Castração gratuita de cães: PBH abre agendamento todo fim de mês; confira

Maria Paula Monteiro

Ao fim de cada mês, são abertos os agendamentos da castração de cachorros e gatos pelo portal da Prefeitura de BH, de forma totalmente gratuita

“Quem ama, castra.” Esse é o lema de diversas campanhas de castração de animais pelo país. Enquanto muita gente tem dificuldade em realizar o procedimento nos seus pets pelo alto custo financeiro, a Prefeitura de Belo Horizonte oferece, mensalmente, cirurgias gratuitas para esterilização de cães e gatos.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o procedimento deve ser feito mediante agendamento no site da PBH, sempre no final do mês. Nos últimos 10 a 8 dias de cada mês, a agenda é aberta no portal, e os tutores podem marcar a cirurgia para o mês seguinte.

É possível agendar até 10 castrações por CPF, mas não pode extrapolar três marcações por semana. Para realizar a cirurgia, os animais devem ter no mínimo 4 meses de idade e no máximo 8 anos, e os filhotes de gatos devem pesar mais de 1,5kg.

Segundo a prefeitura, são realizadas cerca de 25 mil castrações gratuitas todos os anos em Belo Horizonte.

Preparo para a cirurgia

O procedimento cirúrgico exige que o tutor leve documento de identidade e CPF, além de um comprovante de residência recente, de Belo Horizonte. A PBH destaca que os animais devem ser transportados com segurança, guia e coleira para cães e caixas de transporte para gatos. É necessário levar uma coberta para aquecer o animal após o procedimento.

Os animais passam por avaliação médica veterinária para autorizar o procedimento, e é preciso também que eles estejam em jejum hídrico de 8 horas e jejum alimentar de 12 horas, já que a castração envolve uma cirurgia geral.

No dia marcado para a castração, o tutor deve comparecer ao local usando máscara, manter distância mínima de 2 metros das outras pessoas, higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel 70% e não levar acompanhantes. Além disso, o dono do animal deve permanecer na unidade após a castração, até a alta, processo que dura 3 horas, em média.

Encontro Regional e Novo Mutirão da Castração

Deputado Fred Costa, autor da Lei Sansão, estaria em Uberaba promovendo Encontro Regional de Protetores de animais no mês de maio. Por motivos outros o evento foi adiado e acontecerá de fato no próximo dia 24. O evento acontecerá das 09:00hs às 12:00hs na Av do Tutunas, 720. O Deputado Fred Costa já enviou para esta cidade R$ 900.000,00 revertidos para castrações de cães e gatos e é um dos poucos parlamentares que realmente representa a Causa Animal. A presença de todos é fundamental. Fred Costa quer ouvir as demandas e anseios da população para colaborar ainda mais com Uberaba. Hora de mostrar a força dos protetores de Uberaba, reivindicar, trocar ideias entre todos para melhorar a vida dos animais de rua cuja população é cada dia mais crescente na cidade. O convite ao deputado para a realização do evento partiu da vereadora Denise Max.

Deputado Fred Costa

Outra notícia boa é que já está aberto o cadastramento para o mutirão de castração que acontecerá nos dias 01/08/2022 a 06/08/2022, com verba destinada pelo deputado federal Fred Costa, também a pedido da vereadora Denise Max. As castrações serão agendadas com dia e horário marcado para levar o animal. Atenção ao preencher os dados para contato corretamente. Serão atendidos somente os animais que estiverem agendados no dia.
O link para cadastro será o mesmo anterior: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdjCx_XZJRtNr_deUBAr2g0wOhr3GAhp48rIvVzGNHJeIW8vg/viewform?usp=sf_link.
Os cadastros que já foram feitos e não foram chamados para o mutirão anterior, estão armazenados para esse mutirão.

