil, o Prêmio Jabuti. Foram 5 anos de trabalho intenso em parceria com o Prof. Dr. Luiz Eduardo Anelli (USP) e orgulhosamente afirmo que fizemos um livro sem precedentes sobre a incrível história do Brasil antes da história. O livro que eu mesmo gostaria de ter lido quando me apaixonei pelos dinossauros.

Marcos– Você já pensou que um dia poder trabalhar com Steven Spielberg?
Rodolfo– Steven Spielberg para mim é uma das mentes mais brilhantes do planeta na atualidade e um dos maiores contadores de estória que a humanidade já viu. Foi um dos grandes responsáveis pelo maravilhoso que me aconteceu quando assisti seu Jurassic Park ainda criança. Certamente já passou pela minha cabeça trabalhar para ajudar a recriar as feras da mente dele mas nunca como crença de que um dia acontecerá. Rsrs

Marcos– Que perspectivas tem o Museu de Paleontologia de Peirópolis em termos de turismo?
Rodolfo– Uberaba foi teto do maior brasileiro de todos os tempos, Chico Xavier e também é mesa para os maiores negócios relacionados ao gado Zebu do planeta. Uberaba está ainda sobre a formação Marilia e formação Uberaba, estas são rochas com grande potencial de se encontrar fosseis e eles são de fato encontrados por toda parte inclusive dentro da malha urbana da cidade. Estas três frentes garantem à região um grande potencial turístico já que é uma das únicas cidades do país que abrigam assuntos tão especiais e importantes. Por isso estamos em processo agora para receber o selo da UNESCO de Geopark Mundial o que certamente potencializará o turismo na cidade. O Geopark Uberaba – Terra de Gigantes terá seus mais de 14 sítios com interesse geológico, histórico e cultural sinalizados e revitalizados em breve para atrair a atenção do país todo para a riqueza deste lugar que certamente todos merecem conhecer.

Marcos– Como você lida com esse reconhecimento internacional, vivendo em Uberaba?
Rodolfo– Tenho um verdadeiro apego pela cidade de Uberaba. As pessoas muito frequentemente me elogiam dizendo coisas do tipo “você está desperdiçado aqui em Uberaba!” ou “se você se mudasse para um grande centro seria mais fácil”. Fico lisonjeado de pensarem que eu mereceria estar no exterior ou em uma capital, porém acredito no potencial da nossa cidade como capital dos dinossauros do Brasil e se eu desenvolvi a habilidade de desenhar e me interesso tanto pelo tema, sinto-me na obrigação de fazer por nossa comunidade e honrar os que vieram antes de mim e preparam o terreno, explorando os fósseis que estão sob nossos pés, erguendo laboratórios, espaços, mobilizando milhares de mentes para levar nossas riquezas não só para nossos conterrâneos, mas ao mundo inteiro. Essa é minha luta também. Quando pessoas de fora reconhecem o valor do nosso trabalho, os mais próximos também o fazem, dessa forma fico muito mais grato ainda pelos prêmios e trabalhos no exterior.

Marcos– Animais de sangue frio são descendentes longínquos dos dinossauros?
Rodolfo– Na verdade os únicos animais que descendem dos dinossauros são as aves. Todas elas são “filhas” de um dinossauro semelhante ao Velociraptor do filme Jurassic Park. As aves mantêm a temperatura do corpo em torno de 40º C indicando que os dinossauros também deveriam ser endotérmicos, ao menos os carnívoros terópodas.

Marcos– Não é tão raro encontrar hoje pessoas que criam iguana, por exemplo, como um verdadeiro pet. Você acha que é muita loucura considerar um bicho desses como pet?
Rodolfo– Muitas pessoas criam pássaros em gaiolas, galinhas e até mutuns de estimação, esses são de fato dinossauros tratados como pet. Rs! Algumas aves como os corvos têm inteligência comparável à de primatas e golfinhos, eles possuem um cérebro muito bem desenvolvido inclusive para estruturas sociais e, portanto com algum grau de envolvimento sentimental ou estabelecendo vínculos de comportamento de rotina com seus donos. O mesmo não se aplica à répteis como iguanas ou serpentes, porém já vi vídeos até de peixes curtindo um carinho e crocodilos estabelecendo uma relação de confiança e respeito com humanos. Não acho loucura, mas precisamos lembrar que são animais selvagens e nunca domesticáveis, sendo assim um jacaré em determinadas condições pode gostar de um braço como petisco. Devemos lembrar também que cuidar da natureza é melhor que cuidar de um animal silvestre.

Marcos– Você percebeu que estou tentando trazê-lo para o espírito do blog, mas acho que é impossível. Enfim, passamos por milhões de anos, evoluímos, nos tornamos animais irracionais e racionais. E até criamos os “pets”. É possível que haja outra grande extinção e comece tudo de novo por aqui?
Rodolfo– Na verdade cientistas afirmam que a taxa de extinção está mil vezes acima da natural neste momento. Isso quer dizer que estamos verdadeiramente passando por uma extinção em massa. O planeta sempre viveu e viverá em ciclos periódicos de maior e menor abundância de formas de vida. Esses ciclos são definidos por atividade solar, movimentos tectônicos, asteroides, grandes epidemias e competição entre espécies. Outras extinções em massa da vida na Terra certamente acontecerão, a questão é quando. E provavelmente um desses “quandos” é agora. Mas citando o personagem Ian Malcom no filme “Parque dos Dinossauros” (1993), “A vida encontra um meio” e prosperará novamente através de novas formas, hábitos e tamanhos, quem sabe mais incríveis até que os Dinossauros.

Marcos– Peço a todos os meus entrevistados uma mensagem para os humanos. O que você poderia dizer?
Rodolfo– Minha bandeira é a de que podemos ter todo sucesso, realizações e riquezas que quisermos e o grande atalho para isso é fazer o que mais gostamos. Acredito que a natureza ou Deus, essa energia criadora tem uma linguagem natural para indicar quando estamos em harmonia com todas as coisas (em equilíbrio com o meio) e é o prazer, a alegria, sendo assim, se encontrarmos o tema que mais gostamos, desenvolvermos uma habilidade que temos predisposição e ainda quisermos fazer isso pelos outros, então qualquer sonho de qualquer tamanho parece ser possível. Foi pensando assim que cheguei a ter gigantes de 25 m de estimação ;). Muitíssimo grato pela oportunidade e honra de falar contigo Marcos e com seus eleitores.

Fabiano Scussel de Oliveira

 

Olhares Digitais

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“Ah sim, amo!”. Quando falamos em fotografia, ouvimos em quase uníssono esse comentário. Adoro!!! Normalmente acompanhado do “eu faço assim, eu faço assado…”. Porém é preciso “trazer um conjunto de conhecimentos técnicos e conceituais para a prática da fotografia”, nos diz um professor dessa matéria que, acima de tudo, requer muita sensibilidade. “A cultura do olhar, o valor da composição e as propriedades da forma”, têm que estar à flor da pele. E ainda, especialmente é preciso dar um significado para suas fotos. Bem, mas porque a entrevista com um fotógrafo em um site de bichos. Óbvio: as fotos de animais são sempre as mais interessantes, via de regra. Não por isso apenas; ele sabe juntar o prazer de fotografar os bichos com o carinho que tem por eles. Melhor ainda: sabe como ensinar isso em seu curso “Olhares Digitais”. “Vem pra cá, pro meu sofá virtual, Fabiano Scussel de Oliveira”.

 

“É fantástico reconhecer e respeitar a natureza valorizando suas belezas através da fotografia”

 

Marcos Moreno-Você é um dos mestres da fotografia em Uberaba. Muita gente adora e quer se aperfeiçoar não para ser um profissional, mas para seu próprio prazer. É preciso talento ou somente a prática já é suficiente?
Fabiano Scussel de Oliveira– Quando a fotografia surgiu muito se questionava se era arte ou meramente a reprodução do mundo real, o que mais tarde foi superado pela nossa capacidade criativa de trazer nosso ponto de vista da realidade influenciando totalmente os conceitos iniciais. Hoje sabemos o quanto ela é importante num mundo onde cada um colabora com sua visão, sua experiência, e sua temática no mundo das redes sociais. Nos expressamos através da fotografia, e da imagem. A prática traz um exercício de reaprendizagem do olhar, ver e sentir através da fotografia. Quando educamos nosso olhar, trazemos novas maneiras de ver e sentir o mundo. É claro que a bagagem cultural de cada um vai interferir nos resultados. E é com a prática que aperfeiçoamos nossas fotografias conhecendo melhor o potencial dos equipamentos e seu controle. Na verdade, é a paixão e vontade de fazer belas fotos que vai fazer a diferença. E a partir desse momento, usar o feeling e criatividade retratando cada momento dessa alegria de estarmos com nossos companheiros de caminhada.

Prancha 5

Marcos– Fotos de animais são sempre maravilhosas, mas acredito ser o trabalho mais difícil, pelo “modelo” não ser estático. É isto mesmo?

Fabiano– O mundo animal é repleto de grandes momentos. Nossa convivência com eles traz várias oportunidades de sentir e viver em harmonia captando os melhores momentos. Muitas vezes são inquietos e curiosos nos desafiando a capturar situações incríveis que temos com eles. E é pra isso que as técnicas fotográficas precisam ser aprendidas. Cada câmera traz um leque de possibilidades pouco exploradas, capazes de registrar situações do jeito e quando acontecem. Seja congelando os movimentos, ou mesmo captando a dinâmica que é peculiar dos animais. É uma delícia conviver amando nossos companheiros compondo lembranças inesquecíveis daqueles amamos tanto.

Marcos– Precisa-se definir antes o propósito da foto? Tipo, destacar o bico de um tucano, o movimento da pata de uma onça…
Fabiano– Cada um tem sua maneira de programar sua sessão de fotos com seus queridos. Uns serão mais receptivos, outros nem tanto. Ao dominar as técnicas da arte da fotografia, vai descobrir a sua maneira de atrair a atenção dos bichos e conduzi-los em um ensaio fotográfico. Mais do que gostar de animais, é preciso criar intimidade aproveitando a sua espontaneidade.
Depois comece a pensar no tema. O que queremos mostrar? A beleza de suas características raciais? Sua personalidade? Seus movimentos? Ou mesmo sua alegria de estarem ao nosso lado.
Avalie o que seu amigo tem de mais curioso e comece a fotografar para que ele se sinta bem à vontade e tranquilo. Vai começar a perceber que os bons resultados vêm com a prática constante. Assim terá mais condições de pensar na composição, no cenário e como destacar seu modelo, que é o mais importante. Vai ver mais e melhor quando aprender que existem técnicas que valorizam a composição. A escolha das cores da cena, o contraste, o destaque, o equilíbrio e movimento conduzindo o olhar pela fotografia.

Marcos– Animais domésticos, mais fáceis ou mais difíceis?
Fabiano– Geralmente nossos amigos de dentro de casa são mais dóceis e afáveis. Será mais fácil começarmos por eles. Com os cães, podemos obter com algumas distrações interessantes como ossos e biscoitos que nos ajudam a obter o que queremos na composição. Petiscos e carinhos prendem a atenção do animal. Sabendo sempre a hora de dar um tempo ou quando devemos tocá-los trazendo calma e transmitindo tranquilidade para recomeçar.
Já os gatos, mais espertos e pouco adeptos a passeios mais longos são difíceis de serem fotografados em estúdios fora de casa. Mas nada que não possamos, junto com o dono, buscar uma forma de serem fotografados captando toda sua personalidade e curiosidades. A convivência facilita a prática fotográfica, pois conhecemos nossos companheiros e sabemos como reagem aos nossos movimentos. Mas o mundo animal é diversificado e cheio de beleza natural, incrível leque de oportunidades de aprendizagem e prática da cultura do olhar. Pássaros, répteis, anfíbios, mamíferos e até insetos também rendem imagens fantásticas. A natureza selvagem exige bastante planejamento do fotógrafo e explorar seu esplendor será necessário investir em lentes específicas para capturar à distância, ou mesmo no sentido inverso captando o universo macro. Um bom tripé também é importante, e é capaz de nos ajudar em exposições mais longas ou mesmo com lentes menos claras. Tudo vai depender de onde estará. Num zoológico por exemplo, mesmo com as infelizes grades, através das quais temos oportunidade de destacar a beleza dos animais praticando sem maiores adversidades.Prancha 3

Marcos– Que profissionais você tem como referência nesse segmento de fotografia de animais?
Fabiano– Confira no instagram os perfis imperdíveis de Sebastião Salgado – @ sebastiaosalgadoofficial, e Araquém Alcântara – @ araquemoficial. E do francês Laurent Batheux – @ laurentbaheux.
O blog Fauna News também destaca o trabalho dos brasileiros de Johnny Duarte – @johnnyduarte e do João Marcos Rosa – @joaomarcosrosa.
Além dos destaques internacionais Daisy Gilardini – @daisygilardini, Jonathan e Angie Scott – @thebigcatpeople, Audun Lie Dahl – @audundahl, Andy Biggs – @theglobalphotographer, Ole Jorgen Liodden – @ojlwildphoto, Richard Peters – @richardpetersphoto, Varun Aditya – @varun.aditya, Melissa Groo – @melissagroo, e Will Burrard-Lucas – @willbl.

Marcos– Você já se embrenhou em algum lugar inóspito para flagrar um animal não tão comum?
Fabiano– Sempre viajo com minha câmera fotográfica em punho. Mesmo para os lugares mais inóspitos. Qualquer lugar pode pintar uma oportunidade. Numa viagem de navio, após 30 minutos de viagem, percebi um trio de gaivotas que nos acompanhavam por quilômetros mar a dentro. Percebi que viajavam conosco insistentemente. Um minuto após o click partiram para outros rumos me deixando na bagagem a lembrança daquela sincronia. Mas não precisamos ir longe pra fazer belas fotos do mundo animal. Nossa região é repleta de oportunidades. A Serra da Canastra é uma delas. Sempre que vou para as cachoeiras da região faço fotos incríveis de pássaros, répteis, tamanduás, cobras, peixes etc. É fantástico reconhecer e respeitar a natureza valorizando suas belezas através da fotografia.