Justiça proíbe animais durante o rodeio em Pedro Leopoldo, na Grande BH

Por Maria Lúcia Gontijo, g1 Minas

A Justiça proibiu participações de animais em rodeio na cidade de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A participação estava programada para sexta-feira (10) e sábado (11). A organização do evento já recorreu da decisão. A decisão é do juiz da comarca da cidade, Leonardo Guimarães Moreira. Ele deferiu uma tutela provisória de urgência e determinou que a empresa Pedro Leopoldo Rodeio Show Ltda. não explore na programação do evento equinos e bovinos.
A Associação Civil Princípio Animal ajuizou uma ação civil pública, alegando que, durante a 17ª edição do Pedro Leopoldo Rodeio Show, a ser realizada no Parque de Exposições Assis Chateaubriand, estava prevista a prática de rodeio, o que provocaria maus-tratos a animais.
Segundo os autos, o rodeio prevê as chamadas “montaria em touros” e “prova de três tambores”, o que expõe os animais a sofrimento, sobretudo devido à utilização de sedém — corda amarrada à virilha de cavalos, touros e bois.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a Pedro Leopoldo Rodeio Show alegou que irá adotar procedimentos exigidos por lei para dar “tratabilidade aos animais envolvidos no evento”. Informou que possui contrato com uma empresa que prestará serviço médico no evento, contando com uma equipe de três médicos e quatro enfermeiros, além de ambulância com UTI móvel.
Disse ainda que os apetrechos técnicos utilizados pelos competidores, tanto no rodeio quanto da prova dos três tambores, não causariam ferimentos aos animais.
Após análise da documentação e pesquisa sobre o tema, o magistrado afirmou ter se convencido de que a prática do rodeio e da prova de tambor é nociva aos animais.
“Conforme demonstrado nos laudos, a utilização do sedém provoca tortura, dor, sofrimento e martírio aos animais, pois comprimem a região onde se alojam o intestino e o pênis; as esporas, por sua vez, ainda que de forma arredondada, quando golpeadas de forma brutal na região do pescoço e do baixo ventre, como ocorre nos rodeios, provocam lesões contusas, dor e sofrimento”, afirmou, na decisão.
Moreira ainda disse que “todas essas atividades, que decorrem da manifestação cultural do rodeio, configuram crueldade e maus-tratos aos animais envolvidos e, desta forma, encontram vedação pelo constituinte originário para a sua realização, nos termos do art. 225, §1º, VII da Constituição da República”.
Os demais espetáculos já previstos no evento, como o show dos artistas, não terão alteração, segundo a decisão.
A reportagem entrou em contato com a organização do evento, que enviou o seguinte posicionamento:
“A equipe do Pedro Leopoldo Rodeio Show informa que trabalha respeitando todas as determinações legais e que já recorreu da decisão que impede a realização das provas de rodeio.
É importante ressaltar que todos os animais que participam do evento são acompanhados por uma equipe comandada por uma veterinária e que o bem-estar dos mesmos é a prioridade de todos os profissionais envolvidos na iniciativa.”

Cobra, tarântula, escorpião e outros animais são apreendidos dentro de ônibus na rodoviária de Palmas


Cerca de 40 animais silvestres foram resgatados pela Polícia Militar Ambiental, sendo que 28 estavam mortos.
Cerca de 40 animais silvestres foram apreendidos pela Polícia Militar Ambiental dentro de um ônibus interestadual, na manhã desta quarta-feira (8), na rodoviária de Palmas. Dentre os bichos, havia cobra, escorpiões, jabutis, aranhas, lagartos e 40 frascos de ovos de tarântula.
A PM disse que 28 dos animais estavam mortos no momento da abordagem. O ônibus havia saído de Belém (PA) com direção a São Paulo (SP), mas o destinatário não pegou a encomenda na rodoviária.
A carga continuou no bagageiro do ônibus e estava retornando para Belém, quando passageiros e funcionários sentiram um forte odor, acharam estranho e acionaram a Polícia Militar.

Chuvas em Recife: situação crítica de animais em enchente


Desde a madrugada de sábado (28), os efeitos das fortes chuvas na Grande Recife (PE) causaram quase 100 mortes e diversas zonas de alagamentos. Infelizmente, a tragédia não vitimou apenas moradores humanos. Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, é possível ver como os canis têm sofrido com as consequências do temporal.