Marcos– Na fotografia de animais, prefere aves, mamíferos, répteis…?
Fabiano– Todos são maravilhosos e cheios de vida. Aprendo fotografando todos eles. Sejam cobras, lagartos, mamíferos, peixes, pássaros… Ou mesmo os mais dóceis companheiros de jornada. Mas alguns são realmente surpreendentes e parece que nos entendem perfeitamente, fazendo poses e colaborando com as fotos. De incrível inteligência, mesmo que em forma de instinto.

Marcos– Gosta de pets?
Fabiano- Adoro, são companheiros únicos que nos trazem muita alegria. São capazes de promover a saúde mental de seus “donos” colaborando diretamente e positivamente a vida de todos ao redor. Estão em constante aprendizagem nos desafiando os limites da ciência, nos mostrando que os animais têm plena consciência de si mesmos, sentimentos e personalidade. E isso que é bacana captar nas lentes explorando os conceitos de composição, técnica e criatividade juntos na mesma prática, que é a fotografia do mundo animal.

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Marcos– Considera touradas ou vaquejadas uma questão cultural ou acredita que essas práticas devam ser extintas?
Fabiano– Acho que devem fazer parte de nossa cultura em forma de arquivos e fotografias somente. No passado. Os animais não merecem ser tratados dessa forma. Merecem nossa tutoria e ajuda, pois já fizeram sua parte na evolução planetária nos alimentando desde eras passadas. Hoje não faz mais sentido, temos tecnologia, e muita terra pra cultivo de alimentos. Não comungo que devamos continuar com a cultura de que são menores ou somente a nosso dispor. Longe disso, são coadjuvantes na evolução planetária, e merecem todo nosso respeito e carinho. Nos trazem alegria e saúde com a harmonia que nos proporcionam. Devemos muito a eles.

Marcos– O que é um “Olhar Digital”?
Fabiano– A tecnologia avançou rapidamente e a fotografia acompanhou esse movimento. É um olhar atento na luz que desenha nossas composições, destacando contornos e texturas através da composição apurada. O princípio de tudo. Refletem toda a criatividade que pode expressar. E um movimento de auto realização onde se expressa seus sentimentos e emoções. Estamos entre bits e lentes. É preciso compreender como seu equipamento pode te ajudar nessa pintura, conhecendo suas funções e explorando a pós produção, onde os bits dão forma às fotografias. É a fusão entre o lado esquerdo e direito do cérebro. É um olhar sobre VER, SENTIR E PENSAR.

Alessandra Amaro Dias Piagem

A face do bem

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Aos 40 anos de idade, Alessandra Amaro Dias Piagem toma conta do Abrigo dos Anjos- como próprio nome diz, um abrigo para cães abandonados- fazendo um trabalho que começou por causa de uma longa aventura pessoal, que ela nos conta nessa entrevista. Os filhos a ajudam muito, aliás sem eles não seria possível, claro, já que hoje são quase 600 animais que vivem no abrigo. Ela é empenhadíssima no que faz e está sempre criando campanhas que movimentam pessoas para ajudar a manter essa grande matilha alimentada e cuidada. Não mede esforços para encaminhar os cães para adoção responsável. Sabemos que muitos deles só sairão dali, mortos. O espaço físico desse “abrigo dos anjos” como ela batizou, é carregado de energias múltiplas. A mais forte é a dela, naturalmente. Energia boa que emana dessas pessoas que só pensam no bem. Mas há também energias pesadas, trazidas pelo abandono, pela crueldade, pelo desprezo. Energias que o ser humano carrega e transmite sempre, não os cães. Mas em seus olhares, podemos distinguir tudo isso, como também a energia da gratidão quando recebem um pouquinho de carinho e um lar pra chamar de seu. Essa é Alessandra, da qual nada mais é preciso dizer.

Marcos Moreno– Quem conhece de perto o seu trabalho como protetora de animais fica impressionado com tanta dedicação a tantos animais. Não posso deixar de perguntar : como isto começou?
Alessandra Amaro dias Piagem– Tinhamos uma cachorra que no meio de um dia qualquer sumiu. Procuramos por todo o bairro, espalhamos panfletos, fizemos uma divulgação em massa a procura da Pandora. Ficamos todos desesperados a procura dela, toda a minha família tinha um vínculo grande com ela, pois estava conosco já a algum tempo. Se passou um ano e não conseguimos encontrá-la. Voltando do trabalho em uma noite chuvosa, encontrei pela rua uma cachorra bem debilitada, aparentemente doente e a levamos ao veterinário, que a diagnosticou com anemia. Os veterinários nos receitaram alguns medicamentos e começamos o tratamento dela em casa. Depois disso passei a enxergar os animais com outros olhos e tentava os ajudar o máximo que conseguia. Vieram os próximos animais e de 1 em 1, tínhamos 60 animais dentro de casa e 100 no quintal. Não foi uma luta fácil e por muitos fui chamada de doente, louca, acumuladora. Mas graças a tudo isso, hoje, minha ONG abriga quase 600 animais muito bem cuidados e estamos trabalhando a cada dia para melhorarmos nossa estrutura para atender nossos animais tirados das ruas.

 

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Marcos– Você tem filhos que te ajudam no trabalho. Fazem porque também gostam de animais ou simplesmente para te ajudar?
Alessandra– No começo era mais para me ajudar, mas com o passar do tempo foi criando um vínculo entre os animais e eles, e hoje toda a ajuda é feita por amor aos animais e pela causa. Nós achamos que o salvamos, mas eles que nos salvam todos os dias.

Marcos– Onde você está hoje é um terreno doado pela PMU?
Alessandra– Não, é uma chácara alugada que pagamos com o dinheiro de doações.

Marcos– Você consegue ajuda do município?
Alessandra– Ainda não. Tivemos a emenda liberada, mas ainda não começamos a receber.

Marcos– Acho que a higienização de um lugar que abriga tantos cães é fundamental. Que ajuda você tem para fazer isto?
Alessandra– Temos voluntários que todos os dias nos ajudam com a limpeza da chácara, que todos os dias é lavada para o bem estar dos nossos animais.

Marcos– Há sempre ajuda voluntários da área veterinária para tratar dos pets?
Alessandra– Temos parceria com alguns veterinários que fazem um orçamento a baixo do mercado para nos atender, já que todos sabem que dependemos de doações.

 Marcos– Eles vão até ai ou você tem que providenciar transporte para levá-los às clínicas?

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Alessandra– Depende do caso, como ainda não temos uma sala adequada para atendimento, os nossos animais que precisam de uma atenção especial são levados para a clínica, para serem tratados lá. Mas uma vez na semana nossa veterinária vem para ajudar na medicação e fazer uma vistoria nos canis, e atendendo os que não precisam ser retirados daqui.

Marcos– Eles têm que ter pessoas por perto 24 horas por dia. Você mora na ONG?
Alessandra– Eu e 4 dos meus 5 filhos moramos no abrigo e nunca deixamos o local sozinho. Sempre que precisamos sair todos, temos pessoas de confiança para tomar conta por algumas horas. Mas a maioria das vezes, se eu não estou, um dos meus 2 filhos mais velhos fica sempre responsável pelo abrigo.

Marcos– Quando morrem os cães que ninguém adota e acabam ficando por aí, pra onde são levados?
Alessandra– Temos uma área afastada onde enterramos nossos animais quando o perdemos. Estamos buscando melhorar isso. A melhor solução seria cremar, mas em nossa cidade ainda não existe um local adequado.

Marcos– Quantos cães ao todo estão no abrigo hoje?
Alessandra– Não temos um numero exato pois sempre chegam mais animais e muitos também são adotados, mas em nossa ultima contagem eram em torno de 589 animais em média.

Marcos– Há uma quantidade grande de adoção?
Alessandra– No momento sim, pois temos fotógrafas voluntárias que fotografam nossos animais e nos ajudam a divulgar. Através dessas fotos, muitos dos nossos animais recentemente encontraram um lar.

Marcos– Pode deixar uma mensagem para os humanos em relação aos animais?
Alessandra– Como eu disse acima, não salvamos os animais, eles que nos salvam. Precisamos permitir amar, pois o amor e a gratidão que recebemos em troca é gratificante.
Esses animais não merecem o que sofrem, e nós humanos, temos a missão e o dever de cuidar.
Nós não merecemos os animais, mas já que os temos, devemos cuidá-los e amá-los todos os dias. Porque eles nos amam sem nos julgar. Os animais são os únicos capazes de amar de verdade sem se importar com a cor da sua pele, com o que você é ou tem, eles simplesmente nos amam sem esperar nada em troca. E isso é amor.

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Maurício Araújo Farias

Pedagogo Empresarial, repórter  fotográfico e artesão, Maurício é um cara super comunicativo, competente  e realmente muito talentoso, tanto no trabalho de fotografia quanto no artesanato. No artesanato cria peças inusitadas, com bolinhas de gude e outros materiais, por exemplo.  Muito interessante mesmo. Gosta dos seus cachorros e arrisca a fazer uma “previsão” de que chegará o dia em que o ser humano se alimentará de ração. Enfim, o que sabemos no momento é que tudo está em transformação sempre, mas parece que a coisa está mais rápida do que nunca. Maurício afirma um pensamento que resume o sentido da vida: Respeito!

FRED (2)

Marcos Moreno–  Sempre começo com a mesma pergunta: algum fato te despertou para o amor aos animais ou foi sempre assim?
Maurício Araújo Farias– Esse carinho e dedicação aos animais vem de criança, pois aprendi a andar segurando em uma cachorra!

Marcos–  Que pet ou pets você tem?
Maurício–  Cães: Um macho, conhecido como Fred, que na verdade chama Alfredo – e a fêmea Rebeca
OBS: Ambos adotados na rua

Marcos- Alguma história de seus animais te marcou mais?
Maurício–  Essa de ter aprendido a andar apoiando em uma cachorra e a Rebeca que foi retirada do lixo. Encaminhada para HVU e recuperada. Mas a pouco tempo deve que retirar um dos rins e foi uma peleja para recupera-la novamente!

Marcos– Você acha que o estímulo humano ajuda o animal a desenvolver a inteligência ou isto é nato?
Maurício– Os seres tendem a evoluir com o passar do tempo. Com dedicação e respeito dos humanos isso acontece também com os animais!

Marcos– Você pensa que podem existir mais políticas públicas de proteção a animais? O que, por exemplo?
Maurício– Tudo se resume na frase: Respeito a vida. E o respeito os animais é uma característica de pessoas evoluídas!

Marcos– O número de pessoas adeptas à culinária vegana tem crescido bastante. Você acha que é uma evolução do ser humano?
Maurício– Foi-se o tempo em que o alimento era o resultado da caça e a caça por alimentos era necessária,  “salvo algumas exceções”. Muitos já estão procurando outras formas de alimento mais saudável e menos agressivas. Logo a ração deverá ser o alimento do homem moderno.

Marcos– Acredita que emoção pode ser um sentimento existente em animais?
Maurício– Os animais tem sentimentos; isso nos aproxima e nos proporcionam carinho e respeito.

Marcos– Você é artista plástico, fotógrafo, enfim, dono de uma sensibilidade especial dos artistas. Acha que todo artista é sensível também em relação aos animais?
Maurício– O artista tem que ser sensível para viver e captar momentos para o seu dia-a-dia. Jamais poderemos perder essa sensibilidade, isso é uma característica fundamental para o nosso trabalho. Quando isso acontecer… Temo pela arte, cultura e a nossa sobrevivência!

Marcos– Ainda sobre sensibilidade, acredita existir animais tristes e/ou alegres por sua própria natureza?
Maurício– A vida é repleta de sentimentos.

Marcos– Pode deixar uma mensagem para os humanos em relação aos animais?
Maurício– A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de carácter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem- Arthur Schopenhauer

 

Roberta Pinheiro

 

Psicóloga Judicial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, especialista em Mediação de Conflitos, entre outras áreas, Roberta Pinheiro é a nossa convidada da semana para compor a série de entrevistas do Moreno Pet Blog. Casada, mãe de três filhos, adora viajar, e cozinhar pratos especiais para os amigos e familiares. Os talentos são muitos, além de ser uma mulher elegante e de privilegiada inteligência. E um dos traços super bacanas desse caráter admirável: é apaixonada por animais, especialmente cães, gatos e a maioria dos demais mamíferos.

 

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“Vivemos um período de transição, onde a quantidade de informações recebidas e as necessidades de mudanças imediatas são constantes, não tendo como nos esquivarmos das mesmas, pois envolvem nossa sobrevivência e a preservação do planeta”

 

Marcos Moreno -Sempre começo com a mesma pergunta: algum fato te despertou para o amor aos animais ou foi sempre assim?
Roberta Pinheiro – Meu pai era fazendeiro e íamos à fazenda com freqüência. Cresci rodeada por aves, animais rurais e domésticos. No dia em que nasci ganhei meu primeiro pet: uma bezerrinha que nasceu na mesma data e recebeu o nome de Estrela. Na cidade, criava pintinhos comprados no Mercado Municipal, que recebiam nomes próprios e morriam por velhice. Junto aos pintinhos vieram os porquinhos da Índia, pássaros e muitos peixinhos.

Marcos– Você tem 3 cães da raça Shiba. Você pesquisou antes de optar por criar cães dessa raça?                                                       Roberta– Obtive as primeiras informações e imagens da raça Shiba Inu através de meus filhos, que desejavam ter um. Pesquisei bastante sobre a raça e participo, desde então, de três grupos na internet, formados por criadores, proprietários e admiradores da raça, onde trocamos experiências e fotos, além de obtermos informações importantes sobre o temperamento e os cuidados que devemos ter com eles. O Shiba é a raça mais popular no Japão na atualidade, mas quase foi extinto há alguns anos. Logo, os criadores costumam ser muito exigentes e criteriosos na preservação das suas características. No Brasil, ainda há poucos exemplares, embora estejam se tornando o cão da moda desde que a griffe Louis Vuitton lançou uma coleção completa de acessórios com imagens do Shiba como referencia a 2018; ano do Cão no Horóscopo Chinês. Na França, o tempo de espera em lista para comprar um filhote Shiba costuma ser de cerca de dois anos. Os Shibas são extremamente inteligentes, independentes e leais aos donos. É a raça canina que mais herdou características do DNA dos lobos e se comunica através de uivos em tons ritmados e gestos característicos. Sua expressão facial simula um grande e apaixonante sorriso. Quando filhotes são muito ativos e um tanto rebeldes. O dono precisa ter pulso firme na colocação de regras e limites. Nos primeiros meses de vida tendem a morder tudo que veem pela frente, requerendo que tomemos cuidado para não deixar objetos ao alcance deles. Também é preciso estar em uma fase mais desapegada (rsrs), porque a possibilidade de que eles estraguem mesas, sofás, sapatos e etc é muito grande. Porém, após o primeiro ano de vida se tornam obedientes, calmos e excelentes companheiros. O cruzamento da nossa primeira Shiba, a Amora, ocorreu em São Paulo, com um macho compatível com ela nos critérios rigorosamente analisados pelo proprietário do macho. Nasceram três filhotes, um dos quais pertencia, por direito, ao proprietário do padreador e foi comprado por um paulistano. Pretendíamos ficar com uma fêmea e vender o macho, mas me apaixonei por ele. São o Zion e a Raika, que estão com 05 meses. Além deles temos a Jolie, que é maltes e o gato Abel, que foi adotado e também é nosso xodó.