Instituto Pró-Animaé um dos canis que aparecem no registro. Rose Cavalcanti, a fundadora da ONG, ficou assustada ao ver a área alagada ainda no final de semana. “Nós temos este espaço há 3 anos e o nível de água nunca subiu tanto quanto dessa vez. Haviam goteiras por toda a casa, estamos há 5 dias nessa agonia. A necessidade de sair daqui é gigante, mas não temos para onde ir. Nós possuímos um terreno próprio em São Lourenço da Mata (PE), mas não temos condições financeiras para finalizar a construção neste momento”, relata.

Pacientes com varíola devem evitar contato com alguns animais de estimação


Os pacientes com varíola devem evitar qualquer contato com seus animais de estimação por 21 dias, de acordo com novos conselhos da UKHSA (Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido).
Roedores como hamsters podem ser particularmente suscetíveis à doença e a preocupação é que ela possa se espalhar na população animal.
O governo britânico afirmou que, por enquanto, nenhum caso foi detectado em animais de estimação e o risco ainda é baixo.
“A preocupação é que o vírus possa entrar em animais domésticos e essencialmente fazer pingue-pongue entre eles e humanos”, disse o professor Lawrence Young, virologista da Universidade de Warwick.
“Se você não for cuidadoso, pode criar um reservatório animal para a doença que pode resultar na propagação de volta aos humanos, e estaremos em um ciclo de infecção”.
A orientação do UKHSA e de outras autoridades de saúde é que porquinhos-da-índia, ratos, camundongos e outros roedores de estimação sejam afastados da casa de qualquer pessoa infectada com varíola dos macacos por 21 dias e sejam testados para a doença.
Acredita-se que existam dois milhões de lares no Reino Unido com algum tipo de roedor de estimação, de acordo com dados de vendas.
Outros animais de estimação, como cães e gatos, devem ser colocados em isolamento domiciliar com exames veterinários regulares para “garantir que não estão manifestando nenhum sinal clínico”.
O Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (Defra) do Reino Unido aconselha que “sempre que possível” o paciente deve evitar preparar alimentos ou cuidar de seu animal de estimação se isso puder ser feito por outra pessoa da casa.
“Continuaremos monitorando a situação de perto e trabalhando com colegas veterinários e de saúde pública, tanto no Reino Unido quanto em todo o mundo, para gerenciar os riscos associados à saúde animal com a varíola dos macacos”, disse a diretora veterinária da Inglaterra, Christine Middlemiss.
Risco do reservatório
Conselhos publicados pelo Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC) nesta semana recomendam que os animais de estimação roedores pertencentes a pacientes com varíola dos macacos deveriam “idealmente” ser isolados em instalações monitoradas e testados para a doença antes do término do período de quarentena.
Os animais só devem ser sacrificados como último recurso em situações em que o isolamento não seja viável, diz o documento.
Animais de estimação maiores, como cães, podem ficar em quarentena em casa com verificações regulares de seu estado de saúde.
Os cientistas dizem que pouco se sabe atualmente sobre como a varíola dos macacos pode se comportar na população de animais domésticos.
Mas os roedores e uma espécie particular de esquilo provavelmente serão capazes de pegar e espalhar a doença com mais facilidade do que os humanos.
O ECDC diz que um evento de “transferência”, em que um humano infecta um animal de estimação, pode levar o vírus a se estabelecer na vida selvagem europeia, embora descreva o risco como “muito baixo”.
A preocupação é que a varíola possa se tornar o que é conhecido como zoonoses endêmicas, onde uma doença salta entre as espécies animais e está constantemente presente nessa nova população.

Abandono de animais cresceu 250% no último ano no Rio


Casos aumentaram durante a pandemia, segundo a Comissão de Direito dos Animais da Câmara do Rio
Por Marcella Sobral — Rio de Janeiro

Cão da raça Bull Terrier

Pirilo é um bull terrier de aproximadamente cinco anos. Um cachorro de raça, que chega a custar até R$ 7 mil num canil especializado. Só que, em maio do ano passado, ele foi largado na rua com graves problemas de saúde, quase entrando em sepse (por infecção generalizada).
Essa é apenas uma das muitas histórias de abandono de animais na cidade, drama que registrou um aumento de quase 250% no último ano, de acordo com a Comissão de Direitos dos Animais da Câmara dos Vereadores do Rio. Em abril, esse número cresceu ainda mais, chegando a 357% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Resgatado pela ONG Paraíso dos Focinhos, após passar por um tratamento de seis meses que custou cerca de R$ 9 mil, ele é um cão saudável, dócil e à procura de um lar. Cuidando de aproximadamente 500 animais, entre cães, gatos e cavalos, a instituição dispensa identificação nos muros e portas de seus três sítios para evitar que novos animais sejam deixados por lá.
— O Pirilo é um dos muitos casos de cães de raça abandonados depois de ficarem doentes que a ONG recebe diariamente. Gastam na compra do animal e não querem gastar no seu tratamento. Preferem abandonar — diz Hanri Soares, presidente da Paraíso dos Focinhos, que percebeu um aumento de 40% nos pedidos de resgate de um ano para cá: — Na pandemia, esse número cresceu vertiginosamente. Recebemos, por dia, uma média de 35 pedidos de resgate, mas conseguimos atender no máximo cinco por semana devido aos altos custos. Somente de ração, são R$ 46 mil por mês.
Com 2.200 animais, a Sociedade União Internacional Protetora dos Animais, a Suipa, é outra entidade que não tem mais condições de receber novos bichos. Mesmo assim, é comum as pessoas deixarem animais amarrados em postes próximos da ONG.
Em abril, no dia do jogo entre o Flamengo e o Palmeiras pela Libertadores, foi preciso abrir uma exceção: uma vira-latas foi abandonada na porta da instituição com uma das patas decepada, ainda sangrando. A hemorragia foi estancada em uma cirurgia de emergência. A cadela recebeu todo o tratamento, e está lá até hoje. Como o time de São Paulo venceu a partida, ela recebeu o nome de Palmirinha e também aguarda por um tutor.
As pessoas abandonam animais por má-fé, falta de condições financeiras para arcar com os custos ou como um pedido de ajuda, como em casos de atropelamento, por exemplo — acredita Marcelo Marques, presidente da Suipa, que registrou um aumento de 40% nos abandonos desde o início do ano: — As adoções subiram um pouco no início da pandemia mas, com a flexibilização, as pessoas passaram a abandonar os animais como se fossem objetos. Tivemos meses de receber 70 animais, mais que o dobro da média mensal de adoções, de 30.
Uma outra desculpa para defenestrar um cachorro da vida doméstica é a expectativa em relação ao comportamento do animal, comprado ou adotado. Ainda que algumas raças sejam de charme irresistível ou estejam na crista da onda, nem sempre a vida real é tão tranquila quanto nas redes sociais. O resultado é frustração e abandono.
Abandono é considerado crime de maus-tratos no Brasil, com punição que vai de multa e perda da guarda do animal a prisão. A legislação também prevê pena de detenção de três meses a um ano e multa para quem pratica violência contra animais.

Venda de cães e gatos será proibida nos EUA e na França


A venda de cães e gatos já vem sendo barrada em várias cidades e, agora, Dallas, localizada no Texas (EUA) também entrou no rol. Nesta semana, a “Dallas Humane Pet Store Ordinance”, proposta realizada em janeiro de 2021, foi, finalmente, aprovada pelo Comitê do Conselho da Cidade de Dallas. A ideia do projeto é vetar a venda de cachorros e felinos nas lojas locais e incentivar os resgates e adoção de pets.
A lei entrará em vigor no mês de novembro deste ano. A iniciativa promete reduzir a quantidade de animais abandonados, promover o bem-estar e prevenir doenças causadas pela falta de cuidado com os peludos. De acordo com um comunicado de Karen Froehlich, presidente de um centro de cuidado animal do estado, apenas em Dallas há mais de 1 mil bichos vivendo em abrigos, na espera de uma nova família.
A iniciativa é uma nova chance de mudar o atual cenário da cidade e do estado do Texas. Além disso, acaba promovendo a proteção animal em um cenário amplo, o que pode encorajar outras cidades a fazerem o mesmo.