Marcos– Alguma história de seus animais te marcou mais?
Roberta– Após o falecimento precoce da minha mãe, quando eu tinha 09 anos, fiquei muito traumatizada e introspectiva, evitando me relacionar com as pessoas. Tinha um medo imenso de perdê-las e não ser capaz de suportar a dor causada pela falta das mesmas. Nessa época conheci o Kojak, um filhotinho SRD que também havia perdido a mãe. Nossa identificação foi imediata e intensa. Desde o dia que nos conhecemos até sua morte, treze anos depois, nunca nos separamos. Kojak teve uma contribuição fundamental para o restabelecimento da minha saúde psíquica e foi um companheiro inesquecível. Não poderia ter havido acontecimento, pessoa ou tratamento melhor para ter me ajudado a recuperar a alegria e a vontade de viver, assim como a reestabelecer a confiança nos seres humanos.

Marcos– Você acha que o estímulo humano ajuda o animal a desenvolver a inteligência ou isto é nato?
Roberta– Acredito que a estimulação humana pode ajudar o animal a desenvolver ao máximo as suas potencialidades natas, que são variáveis. A estimulação oferecida deve respeitar as particularidades e limitações dos animais.                                                                                                                                                                                                                           

 Marcos– Acredita que em um tempo futuro eles, os animais, serão respeitados tanto quanto os humanos?                                 Roberta– Creio que estamos caminhando para atingirmos um grau de maturidade coletiva onde haverá maior respeito a todas as espécies. Vivemos um período de transição, onde a quantidade de informações recebidas e as necessidades de mudanças imediatas são constantes, não tendo como nos esquivarmos das mesmas, pois envolvem nossa sobrevivência e a preservação do planeta. Porém, a velocidade em que estão acontecendo tais mudanças é mais rápida e complexa do que nossa mente é capaz de assimilar com elaboração efetiva e profundidade. É tempo de reavaliações, de tomar decisões relacionadas à quebra de vários paradigmas, que envolvem nossos valores éticos, morais, políticos, educacionais e até alimentares, sem que tenhamos sido preparados para tal. Confusos e frágeis, estamos nos aproximando, como nunca, dos animais, em especial dos cães e dos gatos, que nos aceitam e nos acolhem incondicionalmente. Não por acaso, em alguns países o número de animais de estimação já supera a quantidade de habitantes humanos.

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“…o limite entre o cultural e aquilo que o extrapola é difícil de ser explicitado, por se tratar de algo muito arraigado no indivíduo”

 

Marcos– Na Índia, a vaca é sagrada, na China cozinham-se cães vivos, no Brasil usam animais para divertir as pessoas à custa de sofrimento. O que é cultura e o que extrapola a questão cultural?
Roberta– A Cultura, em síntese, é o conjunto de crenças, costumes e tradições adotados pelos grupos sociais. Envolve atitudes, valores, experiências, religião e outros aprendizados, que são repassados para as próximas gerações. Portanto, o limite entre o cultural e aquilo que o extrapola é difícil de ser explicitado, por se tratar de algo muito arraigado no indivíduo. Horrorizamos-nos com chineses e tailandeses que comem cachorros, por exemplo, mas achamos natural ingerir carne bovina, costume abominável para os indianos. Tudo que envolve tortura, maus tratos e sofrimento dos animais tem sido questionado e repudiado, felizmente. Na atualidade, o uso de peles animais em peças de vestuário tornou-se símbolo de péssimo gosto, experiências químicas e medicinais com uso de animais têm sido evitadas ao máximo. Os espetáculos circenses de maior sucesso, como os do Circo de Soleil não exibem animais. As touradas estão sendo proibidas na Espanha, assim como as rinhas de galos no Brasil. Na Turquia, por questões religiosas, a presença de animais em casa é evitada. Em Istambul, os cães são catalogados e marcados com chips fixados nas orelhas. Acabaram se tornando pets de todos os moradores da cidade e dos turistas, sendo muito comum ver pessoas pararem nas ruas para acariciarem cães e gatos e cuidarem deles. Na Holanda não existem cães abandonados. As pessoas estão se tornando mais conscientes, especialmente, com o avanço de estudos que comprovam que os animais têm sentimentos. A ciência tem colaborado com soluções plausíveis que minimizam o sofrimento animal, no caso de abates, por exemplo, e buscado usar fontes não animais para a execução de suas pesquisas.

Marcos– Acredita que emoção pode ser um sentimento existente em animais?
Roberta– Já está comprovado cientificamente que os animais têm sentimentos, sendo que estes variam conforme o grau de complexidade cerebral de cada espécie. Os cães, gatos, macacos, golfinhos e tantos outros não apenas sentem emoções, como as demonstram, ainda que de modo mais rudimentar que os humanos. As emoções relacionadas a afeto, dor, predileção, alegria, angustia e ciúmes são as mais fáceis de serem identificáveis.

Marcos– Você adotaria um cachorro de rua?
Roberta– Com certeza. Na verdade, já tive três cães e dois gatos que, literalmente, conheci na rua, levei a um veterinário para checar a saúde e aplicar os cuidados necessários e adotei, com o mesmo amor e cuidado que tenho com os que comprei. O amor é construído e consolidado no dia a dia, independente da maneira como o animal foi adquirido.

Marcos– Que animal você jamais teria como pet?
Roberta– Tenho receio de animais selvagens que possam nos atacar e ferir seriamente. Acredito que, em algum momento, o instinto primitivo relacionado à personalidade nata, ainda que reprimido pelo condicionamento, possa vir à tona e colocar em risco os criadores. Em minha opinião alguns aspectos da personalidade humana e animal são imutáveis e não podem ser minimizados ou ignorados.