Venda de cães e gatos será proibida nos pet shops da França
França proíbe a venda de cachorros e gatos em pet shops e cria política de proteção mais rígida para animais silvestres
No mês de novembro o parlamento francês adotou o projeto de lei contra o crime de maus-tratos aos animais, proibindo a venda de cachorros e gatos nos pet shops e a presença de animais selvagens em circos e aquários. Segundo Julien Denormandie, ministro francês da agricultura, os animais não são nem brinquedos, nem mercadorias, nem produtos de consumo.
Com essa lei, o país promete reduzir significativamente as taxas de abandono, maus-tratos e procriação nos cativeiros. De acordo com a Connexion France, metade da população tem pelo menos um pet e cerca de 100 mil são abandonados a cada ano. Esse número coloca a saúde e o bem-estar dos pets e dos próprios cidadãos em risco.
Por isso, a partir de 1º de janeiro de 2024, a venda de gatos e cachorros será considerada ilegal. Sobre os animais selvagens, em dois anos será proibido expô-los a situações de shows, como circos e eventos, e em 2028 já não será mais aceito em cativeiros.

Uma nova realidade da pandemia no Brasil: animais selvagens infectados com coronavírus

Em entrevista ao GLOBO, o veterinário Alexander Biondo explica que o alastramento mostra que a vigilância tem que se intensificar para evitar o surgimento de novas cepas
Por Ana Lucia Azevedo — Rio de Janeiro

O tamanduá-bandeira, o peixe-boi marinho e uma espécie de macaco do Cerrado e da Amazônia se somam à lista de animais com infecção confirmada pelo Sars-CoV-2. A infecção de animais das três espécies no Brasil revela que o coronavírus se espalhou no país de forma ainda mais espantosa do que a estimada, chegando a espécies selvagens, sem contato muito próximo do ser humano. O alastramento entre animais evidencia que a vigilância da pandemia precisa se intensificar e ampliar para evitar que o vírus encontre novos reservatórios e hospedeiros que propiciem o surgimento de surtos e variantes, alerta Alexander Biondo, professor titular de zoonoses do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Pioneiro na identificação de pets infectados pelo Sars-CoV-2 no Brasil, Biondo liderou o PetCovid-19, o maior estudo já realizado no país para investigar a Covid-19 em cães e gatos e seus desdobramentos para a saúde humana. Ele coordena na UFPR um projeto que almeja vacinar contra a Covid-19 cerca de 80 animais silvestres, numa parceria com o Zoológico Municipal de Curitiba.


Como foi a descoberta do tamanduá-bandeira e do macaco infectados?
Ambas as infecções foram identificadas no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Mato Grosso, pela equipe da professora Valeria Dutra. O hospital atende a animais silvestres e tanto o macaco (um sangui-de-cauda-preta Mico melanurus) quanto o tamanduá foram atropelados na região de Cuiabá e encaminhados para lá. A infecção pelo Sars-CoV-2 foi detectada pelo teste de RT-PCR, que se tornou rotina para os animais atendidos lá.

Esses animais morreram de Covid-19?
Não e não há sinais da doença. Eles morreram em função das lesões sofridas pelo atropelamento. Os casos aconteceram em janeiro deste ano. Só sabemos que foram infectados, mas não sabemos como nem quando contraíram o vírus, já que eram de espécies silvestres, sem contato com o ser humano.
E os peixes-boi?
A infecção de peixes-boi foi constatada em animais monitorados pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos, do ICMBio, na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco. Dois animais positivaram para o Sars-COV-2 no exame de RT-PCR, mas eles não apresentaram sintomas. Os casos são de novembro de 2020, mas a publicação científica só ocorreu este ano.
O macaco, o tamanduá e o peixe-boi ainda nem fazem parte da lista da Organização Mundial para a Saúde Animal (OIE), que relaciona 20 espécies em 35 países, incluindo o Brasil.

O quão disseminado o coronavírus Sars-CoV-2 está entre os animais?
Provavelmente, ainda muito mais do que identificamos. A gente só não encontra em mais espécies porque não procura. Veja que o tamanduá e o macaco foram descobertos por acaso, porque foram atropelados e atendidos numa instituição de pesquisa.
E o que esse espalhamento significa?
Ele mostra a impressionante capacidade de infecção desse coronavírus. Há desdobramentos, além do risco para a saúde animal. Trabalhamos com o conceito de saúde única. Não existe saúde humana sem saúde animal. Animais podem se tornar reservatórios e transmitir a doenças para seres humanos. Na Europa, houve casos prováveis de infecção de seres humanos em fazendas de visons que, por sua vez, contraíram o vírus de seus tratadores. Aumenta também o risco de surgimento de novas variantes e surtos.
E qual o impacto na investigação sobre a origem da Covid-19?
A mais provável origem do Sars-CoV-2 é que ele veio de morcegos e, após sofrer mutações num hospedeiro intermediário, passou a atacar seres humanos. Mas, com tantas espécies afetadas, pode ser que jamais descubramos qual animal serviu de hospedeiro intermediário. E essa é uma informação fundamental para compreender como o vírus evolui e se adapta ao ser humano.
Qual o risco do Sars-CoV-2 para os animais?
Se houver transmissão de animal para animal, algumas espécies serão colocadas em risco. Por enquanto, o risco de transmissão permanece baixo.
E qual a vulnerabilidade dos animais?
Sabemos pouco sobre isso. Ela varia de uma espécie para outra. Cães e gatos podem ser infectados por meio do contato com o tutor. Nosso estudo na UFPR mostrou que cerca de 15% dos animais que tiveram contato com um tutor positivo foram infectados. Mas não há qualquer evidência de transmissão de cães e gatos para humanos. E tampouco casos de morte desses animais no Brasil e somente alguns relatos não confirmados no mundo. Sabemos, porém, que os cães parecem ser ainda mais resistentes do que os gatos.
E o risco para os animais de criação?
Também parece muito pequeno. Os suínos são extremamente resistentes e os bovinos também se mostram pouco suscetíveis. As aves também não se mostram vulneráveis.
E nos animais silvestres?
Há uma grande variação. O gato doméstico não é muito suscetível, mas espécies de felinos selvagens, como o tigre, o leão e, principalmente, o leopardo-da-neve são vulneráveis, inclusive morrem de Covid-19. Mas nada sabemos sobre nossas onças.
E os primatas não-humanos?
Também varia entre espécies. Aparentemente, podem contrair o Sars-CoV-2, mas não desenvolvem a Covid-19.
Quais as espécies mais vulneráveis?
Parecem ser os mustelídeos, grupo que inclui lontras, ariranhas, iraras, furões e o vison. Eles não apenas contraem o vírus quanto podem morrer de Covid-19.
Outros animais causam preocupação?
Sim. Há fortes indícios de que os veados-de-rabo-branco, comuns nos EUA, contraem com facilidade o vírus, centenas testaram positivo. Porém, não adoecem e sequer há evidência de que possam transmitir.
Como proteger os animais?
Da mesma forma que protegemos os seres humanos, com vacinas. A imunização é fundamental para proteger, sobretudo, a nossa fauna silvestre. Precisamos estar prontos para qualquer surto e não passivamente esperar que aconteça.
Por que a silvestre?
Porque são os animais selvagens que têm se mostrado vulneráveis. Cães e gatos podem ser eventualmente infectados, mas não são vulneráveis à Covid-19 nem há quaisquer sinais que transmitam o vírus a seres humanos. O mesmo pode ser dito, ao menos por ora, sobre os animais de criação. Defendemos a vacinação em zoos porque neles os animais silvestres estão em contato com pessoas e podemos avaliar controladamente a segurança e a eficiência da imunização.
Como é a vacina experimental que está sendo testada em zoos do EUA e do Chile?
Ela foi desenvolvida pelo laboratório americano Zoetis, que já produz vacinas contra outros coronavírus para animais. Ela pode ser aplicada em todas as espécies e tem se mostrado segura, mas precisamos avaliar sua inocuidade no Brasil.
Como será a vacinação no Brasil?
Temos um projeto conjunto com o zoo de Curitiba, de vacinar inicialmente 80 animais de três grupos: primatas não humanos (porque são os mais próximos do homem), mustelídeos (são os mais vulneráveis) e felinos (alguns se mostram suscetíveis). O Ministério da Agricultura (Mapa) já aprovou o uso experimental, mas o zoo ainda analisa questões de segurança.
Qual lição tiramos?
A vigilância em animais precisa ser regular e coordenada. Precisamos de busca ativa, monitoramento em todo o país. Principalmente em espécies estratégicas, como morcegos, animais silvestres de grupos vulneráveis, animais domésticos e de criação. É um perigo muito grande arriscar deixar o vírus criar reservatórios silvestres.