Marcos– Se tivesse que ter um animal selvagem, com qual você acha que se adaptaria melhor?                                                         Roberta– Não é relacionado a um animal selvagem, mas vou compartilhar uma experiência com vocês: Na minha residência há um corredor que dá acesso aos quartos, no qual havia uma lâmpada queimada. Um dia, quando saí do quarto pela manhã, havia um morceguinho pendurado justamente naquela lâmpada. Sempre tive horror de morcegos, mas resolvi observá-lo mais de perto. Você já viu a carinha de um morcego silvestre? São muito parecidos com filhotes de algumas raças de cachorro. Ele me olhou com seus olhinhos bem redondinhos e atentos, analisando qual seria a minha reação e não tive coragem de espantá-lo. Nos outros dias aconteceu do mesmo jeito. Quando acordávamos ele estava ali, na mesma lâmpada, quietinho. Afeiçoei-me a ele e passei a chamá-lo de Bananinha. A razão do nome se deve ao fato de que os morcegos são grandes polinizadores. Aliás, sem os morcegos, não poderíamos comer bananas, cajus, mangas e muitas outras frutas que são polinizadas somente por eles. Eles se alimentam apenas de néctar, frutos e insetos, não gostam de sangue, não transmitem doenças e nem nos mordem. Confesso que tive que me impor com os demais moradores da casa, que não aceitaram muito bem o meu novo mascote (rsrsrs). Felizmente, ele nunca abriu as asas e voou em nossa presença, senão haveriam gritos de todos, meus inclusive. Se em algum dia ele demorava a chegar, ou não aparecia, eu ficava preocupada e me aliviava quando no outro dia o encontrava no mesmo lugar. Ele morou na lâmpada queimada bastante tempo, até que um dia não voltou mais. Espero que esteja bem e tenha constituído uma linda família.

“Errado é comprar o “cão da moda”  e depois abandoná-lo ou doá-lo, porque não pesquisou e escolheu um animal com características que não são adequadas a sua realidade ou ao seu momento atual”

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Marcos– Pode deixar uma mensagem para os humanos em relação aos animais?
Roberta– Percebo que uma das consequências de nossa fragilidade frente ao momento global atual é que ainda estamos um tanto perdidos diante de tantas informações e necessidade de assimilações. Infelizmente, há pessoas que, de tão inseguras, estão reagindo de modo intolerante, radical e até agressivo com relação aquilo que não compreendem. Engajam-se em movimentos que humilham e excluem. Trazendo tal observação para a relação atual entre as pessoas e os cães, parece que na atualidade, para muitas pessoas, a única alternativa aceitável e correta de adquirir um animal é adotá-lo. Pretender comprar ou vender um cão de raça, para tais pessoas, é algo inaceitável e digno de agressões gratuitas. Vivenciei tal situação recentemente, quando eu e meus filhos anunciamos a venda dos filhotes da Amora em redes sociais. Muitos se acharam no direito de nos ofender e agredir verbalmente, como se estivéssemos cometendo um crime ao anunciarmos a venda dos filhotes. Sou muito favorável à adoção, assim como a castração segura de animais, de modo a evitar tantos abandonos. Também sou a favor do direito de usufruir de todo o conhecimento existente para escolher qual o tamanho, aparência e possível temperamento do animal com o qual pretendo conviver de modo muito próximo e responsável nos próximos dez ou quinze anos. Não há certo ou errado em uma ou outra escolha. Errado é adotar um animal que se vai abandonar depois, seja porque cresceu demais ou se tornou agressivo, por exemplo. Errado é tomar atitudes com duração de longo prazo sem planejamento e sem maturidade para resolver as dificuldades que surgirem. Errado é comprar o “cão da moda”  e depois abandoná-lo ou doá-lo, porque não pesquisou e escolheu um animal com características que não são adequadas a sua realidade ou ao seu momento atual. Sugiro que tenhamos muito respeito por todos os animais, independente de gostarmos deles ou não e que a escolha por um pet para morar conosco seja feita de modo muito responsável, para que ele jamais seja maltratado ou abandonado. Se possuir um animal de estimação não está em seus planos, siga o exemplo dos turcos que moram em Istambul, dê alimentos, carinho e respeito aos animais que estão abandonados, patrocine um tratamento, uma castração, auxilie uma ONG… Juntos podemos ser a diferença na vida desses animais tão evoluídos espiritualmente e que nos fazem tão bem

Maria do Socorro Silva Sebatião- Tuca

Todo mundo a conhece por Tuca, mas seu nome de batismo é Maria do Socorro Silva Sebastião. Artista plástica de muita sensibilidade, é esposa dedicada, matriarca das mais queridas. Adora reunir toda a família e isso sempre é motivo de festa. Mas nada tira sua atenção dos bichinhos que ela, voluntariamente, sem vínculo algum com qualquer entidade, ajuda, resgata, encaminha para lares, ou seja, consegue um final feliz para histórias tristes de abandonos e maus tratos. Isso está no coração das pessoas sensíveis. Naturalmente Tuca toma atitude, arregaça as mangas e vai à luta pelo bem dos bichos. Por causa desse trabalho tão bacana o Moreno Pet Blog tem a honra de entrevistá-la.

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“Humanos, sejam MAIS humanos. Em todos os sentidos”

 

Marcos Moreno- Pelas redes sociais a vejo que você está envolvida em causas animais. Com certeza ama e respeita. Você participa de alguma ONG?
Maria do Socorro Silva Sebastião– Não meu trabalho é voluntário em auxiliar aos animais sem nenhum vínculo, ajudo a todas!

Marcos– Sempre gostou de animais? Teve ou tem?
Tuca- Sim, sempre, atualmente tenho 2.Ambos adotados!

Marcos– Acredita que todo animal possa interagir com os seres humanos?
Tuca– Acredito! Claro que sim! São alguns seres humanos que são incapazes de interagir com os animais

Marcos– Você já adotou algum cachorro de rua?
Tuca- Vários! Todos os meus são adotados!

Marcos– Quem tem um pet sabe, naturalmente, que o animal é muito inteligente. Que comportamento do seu(s) pet(s) você pode citar para exemplificar isto?
Tuca– Por exemplo, quando vou dar o remédio ele é tão esperto que sabe que tem o remédio ali que se recusa a comer, trava a boca e cospe fora.

Marcos– Qual o limite que não deve ser ultrapassado? (para que não haja confusão entre bichos e gente?)
Tuca– Eu não tenho limites! Rsrs

Marcos– Você acredita que tem crescido a conscientização humana em relação ao respeito pelos animais?
Tuca– Sim, tem crescido mas a caminhada é longa e falta muito pra gente chegar lá!

Marcos– De que maneira você acredita poder contribuir para esse crescimento?
Tuca– Fazendo o que faço, através de consciência social, não comprando animais, não abandonando, financiando e auxiliando os protetores.

Marcos- No universo de animais selvagens, qual o que mais atrai cada um de vocês?
Tuca– Todos. A natureza é bela.

Marcos– Touradas da Espanha ou as vaquejadas praticadas no nordeste brasileiro devem existir para preservar a cultura?
Tuca– Não!

Marcos– Um filme com animal.
Tuca– Marley e eu, Sempre ao seu lado, vários..