Organizadores de vaquejada são detidos


Segundo o TJ, prefeitura e haras responsável pelo evento, organizadores de vaquejada não cumpriram as determinações legais e administrativas para a realização das atividades em Angatuba (SP).
Quatro organizadores da “1ª Grande Vaquejada da Paz”, em Angatuba (SP), foram levados para a delegacia de Itapetininga na tarde deste domingo (8) por descumprirem a ordem judicial que proibiu a realização de provas com animais no evento.
A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) foi publicada neste sábado (7) e levou em consideração “o não cumprimento das determinações legais e administrativas para a realização do evento”.
Conforme o TJ, caso a ordem fosse descumprida, a prefeitura de Angatuba e a empresa que está promovendo o evento na cidade deveriam pagar uma multa diária de R$ 100 mil.
De acordo com a delegada Júlia Nunes Machado, a Polícia Civil foi até o local depois de receber denúncias de que as provas estavam sendo realizadas mesmo com a proibição, pois os organizadores teriam dito que preferiam pagar a multa estabelecida pelo TJ.
A polícia constatou que as provas com animais foram realizadas normalmente neste sábado (7) e na manhã de domingo (8), por isso, entrou na arena para suspender as atividades.
A advogada Antilia Reis, que representa a União Internacional Protetora dos Animais (UIPA) na ação contra o haras, explicou que a multa não é uma substituição da proibição judicial, mas sim uma coerção para fazer com que a ordem seja cumprida.
Por isso, neste domingo (8), a advogada informou a Justiça sobre o descumprimento da ordem e o TJ aumentou a multa diária para R$ 1 milhão, além de determinar a interdição imediata dos recintos e enquadrar os organizadores no delito de desobediência.
Com isso, os animais foram apreendidos no haras e ficaram sob responsabilidade da prefeitura. Além disso, foi apreendida uma câmera com imagens que comprovam a realização das provas.
O proprietário do haras não foi identificado pela Polícia Civil. Já os quatro organizadores foram autuados em flagrante pelo descumprimento da ordem judicial e levados à delegacia, onde foram ouvidos e liberados.

O que diz a prefeitura
Já a Prefeitura de Angatuba disse que a vaquejada é um evento particular organizado sem recursos públicos e foi autorizado porque a organização cumpriu todas as exigências no âmbito da lei municipal.
Ainda conforme a prefeitura, o município consultou o Ministério Público antes da abertura do evento, na sexta-feira (6), para saber se havia alguma proibição para a realização das provas, mas a decisão judicial ainda não tinha sido publicada.
De acordo com o município, assim que foi comunicado sobre a nova decisão no sábado, encaminhou o caso ao setor jurídico, que iniciou a elaboração do documento para suspensão do alvará.
A Prefeitura de Angatuba disse ainda que, neste domingo, a fiscal responsável foi até o local do evento para comunicar a suspensão do alvará e foi informada sobre a nova liminar, que determinou a apreensão dos animais.
Por isso, a prefeitura afirmou que a Guarda Municipal, secretário Jurídico e secretária do Meio Ambiente e Agricultura também foram até o local para assegurar que a liminar seja cumprida.
Irregularidades
O evento “1ª Grande Vaquejada da Paz” em Angatuba começou na sexta-feira (6) e seria realizado até domingo (8), promovendo shows artísticos e provas com animais, com R$ 46 mil em prêmios.
No entanto, parte das atividades foi proibida depois de uma ação civil pública movida pela União Internacional Protetora dos Animais (UIPA).