Marcos– Uma mensagem aos humanos em relação aos animais.
Tuca- “Humanos, sejam MAIS humanos. Em todos os sentidos”

Alberto Henrique Sousa

alberto e luke

Analista de sistemas por profissão, cartunista por hobby, casado com a fotógrafa e publicitária Marcela Pena Gama, “pai” de 6 cães e 2 gatos, Alberto Henrique Sousa nasceu, cresceu e vive em Uberaba. Hoje retrata sua vida comum por meio das tirinhas do DezOuMais, a convivência entre um casal de humanos e os seus cães e gatos. Eu garanto que é super legal e a gente se identifica muito com cada uma delas. Sabe essas coisas que falamos com nossos bichos mas que só sabe traduzir quem tem e faz a mesa coisa? Pois é assim. Sabe esse talento sem alarde que só as pessoas mais sensíveis têm? Pois é, ele tem. Confira esse talento de registrar esse cotidiano nesses endereços:
http://dezoumais.com.br/
https://www.instagram.com/dezoumais/
https://www.facebook.com/dezoumais
“Não estar morto não significa estar vivo” amar os animais é estar vivo”

 

Marcos Moreno– Alberto, você e sua esposa cuidam de vários cães e dois gatos. Já tinha esse amor pelos bichos antes de casar?
Alberto Henrique Souza– O contato com os animais foi desde a infância, principalmente com cães, naquela época a relação era mais descompromissada do que temos atualmente. Na infância os cães e gatos normalmente ficavam mais soltos, não comiam ração e sim comida e levar ao veterinário não era tão comum na época. Hoje em dia temos mais animais e um relacionamento muito mais compromissado, passaram oficialmente a ser membros da família.

Marcos– Naturalmente cada um tem uma história. Todas são tristes ou algum deles veio como um presente, tipo comemorando uma data?
Alberto– Em casa temos 8 animais, desses 6 foram resgatados com histórias de abandono e acidentes e dois são cria de uma adotada, nunca compramos ou recebemos algum animal de presente, até porque toda a turma é de raça não definida, o famoso vira-lata. Alguns momentos foram de tristeza ao se deparar com as situações antes da adoção, como o Luke, último cãozinho adotado, mas foram de comemoração para eles e hoje são para todos nós.

 

luke, bob e kitty

Marcos– De todas as histórias, alguma você destacaria como a mais difícil ou mais emocionante?

Alberto- No começo do casamento morávamos em um apartamento e ainda não tínhamos cães e gatos convivendo conosco, mas em um final de tarde nos deparamos com uma cachorrinha que havia sido atropelada, estava na porta da casa da minha mãe e por relatos de vizinhos ela tinha sofrido o acidente nas proximidades, mas não prestaram socorro.
Levamos ao hospital veterinário e fizemos o que foi possível para salvar a vida daquela pequenina, do qual colocamos o nome de Branquinha. Ela ficou uns dias em nosso apartamento e alternando com o hospital, mas infelizmente ela não resistiu, foi um momento bastante difícil e comovente, mas isso fez uma mudança profunda da nossa relação e maneira de ver e ajudar os animais.

Marcos– Entrando um pouco na intimidade: como fica a convivência do casal com tantos bichos em casa?
Alberto- Nós dividimos os cuidados, enquanto um alimenta o outro limpa o quintal, um dá banho, outro dá remédios e por aí vai, é muito tranquilo, levamos muito bem. Como os dois gostam muito e por isso é uma relação muito tranquila.
É uma turma grande e sempre nos perguntam se eles não brigam, principalmente entre os cães e gatos, mas é uma convivência pacífica, não são agressivos. Quando ocorre algum excesso estamos atentos para interferir, mas no geral são todos amigos. O que ajuda nessa harmonia é que são todos castrados, e isso evita muitos problemas de comportamento e de doenças.

Marcos– Você é um desenhista talentoso. Tem alguma formação nesta área ou é um talento puramente nato?
Alberto– Desenhar é algo natural a todos, um traço mais elaborado é treino e formação, para mim é ainda um grande caminho a aprendizado e nessa caminhada tenho formação em Desenho Artístico, Personagens de Cartoon e História em Quadrinhos pela Escola Visuart Ltda com sede em São Paulo. A formação nos ajuda no direcionamento, mas 90% é prática e dedicação, assim vamos evoluindo.

0061 - DezOuMais - Visita Veterinário
Marcos– Ai você criou um site usando esse talento em favor dos bichinhos. Fale sobre isto.
Alberto– Na conclusão do curso de História em Quadrinhos eu apresentei a criação de tirinhas sobre o relacionamento entre humanos e animais de estimação. Me agradou muito a ideia de unir essas duas paixões, animais e desenhos, assim, em maio de 2016 eu comecei a publicar as tirinhas em um site próprio e também nas redes sociais.
Os personagens das tirinhas são um autorretrato, inspirados em mim, minha esposa e nossos cães e gatos. Com histórias que vão de certo realismo a fantasia, dentro de um humor leve e puramente divertido para todas as idades.
Assim podemos compartilhar as histórias e mostrar como é bom conviver com os animais.

Marcos– Seria possível viver desse trabalho atualmente no Brasil?
Alberto– Existem muitos profissionais na área de desenho que conquistaram um caminho viável, Maurício de Sousa e Ziraldo são os grandes nomes para exemplo, são muitos que conseguem, incluindo os desenhistas que fazem trabalho para as grandes editoras de quadrinhos como a Marvel e DC e fazem esses trabalhos vivendo ainda no Brasil.
Como qualquer negócio para dar certo depende de planejamento, dedicação, especialização e muita perseverança. Assim o resultado vai acontecer.

Marcos– Sua esposa também faz um trabalho muito bacana para contribuir para a causa da adoção. O que é exatamente uma adoção responsável?
Alberto– Sim, ela é publicitária e fotógrafa pet e faz fotos produzidas de animais para ajudar a divulgação da adoção. Já conseguiu ajudar cerca de 200 animais a serem adotados graças às fotografias.
A adoção responsável é oferecer não apenas os cuidados básicos como alimentação, higiene, castração, cuidados veterinários. Mas também tratá-los com respeito e amor, ter paciência, principalmente quando ficam idosos.

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Marcos– Você acredita que os animais são seres que têm reconhecimento- tipo agradecimento?
Alberto– Acredito nisso, depois que passamos a conviver e vivenciar as experiências, principalmente de resgates, onde vemos que animais estavam em condições de quase morte, não só física, mas a morte do abandono que muitos humanos ainda simplesmente descartam seus animais por motivos diversos e na maioria injustificáveis. Esses animais ao serem resgatados e encaminhados para novos lares de amor são eternamente agradecidos aos seus novos tutores e isso é algo não falado, mas vivenciado.

Marcos– Você costuma assistir filmes sobre animais?
Alberto– Sim, seja com atores ou animações, são muito bons, pois conseguem em sua maioria retratar a essência da experiência de convivência entre os humanos e os animais. É quase impossível não se emocionar e se envolver com as histórias, principalmente quando retratam o abandono ou perda, isso realmente mexe bastante, é a identificação com a própria vida.

Marcos– Que recado você daria para os homens sobre os animais?
Alberto– A vida é muito curta, seja pra humanos ou animais, mas dos animais é mais breve ainda, então passar por essa vida sem dar um abraço e atenção a um animal é perder a oportunidade de ser um verdadeiro humano. “Não estar morto não significa estar vivo” amar os animais é estar vivo.

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Osvaldo Luis Martins Tibery

Empresário do segmento do comércio, o uberabense Osvaldo Luis Martins Tibery pilota a LEVI’S há algum tempo. Naturalmente é dos mais antenados ao que rola no mundo fashion, no mundo das grandes grifes e, portanto, um cara descolado. Com esse ritmo intenso que esse universo cobra de quem nele está envolvido, não tem o tempo que gostaria para ficar com sua cadela da raça Pastor Australiano e com sua gata. Mas o pouco que tem dedica com muita intensidade. E eles sabem reconhecer esse amor e são leais companheiros. O felino é mais independente e tem uma missão que cumpre bem. A cadela fica sempre na expectativa desses encontros que proporcionam a maior troca de boa energia.

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“Procuro não fazer mal a nenhum bicho, inclusive o bicho homem”
Marcos Moreno– Pelo o que se sabe, você adora cães e gatos. Alguma preferência por um ou por outro?
Osvaldo Luis Martins Tibery– Sempre tive animais, mais cachorros que outros. Há dois anos tivemos que adotar um gato…por causa dos ratos que apareceram…foi ótimo…acabou com eles

Marcos- Algum fato despertou esse amor pelos bichos em você ou sempre foi assim?
Osvaldo– Desde pequeno tivemos cachorros em casa.Meu primeiro foi um Fila Brasileiro de nome JUMBO

Marcos– Acredita que todo animal possa interagir com os seres humanos?
Osvaldo– Os animais entendem a gente; a gente é que não entende eles.

Marcos– Todas as pessoas que têm algum animal de estimação têm uma história pra contar para falar o quanto são inteligentes. O que você conta nesse sentido?
Oswaldo– Minha cadela pastor Australiano prevê a chegada de todos que moram na casa pelo menos 5 minutos antes.

Marcos– Já participou de algum trabalho voluntário pelos animais?
Oswaldo– Infelizmente não, tenho pouco tempo. Fico na loja 10 horas por dia.

Marcos– Qual o limite que não deve ser ultrapassado? (para que não haja confusão entre bichos e gente?)
Oswaldo– Beijar; deixar ser lambido; dormir na mesma cama; questão de saúde.

Marcos– Você acredita que tem crescido a conscientização humana em relação ao respeito pelos animais?
Oswaldo– Sim. Quando pequeno todos tínhamos espingardas, matávamos pássaros. Era comum. Hoje me arrependo e não vejo mais isto acontecer, felizmente.

Marcos– De que maneira você acredita poder contribuir para esse crescimento?
Oswaldo– Procuro não fazer mal a nenhum bicho, inclusive o bicho homem

Marcos– No universo de animais selvagens, qual o que mais atrai cada um de vocês?
Oswaldo– Onça. Para mim o mais bonito e esperto de todos

Marcos– Touradas da Espanha ou as vaquejadas praticadas no nordeste brasileiro devem existir para preservar a cultura?
Oswaldo– Touradas com morte, sou contra. Vaquejadas acho menos agressivo.

Marcos– Um filme com animal.
Oswaldo– “Corcel Negro”

Marcos– Uma mensagem aos humanos em relação aos animais.
Oswaldo– Somos Todos Animais Da Nave Terra…

Paulina Abdalla Palis

Conheço Paulina Abdalla Palis praticamente desde o começo de nossas carreiras: eu no jornalismo e ela na fonoaudiologia. Ela logo se despontou na profissão, passando a ser uma referência nessa área em Uberaba. A partir de uma entrevista criamos um forte vínculo de amizade e desde então eu a acompanho, mesmo de longe, mas sempre sabendo e torcendo por sua vida. Fonoaudióloga e laserterapeuta em Fonoaudiologia, Paulina e eu temos ainda em comum a paixão pelos animais, notadamente pelos nossos pets, ambos já meio velhinhos e ambos adotados. Quando nos descobrimos loucos por eles, a participação dela no blog se confirmou absolutamente necessária. No momento certo, quando acontece uma mágica inexplicável de “a hora é agora”, no caso dela, pra falar da sua Patty e desse amor que só quem tem sabe entender.

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“As pessoas ainda cometem atrocidades que são inimagináveis…”

 

Marcos Moreno– Você tem uma calinha já bem velhinha. O meu também está ficando velho. Quais as mudanças que você notou mais no comportamento dela?
Paulina Abdalla Palis– A Patty era mais levada, mas em alguns momentos ainda me surpreende com comportamentos de filhote, é alegre e festeira, acho que só ficou mais dorminhoca um pouco. Ninguém acredita que ela já tem 15 anos.

Marcos– Antes dela, teve algum que tenha vivido tanto tempo?
Paulina– Ela é a minha primeira cachorra, o melhor presente que ganhei na vida. Antes eu tinha medo de cachorro, hoje sei que só perdi tempo, é a melhor convivência que podemos ter.

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Marcos– Acredita que todo animal possa interagir com os seres humanos?
Paulina– Sem dúvida, eles teem sentimentos e demonstram isso, não falam, mas se comunicam com certeza.

Marcos– Você já viajou com ela? Como foi?
Paulina– Sim, uma complicação. A Patty não gosta de andar de carro, apesar de termos tentado desde filhote, faz escândalo, grita, chora, chega a chamar atenção das pessoas na rua. Quando chegamos ao destino ela gosta.

Marcos- Quem tem um pet sabe, naturalmente, que o animal é muito inteligente. Que comportamento do seu(s) pet(s) você pode citar para exemplificar isto?
Paulina– É digno de registro, ela come cenoura todos os dias, acaba de comer e carrega o prato com a boca, traz e entrega o pratinho no pé de quem serviu. Aí ela vai para a porta do armário para ganhar um petisco como recompensa.

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Marcos– Qual o limite que não deve ser ultrapassado? (para que não haja confusão entre bichos e gente?)
Paulina– O respeito, sem dúvida. Apesar de ser “filha única”, ela tem que nos obedecer, se permitirmos ela ocupa todos os espaços e quer nos dominar. Ela entende tudo, então tem regras.

Marcos– Você acredita que tem crescido a conscientização humana em relação ao respeito pelos animais?
Paulina– Na mídia vejo que há um movimento maior em função disso, mas ainda falta muito. As pessoas ainda cometem atrocidades que são inimagináveis, nós seres humanos precisamos passar por um processo diário de humanização.

Marcos– De que maneira você acredita poder contribuir para esse crescimento?
Paulina– Faço algumas coisas até por impulso, se eu vejo alguém maltratando um animal na rua paro e compro a briga. Auxilio sempre em campanhas por cães em condições de necessidade, incentivo as pessoas à adoção responsável, compartilho isso em redes sociais.

Marcos– No universo de animais selvagens, qual o que mais atrai cada um de vocês?
Paulina– O Leão me atrai, acho um animal bonito, gosto do porte dele.

Marcos– Touradas da Espanha ou as vaquejadas praticadas no nordeste brasileiro devem existir para preservar a cultura?
Paulina- De jeito nenhum, ambos os lugares são maravilhosos e ricos em outras peculiaridades, não justifica maltratar animais para manter a cultura. A mim soa até como descrédito ao lugar, a cultura tem que ser agradável aos olhos e ao coração.

Marcos– Um filme com animal.
Paulina- Dr. Dolittle, como fonoaudióloga não poderia ser outro. Até porque a maioria de filmes com animais tendem a ter histórias tristes e eu não vejo desta forma. Animal é vida, é amor.

Marcos– Uma mensagem aos humanos em relação aos animais.
Paulina– Se você quiser conhecer um amor sincero e totalmente desinteressado, tenha um animal de estimação, eles mudam a dinâmica da sua vida!